O mundo ocidental, preocupado diante das informções que se propagam sobre a democracia. A China, o principal rival dos Estados Unidos,  prepara para mudar a sua constituição e permitir para o Presidente Xi Jinping permanecer no poder até depois de 2023 - e talvez por toda a vida.

Isso vem depois que o Presidente Putin trabalhou no sentido de mudar a constituição russa para permanecer no poder o tempo que puder. O que dá para os diferentes líderes africanos a oportunidade de rever suas constituições no sentido de permanecer no poder por um terceiro ou um quarto mandato. 

A China, o maior país do mundo em termos de população e a Rússia por sua vez a maior em termos de geografia, o resultado inevitável é que cada vez se afasta de um mundo onde os líderes respeitam categoricamente o período pelo qual foram investidos quatro ou oito anos apenas, isso provoca uma situação contrastiva no qual os ditadores e antidemocracia convivem.

Na Europa e na América, as abordagens não são muito diferentes. Assiste-se a um aumento de forças de direita, hostis aos valores da democracia liberal. Dentro de alguns dias, as eleições italianas, constituindo essencialmente uma competição entre os diferentes partidos de direita, a hora  é de provar quem é o mais hostil em relação aos imigrantes muçulmanos e africanos.

Não acredito que uma única forma de governo possa ser a melhor para todas as nações, mas o facto é que essas tendências autoritárias representam uma ruptura de confiança pública na democracia. o que leva os defensores da democracia a não ter motivos suficientes para proteger seus valores contra os rivais não-liberais.

Os acontecimentos da "Primavera árabe" em 2011 levaram os países árabes do CCG a demonstrar certa capacidade de resistir às forças populistas e reescrever seus regimes políticos a partir do zero.

O que importa é se os regimes governamentais podem garantir os bons padrões de vida para todos os seus cidadãos, mas o problema é as tendências autoritárias como a Rússia, a China, a Turquia, o Irã ou até os Estados Unidos, elas conduzem à repressão da mídia e das liberdades públicas, dando preferência a um grupo de políticos ou aos empresários os mais próximos da liderança, exemplo da Rússia onde o aumento da desigualdade de classes, da corrupção e da arrogância dos defensores do regime, levando a perda do nível de vida ou regresso de classe.

O que aconteceu quando o Hosni Mubarak mudou a constituição para permanecer no poder a vida? A maioria dos egípcios perderam a confiança, esperando que as mudanças provém da urna, escolhendo o caminho da revolução.

Mas a revolução levou ao caos, porque em vez de mudar a liderança apenas, teve que rever a cultura política inteira, permitindo aos oportunistas entre outros  a Irmandade Muçulmana chegar ao poder.

Acredita-se que a China e a Rússia podem ter cinco, dez ou vinte anos de paz sob sua atual governação. Este momento épara a grande maioria que quer mudar. Mas  é difícel também mudar através de eleições, porque as pessoas recorrem a violência. No século passado, a China conheceu  políticas caóticas e conflitos. 

Pergunta-se se o ciclo de revoltas e manifestações começam simples e se propagam?

Preocupar-se é com as grandes potências, como a Rússia, a Turquia e a China, quando mudar de direção do governo para o absoluto ou a ditadura. Esses países são muito grandes para falhar. Se a China afunda no caos, na revolução ou na guerra civil, a economia mundial quebra consequentemente.

Parte do problema é que a democracia passou de ser um mero regime político para se tornar a religião secular do Ocidente e, por isso, uma  crítica a este modelo ocidental deve ser maturo e não como um rato que passa de lado a um outro.

Assim, os pontos negativos da democracia devem ser  muito claros: sobretudo quando os racistas, os fundamentalistas e os extremistas de direita  influenciam a democracia para chegar ao poder, espalhando o medo, a mentira e o ódio através da mídia e de meios de comunicação, tornando a democracia como as sementes para a sua destruição. Os presendentes Putin e Trump, aproveitaram esta situação, para consolidar o poder, fazem ao mesmo tempo de tudo para minar a democracia.

A lição de tudo isso é de preparar os regimes maduros de governança  que valorizam a democracia: a responsabilidade, a tolerância e o estado de direito, porque o tempo é de denunciar as forças antidemocráticas. Após 2011, o regime político de alguns países árabes como o Bahrein mostrou uma certa resistência, impedindo as forças antidemocráticas de minar o regime e o modo de vida de pessoas.

Por fim é fácil acreditar na natureza humana e na confiança de que uma democracia aberta possa garantir o melhor futuro para todos. Mas, quando os tempos foram difíceis, o ressentimento aumenta, muitas pessoas escondidas nas sombras a espera de destruir a democracia e aproveitar o poder.

A história da democracia no mundo ocidental do século XX  vacilou diante dos apelos pela democracia e ditadura. Se quer evitar repetir os erros no futuro, precisa de regimes mais desenvolvidos, fortes e progressivos capaz de consolidar-se nos tempos sejam difíceis ou estáveis.

Lahcen EL MOUTAQI

Pesquisador universitário- Rabat- Marrocos