A crise de identidade do culto pentecostal
Roberto dos Santos

A pós-modernidade vai exigir do pentecostalismo uma postura mais critica e reflexiva de sua presença no mundo em constante mudança. É aí que o pentecostalismo deverá buscar uma linguagem contextualizada, até mesmo a arriscada tarefa de enfrentar o desafio de construir um discurso que justifique sua caminhada na história, claro, não abandonando nunca seus princípios ortodoxos, mas sempre na medida de uma teologia semiótica sinalizar novas luzes para aqueles que provavelmente estarão em trevas espirituais, mas, por outro lado, optaram por um cristianismo adaptado a cultura do seu tempo.

Segundo, Jürgen Moltmann: A teologia liberal é a perda do centro da própria teologia. Já a teologia dialética é a recuperação do centro, mas a perda do horizonte. Bonhoeffer traz de volta para a teologia o tema da recuperação do horizonte, já intuídos por Barth e Bultmann, mas ainda ausentes em suas obras. A fórmula central da dispersa teologia de Bonhoeffer é: "Cristo e o mundo que se tornou adulto". Sua vida e reflexão, fragmentária e incompleta, são uma tentativa de identificar os problemas, encaminhando-os para uma solução.
E, analisando, tal conceito, como é que a igreja deverá responder ao mundo no futuro, ou mesmo hoje , acerca de sua fé em Cristo , partindo de uma teologia pentecostal? A resposta é que a teologia pentecostal e, especificamente o culto pentecostal, deve primar pelo significado único da Palavra de Deus no mundo de hoje. Não é possível ser igreja sem a verdadeira identificação com Cristo e a sua Palavra. Penso que o culto pentecostal, por ser visto as vezes , sob a ótica de uma teologia das emoções , sofre por parte dos críticos acadêmicos e eclesiásticos históricos , um ataque desmerecedor , porque é preciso considerar que no culto pentecostal o elemento chave não é propriamente as emoções ou os sentimentos religiosos . O que predomina é exatamente o seu apego as Escrituras, pois diferentemente do que pensam sobre a igreja pentecostal , é necessário levar em conta a fé e a doutrina nos fenômenos históricos que marcaram o inicio da igreja de Jesus Cristo.
Só existe crise quando a Palavra de Deus se faz ausente. O Espírito Santo é o sujeito divino, por assim dizer, responsável pela cura das pessoas no culto na medida em que a Palavra é processada dentro de um programa de redenção.
No futuro próximo a igreja pentecostal, como hoje, deverá continuar dependendo do apoio das Escrituras, porque que, provavelmente, poderá enfrentar desafios e crises que sobrevirão ao cristianismo, cobrando da igreja um posicionamento maduro sobre temas relacionados a fé e a moral da igreja. No futuro, a igreja deverá concentrar seu olhar no passado, e enxergar com mais nitidez o rosto de Cristo em si mesma, em brilhar no mundo sem ser ou estar acomodada.
A crise que poderá afetar a igreja, com certeza, influenciará pelo menos três áreas, a saber: a histórica, a teológica e a ética. Na área história a igreja vai precisar formar-se nas verdades essenciais do cristianismo bíblico; na área teológica, ela será a responsável por dar uma resposta convincente ao mundo sobre o que acredita e porque acredita no que confessa; e, por último, será na área ética a parte mais critica e sensível, pois o mundo estará aberto de definitivamente a uma espécie de nova moral, onde o que consideramos hoje como pecado, talvez, amanhã, e será mesmo, apenas uma retórica do passado. A aparente maioridade do mundo será o ápice do pecado. Nesse tempo o mundo deverá redigir um novo estatuto moral, tornado a consciência humana a cada vez mais distante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, o fundamento ético da nossa salvação e a esperança escatológica de nossa fé.
Jesus Cristo é definitivamente o Deus revelado na história e isso quer dizer que o evangelho corresponde a verdade indivisível, inegociável, que todo o cristão autentico deve defender e viver acima de qualquer proposta em contrário. Para o cristão Jesus não é apenas um ser religioso, sobrenatural, profético ou portador de uma ética pela opção do próximo. Ele é o que Deus é: o Deus que se identificou conosco, em nosso sofrimento e, decidiu o nosso futuro na cruz.
O que torna o cristianismo peculiar é exatamente o que ele significa em sua essência evangélica: a resposta de Deus ao problema do pecado e a direção a uma salvação pelo seu sacrifício redentor. É por esta razão cristológica que não pode haver pentecostalismo sem o selo das Escrituras e a pedra fundamental que é o próprio Deus em Cristo dado ao mundo como dom de Deus e resposta a grande pergunta sobre Deus.