A "crise da Corona" transformou o modo de vida das famílias marroquinas

Por Lahcen EL MOUTAQI | 08/06/2020 | Religião

A sociedade marroquina vive com o impacto de uma crise da saúde sem precedentes, levando as pessoas a se adaptar forçosamente às condições sociais e religiosas, consequências da pandemia, uma vez que esta "crise de Corona" impôs a sua influência sobre as tradições da sociedade, sobretudo nas ocasiões religiosas, celebradas em ambiente privado.

Assim, "Covid-19" alterou todas as atividades de celebrações populares existentes entre as famílias marroquinas nas ocasiões religiosas, a exemplo do mês de Ramadã, coincidindo com a festa do Eid al-Fitr, cujos rituais habituais foram anulados entre as pessoas, bem como nas mesquitas ou nos lugares, privando a comemoração, a alegria que acompanha tal celebração religiosa, sagrada para a sociedade muçulmana.

Trata-se, então de condições psicossociais difíceis que caracterizam estes momentos para as famílias marroquinas, durante esta "crise da Corona", claramente expressa em seus comportamentos nestas ocasiões religiosas, devido às repercussões graves desta epidemia, inclusive do ponto de vista psicológico, dadas as tradições enraizadas e a atmosfera espiritual celebrada à luz dos temores de um surto do vírus.

Qual é o estado das condições em que vivem as famílias marroquinas? Uma pergunta dirigida pelo jornal Hespress para Dr a Mohsen Benzakour, pesquisador na psicologia social,  resposta foi: "a atmosfera atual obrigou os marroquinos a se adaptar à epidemia, cuja esperança da grande maioria da sociedade levantar as regras do confinamento  e a volta à vida normal".

Dr Benzakor destacou a este jornal eletrônico que "os marroquinos estão tentando criar uma atmosfera específica para esses rituais religiosos, a fim de criar um tipo de resistência psicológica, apesar da dificuldade sobre o ritmo das pressões", anotando que "não é possível negar a extensão do estresse psicológico, vivenciado pelas famílias, em termos de um sentimento de privação e perda de visitas das Família, sem poder  sair e trocar abraços."

O professor da universidade explicou ainda que "a esperança de retornar à vida normal, leva uns grandes segmentos da sociedade a resistir à pressão do governo e das normas, sobretudo à luz do que se divulga nas mídias sociais que aliviam o ônus sobre as crianças, famílias e idosos, devido as medidas de isolamento sanitário, da celebração a distância da festa do - Eid al-Fitr-, porque, sem este meio, o dia de – Eid- será muito mais triste.

Concluindo  que "algumas famílias mantiveram as tradições festivas, apesar do confinamento, comprando roupas novas da festa do Eid para suas crianças ou ainda, preparando refeições; o que de certa forma alivia o sofrimento, mas ao mesmo tempo  outros grupos sentem o efeito negativo, sem o apoio e o escorregão de uma parte da comunidade, graças aos meios financeiros e relacionais, ajudando aqueles sem a moradia, para enfrentar as dificuldades e aliviar a situação da crise infinita.

Lahcen EL MOUTAQI

Professor universitário- Rabat, Marrocos