A revisão da Democracia? Ou atualização?

A palavra democracia tem origem no gregodemokratía , composta por demos (que significa povo) e kratos (que significa poder). O poder é exercido pelo povo através do sufrágio universal, o voto e teoricamente eleições, plebiscitos e outras formas de consultas a população.

O historiador Belga David  van Keybrouck, autor do livro: Against Election- The case for Democracy  levanta polêmica sobre o que ele chama de cacofonia das redes sociais que inibe e enfraquece o debate político pelo barulho produzido e excesso de informações.

Ele não combate a democracia, mas chama a reflexão para estes pontos e aponta a possibilidade da vitória de Trump e a Brexit (saída do Reino Unido da União Européia) como exemplos. Quem tiver interesse emver a resenha do The Guardian: https://www.theguardian.com/books/2016/jul/18/against-elections-the-case-for-democracy-david-van-reybrouck-review

A veja 2.497 da semana de 28/09/2016, nas páginas amarelas,  tem a entrevista de David  van Keybrouck  também.

Pois bem, eu vou além e chamo a reflexão mais um ponto: A presença do marketing político em excesso que vende candidatos e propaga ideias como produtos, com estratégia de comunicação e recursos que nem sempre são garantias de interesse público. Aliás, quase sempre vão contra o interesse público.

Vou citar um exemplo só, a eleição de 2014, quando a peso de ouro o marqueteiro, agora preso, mentiu e criou o que chamei de país das maravilhas e acabamos entrando em uma grande crise política, institucional e agravando a crise econômica totalmente alienada do debate na campanha, ou distorcida, para cumprir seus objetivos eleitorais.

O historiador belga sugere alguns modelos, como um sorteio entre eleitores preparados para o tema, mas acho que fica ininteligível a idéia e , sinceramente, não sei se funcionaria.

Ele insiste em crise de legitimidade e eficiência da democracia.

Posso concordar com a questão da eficiência, da legitimidade seria outro debate, mas precisaria haver alternativas e opções. Prefiro ainda ficar com Winston Churchill na sua célebre frase:

 "A democracia é a pior de todas as formas de governo, excetuando-se as demais." 

Desde  a origem da democracia na Grécia antiga a dinâmica vem sendo cada vez mais intensa e de alguns anos para cá é quase exponencial, incontrolável. Os processo tecnológicos, a sociedade da informação na era do conhecimento do século  XX  introduziu conceitos e valores sociológicos, econômicos e políticos que causaram a revolução e o abalo de algumas estruturas e instituições milenares.

Não custa lembrar que em nome da democracia muito foi feito para o mal, e só para exemplificar talvez o maior de todos: Adolf Hitler que chegou ao poder pelo voto e sua obra deixou um rastro de sangue e destruição.

A reflexão provocada pelo historiador belga me atiça a levar o tema que há muito vinha me corroendo. A questão do marketing político que substitui o candidato, muitas vezes mal intencionado, por um produto amado e perfeito. O excesso de dinheiro acaba alimentando este ciclo vicioso que encarece as campanhas, enrique marqueteiros e busca na corrupção o sustento e alimentação do ciclo.

O caso da história recente do Brasil é nítido. O escritor belga não deve ter atentado para o problema do Brasil, mas entraria facilmente no seu contexto e controvérsia.

Obama usou as redes sociais como ferramenta e hoje ela é fundamental para qualquer  cidadão, aliás para a humanidade. Não vivemos sem elas, mas elas podem estar trazendo coisas ruins, quase tudo na vida é via de mão dupla.

A maior participação e interação da sociedade em temas diversos, inclusive a política é uma das maiores virtudes, mas o alerta dado será pertinente? Existe a superficialidade do debate com o excesso de informações recebidas?  Pode ser.

A participação cada vez mais efetiva da população pode produzir efeitos negativos e isso é o alerta dado pelo belga.

Levantei  mais uma: O excesso de dinheiro e o marketing político precisa ser analisado, posso até inferir que este fenômeno da superficialidade favorece a “venda” de produto no palco político.

O mundo mudou muito e cada vez mais rápido. Como adequar ou atualizar uma instituição tão importante e milenar como a democracia?

A liberdade e os erros que ela produzir valem o risco? Ou será que não é o momento de cairmos na reflexão e encontrar caminhos para enfrentar estes riscos?

Não tenho a solução e nem a pretensão de encontra-la, mas o livro de Keybrouck mostrou que a democracia, mesmo sendo o melhor sistema que existe, precisa de melhorias ou de consertos.

Vamos deixar para os sociólogos, filósofos e políticos sugerirem alternativas e opções, aliás, todos podem, assim funciona a democracia.

E deixar mais uma questão controversa: A democracia serve mesmo a todos os países, culturas, condições sócio-econômicas? Ela deve ser a panacéia como sistema político?