A distância do tempo.  

 

Lembro-me do teu sorriso

Não trazia promessa de nada

Cabia no meu abraço.

Mas não tinha os teus significados.

 O mundo era desse modo, recordo-me.

Leptossômico era o teu  olhar encantador.

 

Lembro-me do teu andar a distancia.

De o seu pensar em outros mundos.

Solitariamente imaginava o destino.

Como poderia ser a fantasia.

 

Tão perto e longe ao mesmo tempo.

 Contemplava  apenas o obscuro.

 Imaginávamos que naquele tempo.

 Éramos amáveis.

Destinação metafórica.

 

Lembro-me dos teus gestos calmos.

Recordo-me do teu sorriso puro.

Da tua serenidade espantada.

Das tuas verdades estampadas aos  segredos.

.

Quanto tempo foi tudo isso.

Recordo-me do teu pensar incompleto.

A vida uma recordação imperfeita.

Distante e metafônica.

Talvez um único desejo métrico.   

 

Lembro-me do teu olhar inconstante.

Tão só viajava muito antes do início.

 Procurava  pela vida....o que você.

  Silenciosamente  negava.

E de ti mesma roubava, como soluço.

Apenas a tua imaginação.  

 

Lembro-me de ter tentado te traduzir.

Mas  você me roubou  os   pensamentos.

 Armou  dialéticas  tortas.

Para não poder entender quem tu de fato foste.

 E na prática  pude saber  o que você não deveria ser.

Mas de ti nada consegui  entender.

 

Lembro-me de te ver absorta.

Em certo tempo.

Senti apenas o distanciamento.

Desejei tudo o que eu não poderia ter. 

O  que você  reservou para perder.

 

Lembro-me das tuas ideias liames.

Dos  teus medos metafísicos.

De  ter escondido de ti o meu avesso.

Por  não saber o mundo lexiogênico .

 

Lembro-me de um instante seu.

No qual  gostaria de  estar presente.

Mas não tinha direito a  esta ilusão.

Não  me foi  preferido a escolha.

Lembro-me do tempo acabando.

 

Lembro-me do teu corpo ao encanto.

Dos  teus sentidos que  estavam perto.

Pude apenas dizer o  teu nome.

Tuas  palavras confundiram  minha alma.

Tua  aparente calma levou-me ao silencio.

 

Lembro-me  do teu olhar das tuas conversas.

Da  tua voz oscilante  e dos dias fascinantes.

Da tua história, como tudo aconteceu.

Das tuas  indagações, dos seus medos.

Daquele belo poema.

 

Você nunca soube quem de fato escreveu.

Lépido, cada palavra interpretava um sonho seu.

Uma metonímia metodológica que você esqueceu.

Recordo-me quando tive que partir.

Tinha certeza que a história interpretaria outro tempo.

 

Era necessariamente, a metábole do que tinha acontecido.

Finalmente, amanha teria que ser outro dia, e no outro dia, nenhum dia.

Foi exatamente, o que aconteceu.  

 

Edjar Dias de Vasconcelos.