Conversando com alguns amigos que moram no exterior, via Facebook, entramos no assunto sobre o trabalho após os 50 anos de idade, e estes estranharam o fato de que no Brasil quem tem essa idade não tem vez no mercado de trabalho (algumas pesquisas apontam que isso já começa a acontecer a partir dos 45 anos). Comentaram que vários países como a Inglaterra, Alemanha e o próprio Estados Unidos (sem falar no Japão), valorizam a pessoa dita “idosa”, que pela sua experiência tem muito a ensinar aos mais jovens, e a prática adquirida ao longos dos anos ajudam a garantir a qualidade dos produtos e serviços.

      Aí fiquei pensando: será que o brasileiro ao completar 50 anos, se quiser continuar trabalhando tem de sair do Brasil? Diante do que se vê no dia a dia, isso não me espanta nenhum pouco.

     Tenho 56 anos de idade e estou enfrentando esse problema já a algum tempo. Em várias entrevistas de emprego, quer em agências ou diretamente nas empresas, ao analisar meu currículo, o entrevistador tece comentários favoráveis ao que leu nas duas folhas que lhe foi entregue, comenta inclusive que “as qualificações atendem à necessidade da empresa, entretanto...” Quando ouço essa palavra já começo a me levantar e ir em direção à porta de saída, pois já conheço as palavras que vem a seguir: “a empresa está procurando por um candidato um pouco mais novo”, ou “a sua faixa etária está um pouco acima das pretensões da empresa”. Lógico que nem todas falam isso abertamente, mas nas entrelinhas... para bom entendedor meia palavra basta, já diziam meus avós.

      E o pior de tudo isso, é que com essa idade você não pode nem pensar em se aposentar, pois nesse caso específico, você é considerado “muito novo”. Será que estou vendo uma contradição nisso? Para a empresa você é velho, mas para o governo é você é novo. Vai entender...

      Meu conselho aos jovens é que estudem e se aperfeiçoem ao máximo, até os 25 anos, assim terão outros 25 para construir sua carreira e garantir seu futuro, caso contrário você será mais um na fila dos “velhos” desempregados.

      Mas aí existe um outro problema: basta analisar os anúncios de emprego para vermos que salários acima de R$ 900,00, em sua maioria, exigem formação superior, e as vezes até mesmo inglês fluente. Quando que alguém, cursando ensino superior, vai conseguir sustentar seus estudos e a sua vida com esse salário? A não ser que tenha um “paitrocínio” por trás. Aí alguém vai dizer: “mas hoje qualquer um pode entrar na universidade, existem várias alternativas criadas pelo governo para isso”. Concordo, entrar é fácil, o difícil é se manter nela. Quantos brasileiros começam a estudar e logo trancam sua matrícula ou desistem dos estudos? Qual o motivo? Podemos citar por exemplo, a incompatibilidade dos horários de alguns cursos com a necessidade de trabalho do aluno; os baixos salários oferecidos (para ganhar um salário mínimo para que me matar de estudar?); o alto custo do material didático (você sabe os preços dos livros de algumas matérias? E não pode fazer cópia!); e tem ainda o fraco conteúdo que algumas universidades apresentam em certas disciplinas, que acabam causando o desinteresse do aluno. Mas não vamos generalizar, pois existem universidades e professores competentes, assim como alunos dedicados que se formam e se tornam excelentes profissionais, mas é preciso fazer uma análise da proporção disso.

      Um dos resultados disto é o grande aumento de pequenos empreendedores. Mas, por não terem um mínimo de experiência e ainda pela falta de recursos e conhecimentos, a quebradeira também segue na mesma proporção. E o sujeito que já não via saída para sua vida financeira, agora ficou pior, pois acumulou mais dívidas devido ao seu “empreendimento”. E tem ainda uma parte que segue por outro caminho, o da marginalização.

      Está na hora de os nossos “eleitos” pararem de pensar somente no seu umbigo e começarem a estudar algumas alternativas para esses problemas. O Brasil é rico o suficiente para dar melhores condições aos seus cidadãos, basta que se roube menos, se desvie menos e se comece a fazer uma política séria, afinal foi para isso que os colocamos lá. Chega de vermos nomes de políticos envolvidos em escândalos e mais escândalos.

      Falam que a ditadura foi ruim, concordo, mas o que temos hoje? Uma minoria com poder que faz e acontece sem se preocupar com aqueles que os elegeram (isto não é um tipo de ditadura?). A democracia está na escolha dos eleitos, mas depois, estes, os eleitos, governam para eles próprios e jogam a democracia pelo ralo.  A maioria já se candidata pensando em quanto vai ganhar por fora. E isso acontece em todos os níveis da política brasileira. O país está numa crise, devendo porque gastou mais do que devia (nem vou entrar no mérito de onde estes valores foram gastos), e quem vai pagar a conta? O Zé Povinho, o otário, pois o novo ministro já anunciou o aumento de impostos. Ah, a energia elétrica já aumentou, a água está por aumentar, a gasolina já aumentou, o transporte já aumentou em alguns lugares, a inflação aumentou, o salário dos “nossos representantes” já aumentou em 30% e o teu salário, quanto aumentou mesmo? Fora outras medidas adotadas pelo nosso governo "democrático" que tira do trabalhador para cobrir rombos causados pela sua ganância.

      Enquanto isso, você aí, que completou 50 anos de idade, prepare-se para ficar na fila, mas isso porque você não entrou para a política, senão o seu estaria garantido, de alguma forma, mas estaria. Antes que me critiquem, existem sim políticos honestos, que não roubam e não desviam recursos, poucos, mas existem, mas nenhum deles quer deixar de ganhar o salário pomposo e todos os tais “benefícios” que o cargo lhe propõe, multiplicando os proventos em muitas vezes.

     Vamos propor que um vereador passe a ganhar um salário mínimo, e a cada cargo acima deste ganhe um salário mínimo a mais, ou seja, prefeito dois, deputado estadual três, governador quatro, deputado federal cinco, senador seis, ministro sete e presidente oito salários mínimos, e vamos ver quantos candidatos irão aparecer. Irão sobrar vagas.

      Mas a vida continua, estou com a ficha número um na fila dos “velhos” desempregados, quem se habilita a pegar a ficha número dois?

Pedro Teixeira