A internet é maravilhosa. Mas ainda pode ser mais.

Nesta época percebemos nitidamente os transtornos que a logística necessária para implementar uma eleição acarreta ao país. Seja pela obrigatoriedade do voto ou de sua justificativa, seja pelo deslocamento de parte da população do local de moradia ao seu domicílio eleitoral ou ainda pela perda de um dia de descanso pela população, a verdade é que uma eleição traz inúmeros transtornos aos cidadãos, sem falar na obrigatoriedade que alguns tem de trabalhar para o Estado nesse dia, a troco de praticamente nada.

É realmente uma estranha democracia a nossa.

Do ponto de vista do Estado, uma eleição é praticamente um pesadelo. Gasta-se uma fortuna para planejá-la, implementá-la e acompanhá-la, manter a segurança, computar os resultados, divulgá-los. Há uma forma mais simples e barata para levá-la a cabo.

Em 2000 a Comunidade Européia lançou o projeto CyberVote destinado a permitir eleições totalmente verificáveis e dentro de um respeito absoluto do anonimato dos votos e realizáveis a partir de terminais Internet fixos e móveis.

Aparentemente, esse assunto ainda suscita dúvidas entre os governos mundiais.

Mas pensemos em termos de Brasil. Nossas eleições já são automatizadas através das urnas eletrônicas. Isso permitiu um grande avanço nas apurações e divulgação dos resultados. Não há queixas quanto à sua honestidade e confiabilidade. Mesmo assim, as eleições brasileiras demandam gastos e deslocamentos imensos, que são praticamente desnecessários nestes tempos de internet.

O governo brasileiro se vangloria de possuir um dos melhores e-gov´s do planeta. Além de receber inúmeras declarações de pessoas físicas e jurídicas nas esferas federal, estadual e municipal, permite a emissão eletrônica de guias de recolhimento, além da emissão de certidões. O novo produto do e-gov brasileiro é a Nota Fiscal Eletrônica, atual menina dos olhos da fiscalização tributária.

 Então, porque não somos pioneiros na execução de eleições pela internet? As vantagens são inúmeras, tanto para o cidadão, quanto principalmente para o Estado. Se acreditamos que somos capazes de garantir o sigilo e a confiabilidade eletrônicas necessárias à execução de atos legais e tributários, é óbvio que podemos fazer o mesmo com as eleições. Elas nem precisam ocorrer todas no mesmo dia. Pode se fazer uso da internet em qualquer lugar! Poderíamos votar através de torpedos de celular até! A imaginação sempre foi o limite das tecnologias.

O importante é propiciar que tal obrigação democrática seja o menos pesada e cara para nossa sociedade, já tão pressionada e onerada.