Presenciando uma briga de socos e pontapés entre dois cidadãos modernos e inteligentes (Homo Sapiens Sapiens), motivada pela disputa de uma mulher, me fez lembrar que poderia voltar no tempo e refazê-la com indivíduos ainda não civilizados.

           Digamos que no período Paleolítico a abundância de fêmeas não era tão grande como nos dias atuais, as brigas entre os machos ainda eram mais constantes, talvez menos ferozes.

           Entre rochas e vegetação escassa, localizavam-se as cavernas dos primatas habitantes do Beco dos Mamutes. Era tarde da noite, o Homo Habilis Jardas arrastava carinhosamente pelos cabelos a sua vizinha Camila esposa de Clóvis um dos mais respeitados membros do grupo. Enquanto Clovis saía da caverna de Jardas arrastando a concubina deste, Anita. Devido à intensa escuridão (Nesse tempo a lua ainda era muito nova, mal clareava), ouvia-se apenas o barulho do arrastar de corpos, um passava pelo outro levando a fêmea alheia sem perceber quem era quem.

           Quando terminavam o serviço de coito destrocavam as fêmeas devolvendo-as e voltavam para suas respectivas cavernas para obviamente dormirem. Esta cena se repetia quase todas as noites (A linguagem nessa época provavelmente era bem próxima da conversação das pessoas nas redes sociais atualmente).

           Constantemente nas manhãs seguintes, Anita mulher de Jardas iniciava uma conversa com Camila esposa de Clovis, ou vice versa, o assunto era sempre o desempenho sexual de seus respectivos maridos; o estranho é que cada uma delas criticava o seu e elogiava o da outra.

           Naquela fatídica noite, Jardas na devolução de Camila adormeceu na caverna da mesma. Clovis volta, deita-se, vira-se e dorme sem perceber a presença do outro.

           Na manhã seguinte, extremamente ensolarada, a claridade do sol invadia a caverna boca à dentro, as mãos de Clovis, sorrateiras, acariciavam os pelos pubianos de sua fêmea, perceberam uma protuberância animalesca, enquanto que o Jardas notou a pegada diferente, os dois levantaram ao mesmo tempo, olho no olho, Jardas corre em fuga, enquanto Clóvis já com a mão desocupada, pega o que tem à mão, pedras, arremeça-as em diração ao outro, uma delas atinge a cabeça dura (que cabeça dura) de Jardas que com o atrito libera fagulhas que incendeiam seu cabelos.  

           - Descobrimos como fazer fogo, grita Clovis (Naquela época o único fogo conhecido era por causas naturais, por exemplo, um raio numa árvore que incendiava e pelo visto, dos próprios primatas).

           Jardas responde, tentando apagar o fogo na cabeça:

- Nós não, você descobriu como fazer fogo, eu descobri como se queimar. Espera aí, que catinga de chifre queimado é essa. Ô Anita!   

           Da caverna vizinha, a voz de Anita soa em resposta:

- Bem que eu queria cortar meu cabelo bem curtinho, você não deixou...