Samuel Rocha Carneiro 
Francisco Michel de Oliveira Sousa 
Solange Melo

Introdução

    Ao longo das relações sociais que o homem foi estabelecendo, houve diversas mudanças advindas das transformações do processo da globalização. 

Considerando isto, os pesquisadores voltaram seus olhares para o homem dentro das organizações, considerando as condições de trabalho em que este encontra-se inserido, além do resgate das potencialidades humanas adversas à saúde e integridade. Santos, Machado e Castro (2015) afirmam que as condições de trabalho atuam como uma das formas mais complexas da interação social. Dessa forma, surge a pergunta norteadora desta pesquisa: Qual o impacto da cultura organizacional no processo de mudança e evolução de uma empresa?

Remete-se a importância do trabalho, por ser essencial fonte transformadora para a sobrevivência e realização do ser humano. É um fenômeno social, um lugar de criação de relações e de criação da própria identidade. É uma relação dialética.

Em um mundo cada vez mais complexo, volátil, ambíguo, incerto e imprevisível, estudar sobre a cultura organizacional torna-se muito relevante. As empresas que prosperam no difícil mercado competitivo, tem dado cada vez mais atenção aos aspectos intangíveis e subjetivos da dinâmica humana no contexto organizacional. 

Dessa forma, o objetivo principal desta pesquisa é investigar o impacto da cultura organizacional na vida de uma empresa e consequentemente, no clima organizacional e saúde dos trabalhadores. Para alcançá-los, constituímos os seguintes objetivos específicos: listar os aspectos da cultura organizacional; descrever na percepção do gestor e colaborador os aspectos predominantes da cultura; apresentar e analisar os resultados.

Metodologia

Trata-se de uma pesquisa exploratório-descritiva com abordagem qualitativa, do tipo pesquisa bibliográfica. 

A pesquisa exploratória visa proporcionar maior familiaridade com o problema, 

com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses, e na descritiva, o objetivo é descrever as características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis (MINAYO, 2013).

A pesquisa bibliográfica constitui-se em fonte secundária. É aquela que busca o levantamento de livros e revistas de relevante interesse para a pesquisa que será realizada. Seu objetivo é colocar o autor da nova pesquisa diante de informações sobre o assunto de seu interesse. É um passo decisivo em qualquer pesquisa científica, uma vez que elimina a possibilidade de se trabalhar em vão, de se despender tempo com o que já foi solucionado.

Resultado e Discussão

O conceito de cultura organizacional surgiu no cenário da administração na década de 1980 e virou moda, como artigo e vestuário organizacional.  Entretanto, hoje, cultura organizacional deixou de ser apenas um modismo para virar fator influente em todas as organizações.  Ela tem real importância para as empresas, pois as decisões tomadas sem a consciência da cultura, podem trazer consequências inesperadas e indesejáveis (ANDRADE et al, 2017).

Cultura Organizacional é o conjunto de premissas básicas, tais como conceitos, princípios, regras, formas de comportamento e soluções que foram estabelecidas e descobertas no processo de aprendizagem de solução de problemas de adaptação externa e integração interna, e que por funcionarem suficientemente bem foram consideradas válidas e ensinadas aos outros membros da organização como a maneira certa de agir em relação a esses problemas (FERNANDES, et al, 2015, p.04).

A cultura concentra-se no interesse coletivo e na formação de uma organização unificada através de sistemas compartilhados, crenças, hábitos e tradições. Influencia as percepções, os valores e os sentimentos, tornando os comportamentos das pessoas mais semelhantes entre si e formando uma forte equipe de trabalho, socializando assim o ambiente (MAYO, 2013).

Portanto, para compreender uma organização, há a necessidade de conhecer além da sua estrutura, estudar seus processos psicossociais dentro do contexto cultural específico onde eles ocorrem. A análise da cultura da organização é, portanto, um requisito essencial para a compreensão do comportamento das pessoas que nela 

trabalham (MAYO, 2013).

Caráter seria o conjunto das manifestações afetivo-volitivas espontâneas dos indivíduos que compõem a organização, tais como a alegria, a depressão, a agressividade, o medo, a tensão, a malícia, o entusiasmo, o carinho, a apatia. A cultura organizacional representa as normas informais e não escritas que orientam o comportamento dos membros de uma organização no dia-a-dia e que direcionam suas ações para o alcance dos objetivos organizacionais, (BRAQUEHAIS et al, 2017).

A Cultura Organizacional considera-se um tema que possui diferentes enfoques, e como consequência, apresenta diferentes construções teóricas. Ao identificar o trabalho de diversos pesquisadores e a tipologia descrita por cada um deles, destaca que estas diferentes classificações possibilitam a generalização do objeto estudado e o entendimento de como se estrutura a cultura dentro de um contexto organizacional.

Focalizar a empresa na dimensão de sua forma ou configuração organizacional pode ajudar a identificar aspectos de sua estrutura, da natureza do trabalho executado dentro dela e outras particularidades de sua anatomia. Mas, ainda que este enfoque seja da maior importância para a compreensão dos fenômenos organizacionais, não devemos esquecer que a organização é constituída de pessoas que se comportam. E isto altera dramaticamente a abordagem para o seu entendimento. 

Os valores organizacionais constituem o núcleo da cultura organizacional e nesse sentido, poderiam ser definidos como uma grande tendência nas organizações para preferir alcançar certos estados e objetivos em detrimento a outros. Os autores Andrade et al., (2017) corroboram com a relação entre cultura e valores organizacionais ao mencionarem que o núcleo da cultura organizacional determina a estrutura da personalidade da empresa e os valores organizacionais são elementos fundamentais na construção e no desenvolvimento desta identidade.

A cultura baseada no respeito exprime a identidade da organização. Ela é construída ao longo do tempo e passa a impregnar todas as práticas, constituindo um complexo de representações mentais e um sistema coerente de significados que une todos os membros em torno dos mesmos objetivos e dos mesmos modos de agir. 

Ela serve de elo entre o presente e o passado e contribui para a permanência e a coesão da organização. Em outras palavras, a cultura organizacional de acordo com o respeito representa as normas informais e não escritas que orientam o comportamento dos membros de uma organização no dia-a-dia e que direcionam suas ações para o alcance dos objetivos organizacionais. No fundo, é a cultura que define a missão e 

provoca o nascimento e o estabelecimento dos objetivos da organização. 

Considerações Finais

A cultura constitui-se em um mecanismo de padronização e previsibilidade do comportamento das pessoas, como uma forma de simplificação da vida, por se caracterizar como o conjunto de valores que as pessoas cultivam e acreditam.  A eficácia empresarial depende de se conseguir adequar os padrões culturais aos desafios que a empresa vive. 

A partir dessas contribuições teóricas, e os resultados obtidos na pesquisa viu-se como pressuposto que, os valores constituem um dos importantes instrumentos para entender a cultura organizacional. A cultura de uma organização sustenta o processo de socialização por meio do sistema de valores, sendo tais valores vivenciados como uma experiência subjetiva compartilhada, que cria nas organizações a possibilidade de simbolização e mediação das necessidades individuais e organizacionais, baseados no respeito a equipe de trabalho e a seus parceiros.

Portanto, os valores organizacionais são aqueles percebidos e compartilhados pelos colaboradores de uma organização. Trata-se, portanto, de princípios e crenças compartilhados pelos empregados, que orientam o funcionamento e a vida da organização.


Referências

ANDRADE, T., COSTA, V. F, ESTIVAVALETE, V. F. B., & LENGLER, L. Comportamento de cidadania organizacional: Um olhar à luz dos valores e da satisfação no trabalho. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, v.19, nª64, p. 236-262, 2017.

BRAQUEHAIS AP, WILBERT JKW, MORESI EAD, et al. O Papel da Cultura Organizacional na Gestão do Conhecimento: Revisão de Literatura de 2009 a 2015. Perspectivas em Gestão & Conhecimento [internet]. 2017 Mar [acesso em 2017 jun 27]; 7(n.esp.):80-93. Disponível em:  http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/pgc/article/view/32944/17293

DUARTE, J. S. Administração de Carreiras: Uma proposta para Repensar a Gestão de Pessoas.1. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2014.

FERRARI, M.et al.,  Uma Proposta de Tipologia Organizacional Comparada das Organizações Não-Governamentais. Salvador: 2013. 

FERNANDES, R. F., LEMOS, D. C., HOFFMANN, M. G., & FEUERCHUtte, S. G. O Estado da Arte na Articulação entre os Temas Cultura Organizacional e Inovação. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, v.9, nº4, p. 54-68, 2015

MAYO, A. O valor humano da empresa. São Paulo: Pretence Hall, 2013.

MEDEIROS, J. B. Redação Científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. São Paulo: Atlas, 2000.

SANGY, M. Saúde do trabalhador: intervenção psicossocial com trabalhadores de um hospital público. II Congresso interdisciplinar de pesquisa, iniciação científica e extensão. Belo Horizonte. 2017. Disponível em: http://izabelahendrix.edu.br/pesquisa/anais/arquivo-2017/saude-no-trabalho-intervencao-psicossocial-com-trabalhadores-de-um-hospital-publico.pdf. Acesso em: 03 mar. 2022

SANTOS, T. S.; MACHADO, R. T. M; CASTRO, C. C. O significado do Trabalho em um Setor Fragmentado. VII Simpósiode Excelência em Gestão e Tecnologia, 2011. Disponível em: https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos11/58414801.pdf. Acesso em: 03 mar. 2022.

SOUZA, E L P. de. Clima e cultura organizacionais: como se manifestam e como se manejam. Porto Alegre: Edgar Blücher, 2018.