Luiz Henrique de Paula.

Mestre em Ciências da Educação.

Doutorando em Ciências da Educação.

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Resumo

O presente estudo tem como objetivo analisar a educação da família e o processo ensino aprendizagem proposto pelo Núcleo de Ensino Infantil Municipal (creche) no desenvolvimento da criança de 0 a 3 anos, com pais e professores em dois NEIMs.

Pensando que a família ainda é o melhor lugar para o desenvolvimento do ser humano, podemos ver que a mesma se utiliza de parcerias ou na verdade terceirizações para estabelecer o desenvolvimento educacional das crianças, e consideramos a escola como base desta terceirização. Os resultados ao final da pesquisa nos apresentaram uma posição diferente entre professores e família. O autor no decorrer da pesquisa não encontrou número suficiente de pais que educam seus filhos em casa durante a primeira infância.Vale ressaltar que a educação que as crianças recebem na NEIM (creche) é necessária, porém quando tem a participação dos pais esseprocesso ensino aprendizagem se desenvolve com muito mais fluidez e sucesso.

 

Palavra chave – Educação, família, professores, alunos, aprendizagem.

 

 

Introdução

 

            O processo de desenvolvimento da criança tem sido um dos temas levantados entre muitos livros, periódicos e entrevistas parece que nos últimos tempos temos nos preocupado com o processo de desenvolvimento e ensino aprendizagem de nossas crianças, o que é muito bom para termos cidadãos mais preparados, pois é na infância que somos formados para a construção da vida.

            Em virtude desta preocupação se faz necessário esta pesquisa que tem como objetivo analisar a educação da família e o processo ensino aprendizagem proposto pelo Núcleo de Ensino Infantil Municipal (creche) no desenvolvimento da criança de 0 a 3 anos.

            A criança no processo de desenvolvimento necessita de grande investimento de sua família. Segundo autores que dedicaram sua pesquisa as fases do desenvolvimento, como Piaget, Vygotsky e pesquisadores sobre a família como Tiba, Weschenfelder, De Paula, podemos perceber o quanto a família e a escola podem contribuir no desenvolvimento integral do ser humano. Por outro lado também vemos que as famílias tem terceirizado a educação de seus filhos para a escola, fazendo com que os professores tenham que assumir uma responsabilidade que não pertence a escola e sim a família.

Fechamos esse artigo com os dados obtidos pela pesquisa qualitativa de campo, a entrevista com professores e pais, pois entendemos ser este o melhor instrumento para desenvolvermos a pesquisa.

 

Metodologia

A proposta da pesquisa permite conhecer mais profundamente as reais situações que se encontram os professores e os familiares no processo ensino aprendizagem em dois Núcleo de Ensino Infantil Municipal (creches) e por consequência o resultado nas crianças de 0 a 3 anos, visto que é possível utilizar técnicas instrumentais que permitam o levantamento de dados, ou seja, para explicar melhor a utilização destas técnicas, GIL (2008), diz que o investigador pode desfrutar das “técnicas padronizadas de coleta de dados tais como: entrevistas, questionários e a observação sistemática”.

Com a intenção de se chegar aos resultados propostos nos objetivos da pesquisa, escolhemos uma enfoque qualitativo, isso porque este tipo de enfoque permite uma maior riqueza e expansão no que tange a interpretativa dos dados, além da subjetividade dos participantes, compreendendo assim a melhor interpretaçãodos fenômenos em seus contextos. Campoy (2016).

 

 

A educação da família como alicerce para o desenvolvimento do ser humano.

 

A família continua sendo a base para a construção de qualquer ser humano, pois o primeiro desenvolvimento do ser começa necessariamente na família de forma cognitiva, afetiva, comportamental, e como afirma VYGOTSKY (1996) o desenvolvimento da espécie passa pelo desenvolvimento social.Esse autor desenvolveu os mecanismos pelos quais a cultura é parte determinante da natureza de cada indivíduo ao demonstrar que as funções psicológicas são um produto da atividade cerebral. Explicou a mudança dos processos psicológicos em processos complexos dentro da história. Vygotsky nos demonstra o processo histórico-social e a função da linguagem no desenvolvimento de cada ser. Sua principal questão é a aquisição de conhecimentos pela interação do individuo com o meio em que vive. Vygotsky nos trouxe a visão de que o sujeito é interativo, pois adquire recursos a partir das relações interpessoais e intrapessoais, de troca com o meio, a essa proposta chamamos de mediação. (1996)

Através dos relacionamentos a criança vai adquirindo possibilidades de desenvolvimento saudável, o que a falta ou mesmo relacionamentos tóxicos podem prejudicar a criança em suas fases posteriores e até levar esse prejuízo para toda a vida.

Nos dias atuais, encontramos situações difíceis de resolverem, como à falta de relações entre pais e filhos, que não sabem como se relacionar e nem sua posição dentro da família, outro ponto para não acontecer as interações écomo cada um desenvolve o seu do dia-a-dia, muitos tem usam o trabalho, e outros afazeres, como desculpas para eles mesmos compensarem a ausência que está ocorrendo, quando os pais deveriam saber o quanto sua presença e valores fazem diferença no desenvolvimento de seu filho.

Com a saída do pai e da mãe de casa para o trabalho, os filhos perderam os referenciais e os limites, uma pesquisa feita pelo Datafolha (outubro 2007) demonstra que 68% dos filhos hoje crescem sem a presença dos pais. Segundo Tiba: Os pais necessitam estar mais ligados à questão do relacionamento familiar. Devem prestar mais atenção, que os filhos não exigem ação dos pais o tempo todo. Mas exigem, a cada tempo, um pouco. Por isso, vale apena atender no momento em que o filho solicita. (2006, p. 15) Todo ser humano saudável precisa de atenção e as crianças e os adolescentes precisam um pouco mais, pois devem sereducados, observados, ouvidos, amados, acompanhados, abraçados,  resumindo necessitam de disciplina e limites, para que no processo de crescimento não percam os limites, que é a situação atual dessas novas gerações devido ao distanciamento dos pais.

A autoridade mudou de lugar, hoje vemos crianças de 0 a 3 anos já mandando em seus pais, sem disciplina em uma sociedade que apoia a criança contra a disciplina dos pais. Sobre a disciplina o Dr. Tiba nos esclarece:“Disciplina não é a obediência cega às regras, como um adestramento, mas um aprendizado ético, para se saber fazer o que deve ser feito, independente da presença de outros.” (TIBA, 2006, p. 15)

Essa nova geração de pais não prepara os filhos para as frustrações, mas terceiriza o processo de educação. A terceirização saiu das empresas e entrou na educação das famílias. (DE PAULA 2018).

O trabalho dos pais precisa ser de investimento principalmente na primeira infância. filhos não necessitam só de alimentação, mas, de educação pois desta forma o reflexo dessa dedicação se perceberá no caráter das atitudes desses indivíduos quando estiverem no processo ensino aprendizagem e principalmente na fase adulta.

A instituição familiar que de acordo com Weschenfelder (2007, p.15) “pode ser uma instituição formadora de pessoas saudáveis ou por ouro lado uma formadora de seres inseguros e desiquilibrados além de terem o comportamento e relacionamentos comprometidos. Na instituição família,  o indivíduo tem um desenvolvimento em um protótipo da sociedade, o que mais tarde vai capacitá-lo pra viver uma imersão plena na sociedade maior quando esse sujeito estiver na fase adulta. Na família estão os recursos valiosos para o seu desenvolvimento intelectual, afetivo, social, moral e pessoal.

Para Weschenfeder,apresença das pessoas em casa, é o lugar mais perfeito de ensino aprendizagem do ser humano.Acontece dentro do ambiente e vivências familiaresuma transmissão de cultura e de experiências, pela qual se constrói a personalidade de um individuo,  também é na família que se criam condições de aprender e escolher entre o certo e o errado (2007, p.15).

É na família que o processo educacional começa desde os primeiros momentos da existência de um novo sujeito (a criançarecém-nascida). O compromisso da família, deve ser conduzir esse processo de ensino aprendizagem para que se construa a base para a educação.

Educar é uma tarefa processual e em algumas situações dentro desse processo, difíceis; principalmente em um mundo de tecnologias, com tantas mudançasacontecendo, educar é um desafio, porém necessário para a formação do ser humano saudável.

Precisamos entender que que a tarefa de educar ultrapassa os limites de formação dada por professores dentro das escolas, o que precisamos é de parcerias e não terceirizações, a família e a escola pode ser os grandes aliadosna formação integral do indivíduo, e para isso devemos fortalecer os vínculos dos pais e professores no processo formal de ensino aprendizagem das crianças.

 

 

O Processo Ensino Aprendizagem Proposto Pela Neim(Creche)e o Desenvolvimento da Criança de 0 A 3 Anos

 

Para ajudar na educação das crianças de 0 a 3 anos, a família conta com o auxílio da creche, que Mario Sergio Cortella em entrevista desenvolvendo o tema nos diz que:“não são os pais que ajudam a escola, mas a escola que ajuda os pais”, o papel principal na educação dos filhos pertence aos pais, a creche é uma instituição onde se desenvolveo ensino sistemático, podendo contar com profissionais capacitados, que irão ajudar no desenvolvimento e competências cognitivas. Segundo matéria da folha de São Paulo (2019) as creches até o final do ano vão necessitar ter currículo e propostas pedagógicas adaptados de acordo com o BNCC (Base Nacional Comum Curricular) tendo como o brincar a maior ferramenta para o conhecimento e desenvolvimento. Nessa proposta a creche muda suas práticas de cuidado, paraser desenvolvedora de processos cognitivos na primeira infância.

A NEIM deve valorizar muito as vivências e conhecimentos construídos pelas crianças no ambiente familiar e a fase que essa criança se encontra, para não dar além do que a criança precise causando estresse e desinteresse no processo educacional, o que importa nessa fase é a qualidade das experiências.

O ministério da saúde (2016) cita em suas diretrizes o autor Piaget que desenvolve quatro estágios ou períodos do desenvolvimento da criança: os estágios sensório-motor (0 a 2 anos), pré-operatório (2 a 7 anos), operatório concreto (7 a 11 anos) e operatório formal (12 em diante).  No estágio Sensório-motor (0 a 2 anos): é o período em que o bebê passa pelo processo adaptativo básico de estar tentando compreender o mundo que o cerca. Tem contato com informações e reage dentro do estágio sensório-motor e se acomoda baseando em experiências vividas. Podemos dar o exemplodessa etapa com o desenvolvimento da coordenação motora, a criança aprende a diferenciar os objetos do seu próprio corpo,seus pensamentos estão vinculado a tudo que é concreto. Suas habilidades vão se desenvolvendo de acordo com os estímulos e que lhe são oferecidos, além do processo de maturação do sistema nervoso central.

O brincar deve acontecer como o principal modo de expressão da criança e uma das atitudes mais importantes para que a criança se constitua como participante da cultura.Para WINNICOTT (1975) o brincar seria a evolução natural do uso que os bebês fazem dos objetos e fenômenos transicionais. Nas brincadeiras, as crianças investem conteúdos de seu mundo interno em objetos externos, fazendo, por exemplo, de um simples pedaço de madeira um guerreiro valente. A partir de então, já não existem o pequeno pedaço de madeira na realidade externa e nem a fantasia de guerreiro valente no mundo interno da criança. Ambos estão amalgamados em um objeto único ao mesmo tempo interno e externo, um objeto transicional.

A criança quando brinca, usa seus recursos para explorar o mundo, aumenta sua percepção sobre o ambiente e sobre si próprio, organiza o pensamento, e desenvolve seus afetos e sensibilidades. Entre 0 e 2 anos, os bebês praticam jogos pessoais, e descobrem novos objetos e imitam os gestos corporais e vocais de seus parceiros, colocando em ação asvárias condutas que desenvolvem diretamente suas potencialidades.Com isso, o professor deve desde o berçário, observar e registrar as ações das crianças no período das brincadeiras, isso ajudará a  propor desafios individualizados, de acordo com a idade e a situação. Outro ponto de extrema importância para a criança nessa fase é o controle e descobertas do corpo, os movimentos, os objetos transicionais, as expressões e a exploração dos cantinhos. Quando a creche desenvolve esses conhecimentos pode criar espaços intencionalmente organizados para que as crianças sejam desafiadas e motivadas desafios.

O Neim (creche) deve desenvolver também, partir dos 2 anos, as brincadeiras tradicionais, como as cirandas, e o faz de conta propiciando desenvolvimento cognitivo e aperfeiçoando significados e regras compartilhadas. Quando as crianças aprender a brincar de faz de conta ganham uma capacidade de análise aos diversos aspectos da vida cotidiana. A brincadeira do faz de conta pode propiciar a criança a capacidade do jogo simbólico, no campo da cultura e do social.Outro ponto essencial é o desenvolvimento que a creche deve proporcionar na criança de autonomia, o estímulo deve ser constante e progressivo, na creche, a criança deve aprender a desenvolver a sua própria segurança. O que esperamos no final da pré-escola é que essas crianças tenham hábitos regulares de higiene pessoal, controlem os esfíncteres, possam abandonar as fraldas e auxiliem o adulto a vesti-las. Esperamos que ao chegar no 2 e 3 anos, possam expressar suas preferências alimentares e já usem os talheres, não ponham a mão suja na boca, e saibam alguns perigos de manusear objetos pontiagudos, e já tenham capacidade de escolher o próprio conforto. Por isso, a creche deve cuidar como uma das prioridades da alimentação, da limpeza e organização da escola, o conforto dos ambientes, o aprender e trabalhar de forma coletiva. Podemos dizer que nossa sociedade se preocupa em que todos sejam educados e recebam um ensino de qualidade para que vivam o direito de receber e que é estatuído pela lei, onde toda escola deve proporcionar uma educação democrática, isto significa escola para todos, porém com parcerias que produzam o processo saudável de ensino aprendizagem.

 

 

O Relacionamento Família e Neim como Estratégia para o desenvolvimento da Criança De 0 A 3 Anos.

 

Pensar e desenvolver uma relação saudável entre a família e a escola, é necessária, não como terceirização mas como parceria, cada um cumprindo o seu papel sem procurar culpados, pois quem procura culpados acaba não encontrando solução, o grande propósito é de unirem-se para capacitar a criança, desenvolvendo soluções para os problemas que a criança apresenta, logo escola e família devem entender muito bem seus papéis e nunca tentar se colocar no lugar do outro.

Os educadores esperam uma participação maior da família, mas o que na maioria das vezes encontram é  uma presença imperceptível dessa família na escola, isso acontece como se a escola fosse a responsável por toda a educação da criança, e alguns profissionais se sentem exatamente detentores do saber, e não possibilitam a participação da família.A visão de Santos (2014) nos apresenta que a presença da família na escola só traz benefícios e proporciona a escola conhecer melhor seus alunos através das características e histórias desses familiares.Com a presença da parceria escola família podemos afirmar que a contribuição será mútua, pois todos serão capazes de perceber e avaliar qual a forma adequada para o currículo, para o PPP, além de saber proceder diante de  problemas que envolvem o alunado. Resumindo é preciso conhecer a família para compreender a realidade de vivência das pessoas, os valores, ambientes, relações de cada localidade para então estabelecer  a melhor forma de educar em parceria.

Ter os familiares na escola é fazer entender o real papel da escola na vida de das crianças, e a responsabilidade de cada um como parceiros. Acontece com muita frequência, uma inversão de papeis entre família e escola, a família começa a se preocupar com os conteúdos  ensinados na escola e que realmente necessitam ser repassados em forma de tarefas em casa, essas tarefas e trabalhos acabam ocupando muito tempo que poderia ser investido com a educação de seus filhos, e as escolas acabam ensinando valores e comportamentos dos alunos, ensinando como de socializar, entre outros, e acaba não tendo tempo para mergulhar no desenvolvimento intelectual dos seus alunos. Quanto a isso, Malavazi (2000) expressa sua visão,as tarefas que são específicas da família devem ser desenvolvidas pelas famílias, enquanto as outras tarefas e trabalhos devem ser desenvolvidos e avaliados pela escola. Essas chamadas de atualizações sociais que acontecem na família e na escola de tempos em temposacabam trocando de lugar os papéis e as atribuições de cada um. A situação ainda pode piorar quando alguns pais e/ou responsáveis não tomam suas posições de responsabilidade e acabam com ironia em relação às  crianças, até mesmo quando estão doentes ou com mau comportamento,o que parece é que os pais não sabem mais o que fazer com seu filhos, e querem que a escola assuma toda a responsabilidade. O que deve ser cultivado aqui é o trabalho em parceria. O ensino-aprendizagem se desenvolve com fluidez no processo de interação: escola/família/aluno. Nesse contexto, Santos (2014, p. 22) nos fala que: Quando se pensa no processo de educação, precisamos desenvolver propostas educacionais voltadas para a seriedade da educação, de maneira responsável e com propósitos voltados para a participação efetiva da família como parceira, pois sabe-se que por melhor que a escola seja, e por mais capacitados que sejam sua equipe pedagógica, haverão erros. Pensando nisso se faz necessário à participação constante da família no processo de ensino aprendizagem da criança.

 Muitas profissionais estão tão cansados por tarefas extra classes que acabam deixando de lado os projetos, sendo que é responsabilidade dos professores com o gestor desenvolverem, já que são especializados na área de educação. Essa situação é tão séria que quando conversarmos com duas professoras, perguntamos se a escola já tinha desenvolvido um projeto, que contribua com o relacionamento família e escola elas falaram: “não temos motivação, nem o apoio das famílias que só despejam seus filhos e querem cobrar resultados”. Isso dificulta ainda mais essa possibilidade de interação,

O relacionamento entre escola e família, é complexo, e normalmente passa por alguns conflitos. Portanto, os educadores  devem sempre buscar uma relação de parceria, já que, o grande objetivo é a qualidade do ensino. O autor CAETANO, (2009, p.54), nos diz que é preciso que a escola desenvolva uma comunicação objetiva e adequada na informação da família sobre o desenvolvimento de suas competências, seus investimentos, erros e acertos, dificuldades que o aluno tem apresentado no tempo de aprendizado, informar também sobre o planejamento pedagógico e o Projeto Político Pedagógico.

Nosso objetivo quando fazemos qualquer atividade deve ser promover o entrosamento dos professores, diretores e demais atores da educação com os pais. Esse objetivo promovera os alunos a que se desenvolvam e construam pessoalmente a continuidade da vida social. A escola e a Família tem um papel importante na formação do individuo e do futuro cidadão, por isso devemos sempre buscar a melhor forma de interação. (SZYMANZKI, 2009, p.98). Devemos sempre planejar para que todos estejam envolvidos e que nossas reuniões sejam marcadas em um horário onde todos estejam, ou pelo menos a maioria, e que a pauta para o diálogo não seja só de informações acerca do aluno, mas projetos, dinâmicas, que estabeleça envolvimento de toda a comunidade escolar, os profissionais da instituição devem providenciar recursos para saberem com qual comunidade a escola esta inserida, equais atividades venham ser criadas para melhor atender as necessidades existentes, respeitando sempre os valores, organização, crença, sentimentos que cada famílias tem, o objetivo é quebrar paradigmas que sejam impedimento para uma relação de unidade entre família e escola pois nenhuma instituição alcançara seus objetivos sozinha.

            A função da escola é diferente da função dos  pais. (CAETANO, 2009, p. 19) Os pais precisam saber de suas atitudes e conceitos, pois nossos filhos necessitam da educação para quando chegarem à escola possa respeitar os professores, os colegas de sala de aula, a equipe gestora, enfim todos que participam do processo ensino aprendizagem, sendo assim a escola conseguirá cumprir com seus objetivos, que é ajudar no desenvolvimento dos saberes, ampliar, sistematizar e tornar possível a todos.

 

Resultado da Análise e interpretação de Dados

Foram entrevistados 10 professores e 10 pais de alunos em dois Núcleos de ensino infantil Municipal. NEIM

O processo que seguido para alcançar as categorias foram as seguintes:

1º Leitura minuciosa e análise das entrevistas obtidas;

2º Agrupamentos das informações obtidas por meio do instrumento da pesquisa em função de um eixo temático comum;

3º Definir cada categoria.

Fruto desse trabalho temos as seguintes categorias:

 

  1. Entrevistas com os Professores:

 

  • Desenvolvimento estimulado pela Família e pela Creche.

Através dessa análise percebemos que professores tem uma visão diferente dos pais quanto ao estimulo dado as crianças. Os pais acreditam que estão dando tudo para o desenvolvimento e educação de seus filhos e os professores reclamam que não tem apoio, praticamente nenhum dos familiares, que cobram muito e não comparecem com apoio que seus filhos precisam para se desenvolver. Os professores tentam desenvolver a autonomia, socialização, afetividade, limites e independência das crianças, mas que por outro lado acabam tendo que se preocupar com várias outras atividades que o pedagógico fica prejudicado, além de falarem que os pais não participam do desenvolvimento das crianças, muitos nem olham as cadernetas e não auxiliam seus filhos nas atividades estabelecidas pela professora. A impressão do pesquisador durante a entrevista é que a maioria dos pais tem a escola como um depósito onde a criança vai ficar segura e cuidada por um tempo.

  • Quais as maiores dificuldades na educação das crianças de 0 a 3 anos.

A maior dificuldade segundo os professores é o número de crianças na sala, a falta da participação da família, os pais não estimulam as crianças disseram a maioria dos professores porque dá trabalho, a falta de limites e de obediência com que as crianças chegam, com isso os professores tem muita dificuldade de estabelecer regras. Outro ponto é que os professores sentem-se sozinhos em muitos casos sem apoio da direção. Podemos resumir na palavra Disciplina onde os professores acreditam aprender essa prática em casa, o que não acontece na grande maioria das crianças. Percebemos que a maioria dos problemas relatados não são de ordem pedagógica e sim o aprendizado que vem da família. Sem contar com o número grandioso de crianças nas salas.

  • Que tipo de educação a Creche deveriam Prover.

Em todas as respostas dos professores a creche deveria prover o ensino pedagógico e não o de valores, mas pela falta da educação dos pais os professores acabam ensinado os valores pois o que acontece é que as crianças passam mais tempo na creche do que em qualquer outro lugar. Todos os professores pesquisados responderam que o ensino da família não deveria ser feito pelos professores, mas na prática é exatamente isso que acontece.

  • Que tipo de apoio o professor tem quando a família é Ausente.

Nesse ponto sentimos alguma dificuldade da resposta dos professores, alguns falaram sobre buscar promover diálogo. Dois professores falaram sobre buscar apoio na equipe gestora, mas a maioria respondeu que não existe apoio e que cada professor deve buscar soluções individualmente.

  • Sugestões para a melhoria da educação das crianças de 0 a 3 anos.

Começamos com um investimento maior da parte do governo tanto nos equipamentos como nos profissionais, fazer com que a comunidade esteja na escola principalmente os pais se sentirem parte no processo ensino aprendizagem de seus filhos. Também trazer palestras, pesquisas, adaptação do currículo essas ações podem contribuir e muito para melhor a qualidade do ensino. Outro ponto foi o de reduzir a carga horária das crianças para meio período, conscientizando os pais da importância da educação infantil e de seu tempo de investimento na vida de seus filhos.

 

  1. Entrevista com os pais.

 

  • Que tipo de educação você desenvolve com seu filho?

Dois pais disseram que que sua educação é a melhor possível dentro do tempo disponível, pois acredita que a educação é tudo na vida, a maioria dos pais disseram que a educação  que eles dão em casa para os filhos é a de ensinar valores e que seus filhos precisam aprender a respeitar o próximo, dois deles também falaram que firmam o ensino dado pela escola através das atividades que os professores enviam.

 

  • Que tipo de educação você espera da creche.

Os pais apresentaram nessa resposta uma dificuldade de responder, pois estavam confusos entre a educação pedagógica e a de valores, alguns a a socialização e o respeito, mas a grande maioria respondeu que deveria ser valores e pedagógico, essa resposta demonstra a dificuldade que os pais tem ou a tendência dessas novas gerações de pais quanto a educação que deve ser dada as crianças.

 

  • Você participa da educação do seu filho na Creche?

Três paisdisseram participar da educação de seu filho na creche através de

 eventos e sempre em contato com a professora.

Três pais disseram participar da educação de seu filho através da presença nas reuniões e também em comunicação com a professora ajudando no que precisar ou for solicitado.

Quatro pais disseram também participar da educação de seu filho através da presença na escola, participação em reuniões e comunicação com as professoras e a direção da creche, estão sempre a disposição pois acreditam que devem estar mais perto nessa fase de desenvolvimento da criança.

 

  • Você tem apoio na educação do seu filho?

A maioria dos mães responderam que seu maior apoio é da professora e as vezes dos

avós, o marido esta trabalhando normalmente e não consegue ajudar na educação do filho, só no sustento. Duas mães responderam que tem que fazer tudo sozinha, pois não tem ajuda de ninguém. Outro ponto observado nessa pergunta é que as mães por não ter ajuda acabam levando seus filhos mesmo doentes para a escola, a observação dos professores é que os pais não estão muito preocupados com as crianças, mas pelo contrário acabam fazendo da escola a verdadeira casa da criança, e os professores os verdadeiros pais.

 

  • Se você pudesse escolher colocaria seu filho na Creche?

            A maioria das mães responderam que colocaria seu filho na creche a partir de um ano, um ano e meio, mas não tem opção precisa deixar a criança na creche para fazer suas atividades de trabalho. Duas mães disseram que acreditam na parceria da família e a creche mais colocaria meio período a partir dos dois anos.Uma mãe disse que colocaria a partir dos seis meses pois a escola ajuda no desenvolvimento da criança.

 

 

Conclusão

            Podemos concluir que a família e os professores não estão falando a mesma coisa, pois, a pesquisa nos demonstrou que os pais e nesse caso as mães pois não encontramos na pesquisa nenhum pai, pensam que a escola é essencial na vida das crianças, mas que nessa fase de 0 a 3 anos os pais não tem noção da importância do ensino aprendizagem, outro ponto é que as mães pensam estar fazendo o que é necessário para contribuir no processo ensino aprendizagem de seu filho, mas que os professores afirmam ser essa uma ideia fantasiosa, pois os professores acabam tendo que fazer o papel da família no desenvolvimento e educação das crianças, o que muitas vezes os impede de ensinar o que o currículo exige.

            A criança precisa de educação de valores proporcionado pelo pai e também pela mãe, apesar de não encontrarmos a presença do pai. Outro ponto que pudemos concluiré que seria importante os pais colocarem as crianças na creche a partir dos dois anos e que fosse meio período no início, e quando necessário o período integral depois de um tempo.

            Conseguimos perceber que as mães não contam com apoio no quesito educação, em pouquíssimos casos, as vezes, a ajuda do pai, e da avó.

            Os professores se sentem sozinhos nesse processo ensino aprendizagem. Os docentes precisam buscar saídas sozinhos pois na maioria dos casos estão sem o apoio da família e sem a ajuda dos gestores.

            Educar exige investimento, presença, participação e parcerias, por isso podemos concluir que a escola ainda é a maior aliada dos pais nesse processo ensino aprendizagem, podemos sempre dizer aliada.

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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