A destruição dos dois últimos cosmos, o moderno e o contemporâneo.

Era pós-contemporânea.

Qual exatamente é o momento em que a idade pôs contemporânea começa entrar em crise.  Naturalmente que um determinado período histórico entra em decadência, por meio de acúmulos de anos, às vezes séculos, mas fica evidente que a contemporaneidade está perdendo a sua razão filosófica  e econômica  de ser.

Adorno e Horkheimer desenvolveram uma reflexão filosófica muito interessante, assimilação dos indivíduos ao sistema capitalista, um modo absoluto de pensar, que se realiza pelo mecanismo da narcotização da consciência, desenvolvida pela indústria da cultura como subproduto da antropologia humana. Os homens estão  irracionais.

A partir da parte final do século XX, as pessoas foram perdendo qualquer formulação humanista, os modelos de sociedade são contra o homem, as ideologias partidárias, os sistemas educacionais, as filosofias religiosas, por fim as políticas de Estado.

De fato aconteceu aquilo que na vida política, antes fora previsto, o homem o lobo do homem, o processo civilizatório não conseguiu evitar exatamente essa possibilidade, a razão da existência do Estado. 

O que antes fora previsto por Hobbes, a necessidade do contrato e do Estado como garantia do desenvolvimento civilizatório, desencadeou uma anticivilização, até ao momento não aceita ao homem, como contrária ao conceito do desenvolvimento real.    

O que se deve ser refletido, como grande avanço a essa tendência, o começo da dissolução do cosmo contemporâneo, com ela a insignificância da racionalidade europeia.

O que iniciou com Descartes, passando pelo modelo empírico de Locke, a epistemologia de Kant, a destruição por completo do materialismo histórico de Marx.

 À volta sem sentido, como desespero a uma metafísica transcendental, um mundo sem nenhuma esperança, dando, sobretudo, as pessoas não institucionalizadas a certeza da desgraça social compensada em outro plano.  Mecanismo de fuga a própria vida real.  

Com a morte do cosmo contemporâneo, leva juntamente com o mesmo, o cosmo anterior, aquele que nascera exatamente com a idade moderna, que impulsionou um mundo de esperança, com um novo modelo de produção, fruto da revolução industrial.

Hoje existe uma plena consciência que não é possível viver uma vida da superabundância com desejam os defensores do novo liberalismo, são necessários, para salvar o mínimo do modelo, associar desenvolvimento humano, com desenvolvimento econômico.

 Isso deve ser feito pela iniciativa privada, mas por injunções políticas de Estado, o capitalismo tem que ser um sistema ao bem da civilização e não a favor de forças de grupos, que apropriaram do Estado, como amparo constitucional para o enriquecimento ilícito.  

    O que não é claro nas forças políticas de esquerda no Brasil, as forças de direita, não cogita essa possibilidade, dado sua formulação não humanista. O que está em transe é a defesa intransigente da burguesia.

 À esquerda no Brasil suas propostas de mudanças são todas eleitoreiras, para evitar que a direita comande a política nacional, o que seria pior para o povo.

Um dos grandes fatos, que está colaborando para morte do novo modelo, que parece até contraditório do ponto de vista do seu fundamento filosófico, está sendo naturalmente a chamada queda do murro de Berlim.

O que de fato está acontecendo, nesse caso é necessário uma análise perspicaz, a falência do modelo alternativo, levou o capitalismo a curvar se diante da sua irracionalidade política.

 Sua fraqueza resulta-se da onipotência do status quo. A ideologia é tão forte e sem adversário, o mundo caminha para a mais completa irracionalidade, o que prevalecerá até a sua destruição, pelo menos em parte.  

 O que tinha de pior no capitalismo, foi responsável pela produção do seu opositor, enquanto, seu adversário tinha durabilidade, estava salva sua consistência.  Motivo pelo qual o murro de Berlim fora responsável pelo prolongamento da era contemporânea.

Mas um novo tempo nascerá e o mesmo não terá solução, a ideia da mecanicidade da história e sua realização por ciclos alternativos, a mais profunda loucura, a qual tem que necessariamente ser refletida.

 Ninguém é tão despreparado para efetivação da história, mais que a própria classe política, eles são os verdadeiros analfabetos do ponto de vista da compreensão da análise.

Não existe na nova era, nenhuma perspectiva de transformação do mundo por parte do proletariado, do mesmo modo a reformulação das reformas pela burguesia, porque da lógica dessa compreensão, ela é essencialmente conservadora.  Acepção adequada a esse momento da história.

Vivemos um momento da mais absoluta imbecilidade de todas as forças do mundo político, do mesmo modo da sociedade produtiva, como por outro lado, uma paralisia cultural, a ponto de entender valores do senso comum como valorações do desenvolvimento.  O governo financia essas inutilidades.

O que não se pode negar é uma revolução na sua eminência, na superação do novo cosmo ocidental, superando ao mesmo instante, dois grandes tempos históricos, o moderno e o contemporâneo. Os  preceitos da velha filosofia helênica, mesmo que seja do ponto de vista acadêmico, será eliminado.  

O que tudo indica que a história perderam seus agentes, após a queda do murro, não se tem mais caminho a percorrer, a sociedade está anestesiada, e não consegue sequer entender a nova revolução.

A diferença fundamental que a destruição do velho cosmo grego, tinha em vista a construção de um novo cosmo, o que durou praticamente quinhentos anos, passando por dois momentos já citadas.  

Hoje está sendo destruídos os centros epistemológicos do saber ocidental, a razão perdeu sua finalidade de sujeito, desconstruíram o caminho, desfez da imagem, o mundo está completamente desorientado, o que é logicamente natural, é o prenuncio de uma grande morte sistêmica.

Mas ninguém poderá saber, qual será o futuro do novo cosmo, diria a quinta revolução, porque o novo cosmo é determinado pelo ceticismo, tanto teórico como prático, o que está acontecendo é produto da continuidade de um grande irracionalismo, como foram os modos criativos dos dois modelos de desenvolvimentos, capitalista e socialista, nos dois últimos cosmos.

Na nova era que se inicia devido à falta de perspectiva em tudo, na política, como no desenvolvimento econômico. É marcado fortemente por uma formulação anti-humanista, aquele que é a razão da história, não tem nenhum sentido para a mesma, muito menos para humanidade.

Com efeito, nesse novo contexto, o homem não é apenas lobo para ele mesmo, mas como lobo, visa ele sendo o lobo à destruição do lobo, destruído o motivo de ser lobo, na destruição do homem, mas antes dessa efetivação, o homem pasto do lobo será comido pelo lobo.  

Edjar Dias de Vasconcelos.