A DOR DE QUEM MATA OU MORRE PELA PAIXÃO

Amar sem ser correspondido é coisa difícil. O camarada faz de tudo para que seu bem amado veja que ele existe. Tem hora que dá certo, por que havendo uma compensação dar-se um jeito. Mas na hora que ela acha que já e hora de partir, que prefere a liberdade de poder escolher a quem amar, não tem como remediar. Tem que sofrer meu cara. É preciso admitir que não tem contra quem lutar. Você foi rejeitado meu chapa. Pode chorar. Todo mundo te disse que ela não era para você, mas pegaste no fio de esperança. A esperança nunca morre. Todavia, o nome dela era desilusão, e esta mata, ou morre. Meu camarada! Não devia ter lhe aceitada de volta. Já era a décima vez que a malvada tinha te deixado com o coração em frangalhos. Ela ficaria mais um tempo, a esperança para você reapareceria. E depois? Estava escrito. Iria novamente embora. Ela passou a noite fora e você quase não dormiu. Onde ela estará? Aquela ingrata foi se encontrar com outro? Já é manha e ela chega, trás um litro de cachaça e uma porção de miúdos de frango. É melhor não perguntar, ela passou na feira. Hoje e sábado, dia de feira. O vinho foi aberto e você e ela se entregam ao prazer dado pela bebida. Ela frita os miúdos de frango, que servem como aperitivo. A coisa esquenta e você coloca na vitrola um disco de Amado Batista. A musica dizia: Princesa! Quando eu te vi pela primeira vez eu tremi todo... eu tremi todo. O ninho do amor esta pronto e você esquece que ela passara a noite anterior com outro. O que te interessava era que seu amor estava ali, era real. Você se entregou mais uma vez. E impossível repelir a quem se ama. Vai até a vitrola e troca o disco. A musica do Calcinha Preta dizia: “Não tenho culpa desse amor acontecer, foi você quem quis assim. Sem você eu vou ficar na solidão e magoar meu coração...” Ela continua na cama com aquelas risadas de quem se entregou ao álcool. Volta aqui meu benzinho... meu amorzinho... meu chifrudinho. Você não gosta do ultimo adjetivo, mas volta ate a mulher. Você vê um "chupão" entre os seios dela. O sangue ferve e você pergunta que marca era aquela. Queimado de cigarro e a justificação. Você não acredita e aguenta o fogo abafado. As risadas continuam. Na sala a musica diz: “... Olha meu amor eu não posso aguentar a maior desilusão é querer ter não conseguir. Passa-te pela cabeça o Fagner: “...  “Não sei porquê insisto tanto em te querer se você sempre faz de mim o que bem quer...” .Você não suporta e volta a pedir explicação sobre a marca roxa. Ela volta a falar que você é o chifrudinho de quem ela gosta; que você é o que melhor lhe entende. Puxa vida! Ela não poderia ter dito aquilo. A mulher acabara de zoar com a cara dele. Você é legal, mas na cama bom mesmo é o Ricardão. A panela de pressão explode e você vai até ao local onde guarda as ferramentas de pedreiro. Lança mão da marreta de um quilo e vem com o objeto escondido atrás de si. Chega à beirada da cama e a mulher continua com as risadas e brinca de cobrir e descobrir o rosto com um lençol. Bastou um só golpe. Uma marretada bem na testa da infeliz. O desequilíbrio não mata a sua dor. Ao contrario, agora ela é maior e é grande a sua vontade de morrer. Tenta uma... duas... três vezes e não consegue. O mendigo que catava o reciclável te puxou de cima da linha do trem. Agora a cadeia é sua casa. A sua pena continuará sendo a desilusão. O jeito é cantar a dança da solidão, de Paulinho da Viola: “... Desilusão, desilusão danço eu dança você na dança da solidão...”.