Dança, a arte de movimentar o corpo por intermédio de uma sucessão de ritmos e compassos, seja com ou sem sons, destacando-se em sua elegância e harmonia. Desenvolvida na pré-história a dança percorreu longo caminho através dos tempos, evoluindo com os homens de cada época, teve sua passagem pelo Egito como rito religioso, na Grécia como comemoração aos jogos olímpicos, ganhou caráter sensual para homenagear o deus Baco em Roma, até chegar ao período renascentista onde voltou a ter traço teatral. A partir de então, gêneros como o Ballet surgiu e foi apresentado como espetáculos teatrais, onde havia coreografias, cenários, iluminação, adornos e melodias.

Nascido na Itália, o Ballet – palavra derivada do italiano ballare, com o sentido de ‘bailar’ – se espalhou pelo mundo, no Brasil, tal arte chegou por volta de 1813. Foi nos palcos do Real Teatro de São João, no Rio de Janeiro, onde ocorreu o primeiro espetáculo de Ballet Clássico no país. Porém, somente no século seguinte o gênero de dança floresceu aqui, dando início a uma grande safra de talentos, por exemplo, Márcia Haydée, Tatiana Leskova e Ana Botafogo.

O que antigamente era visto como algo elitizado, estudado somente por quem havia uma boa condição financeira e distante da realidade de muitos, hoje é muito mais valorizado não só pela população em geral, como também pelos governantes que, introduziram nas matrizes curriculares, no tópico de arte, a dança. O que antes era apenas sonho, agora pode ser estudado pelas crianças matriculadas nas escolas municipais de Mogi das Cruzes, Regina da Silva Cunha, a primeira bailarina a abrir uma escola de dança e com o Ballet como carro-chefe, nos confidenciou seu tamanho orgulho por ser a pioneira na cidade, com 44 anos à frente da escola Regina Ballet e 90% das escolas posteriores tornando-se direta ou indiretamente suas “filhas”, afirma: “Uma criança, quando tem a possibilidade de ter o conhecimento de uma arte, seja essa dança, música, teatro ou afins, se torna um ser humano melhor”.

O Ballet, é um gênero da dança que demanda muita persistência, são anos de dedicação e bom desempenho para atuar na área e ser um excelente profissional. Conversamos também com a diretora da escola Ballet Danielle Bittencourt, formada em Dança pela Paulista de Artes, mestre em Artes Corporais pela UNICAMP e em Engenharia Biomédica com os enfoques em Controle Postural, Equilíbrio e Biomecânica pela UMC, a professora da Universidade de Mogi das Cruzes, ao ser perguntada sobre o tempo de estudo para ballet, Danielle Bittencourt é direta: “No mínimo 13, 14 anos. É uma estrada longa, porque você começa pequeno, eu falo que ballet é como se fosse um bom doce mineiro, feito em banho-maria no fogão à lenha, não dá para ter pressa”.

O incentivo da cidade em relação à dança não para na integração presente nas escolas, existe hoje o Festival de Mogi das Cruzes em Dança ou, como Regina sugere, o Alto Tietê em Dança já que abrange toda a região. Entre os festivais existentes, ele é muito bem cotado, “As pessoas estão vindo nos prestigiar e reconhecem que ele é um trampolim para os grandes festivais” afirma Regina.

Os problemas recorrentes que interferem na perfeição do espetáculo na cidade são a falta de um espaço apropriado para a dança, já que improvisam o Theatro Vasques e o auditório do CENFORP, além da dificuldade para recorrer a Lei de Incentivo à Cultura do município. Regina cita a relutância dos empresários em financiar a lei e sugestiona uma cartilha geral que explique o processo. Apesar de nunca ter usado a Lei municipal, apenas a estadual, Danielle concorda que é preciso ter o controle, mas afirma que o processo burocrático também é um impedimento ao uso da Lei, “O artista que se propõe a fazer projetos assim, tem que viver para isso, não dá para ser multitarefas porque demanda muito”, conclui.