Ei, rapaz, este vagão é só para mulheres!

Independente do sexo ou da classe social, será que existe alguém que gosta de ser desrespeitado? Acho que não, né! Pensando nisso, entrou em vigor, desde 2006, uma lei que destina alguns vagões de trens e metrôs, somente para mulheres, no horário de pico. Essa lei surgiu por conta dos acontecimentos frequentes. São tantos abusos e desrespeitos dos homens nos transportes públicos, nos horários de superlotação, que muitas mulheres já andam com medo. Mas a minha dúvida é: será que esta medida é realmente eficaz ou será apenas uma medida enganosa? Fico com a segunda!

Não é novidade para ninguém, no Brasil, tudo que depende de uma fiscalização, não funciona bem, infelizmente!Por isso, é comum vermos homens circulando, nesses vagões, em horários proibidos.Se não houver uma fiscalização eficaz não adiantará nada. No entanto, eu fico me perguntando, será que estamos “tomando o remédio certo para esta doença”? É inadmissível pensar que alguns homens não conseguem se conter com a simples presença do sexo feminino. Para mim, a lei não passa de uma iniciativa alienada. Precisamos combater, de fato, a cultura do machismo. Essa roupa não é legal, filhinha! Meninas direitinhas usam saias no joelho. Que batom vermelho é esse, garota? Essa roupa ou aquela, batom rosa ou vermelho, saia curta ou comprida não definem o caráter de ninguém. Mas, infelizmente, as pessoas julgam, erradamente, sem conhecer, as outras pelo estereótipo. Loiras são burras, moradores de comunidade são bandidos e a saia curta é de prostituta.  Até aposto na necessidade de se adequar a roupa, inclusive o vocabulário de acordo com a situação. Mas eu continuo achando que a população deve cobrar um policiamento ostensivo e um sistema de combate aos crimes contra a mulher. O agressor precisa de punição.Veja só, e como fica o direito de ir e vir, de entrar no vagão mais próximo ou de usar a roupa desejada?Enquanto nós, mulheres e homens, responsáveis pela formação das crianças, não combatermos a cultura do machismo em casa, estaremos fundados ao fracasso.

Luciana Luiza de França- Professora de Língua Portuguesa, Literatura, Língua e Cultura Espanhola e Hispano-Americana.  Pós-graduada pela UERJ.  [email protected]