A CRIANÇA,

O BRINCAR E SUAS REGRAS

 

Douglas Humberto Pinheiro*

Maria Carmelita dos Santos*

RESUMO

O presente trabalho trata-se de um estudo ordenado de integração entre teoria e prática, ocorrido durante as atividades de Estágio Supervisionado realizado na área de Psicologia Social do Curso de Psicologia do Centro Universitário de Brasília/UniCEUB e no ano de 2010. O trabalho inicia-se com uma breve introdução a respeito do estágio em psicologia bem como também uma explanação sobre a instituição a qual possibilitou a realização do trabalho proposto. No desenvolvimento foram abordados os conceitos teóricos da Análise Transacional somados aos conceitos e ferramentas de outras áreas de atuação da Psicologia. Por meio das dinâmicas e dos jogos realizados, além do olhar desafiador dos próprios estagiários, foi possível a dupla realizar uma discussão em relação à rede de integração teoria-prática. Por fim algumas considerações finais levantadas pelos estagiários a cerca do tema discutidos. 

 

Palavras-chave: Psicologia Social; Análise Transacional; Jogo Lúdico.

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Alunos do Curso de Psicologia do Centro Universitário de Brasília-UniCEUB.

Douglas Humberto Pinheiro com o Registro Acadêmico - número: 2083823-0 e

Maria Carmelita dos Santos com o Registro Acadêmico - número: 2058221-0

Orientados pela Professora – Supervisora: Suzana Joffly

 

 

INTRODUÇÃO

O presente trabalho surgiu em decorrência do Estágio Supervisionado de Psicologia Social do curso Psicologia do UNICEUB. O objetivo principal é permitir um primeiro contato com o campo, aos alunos da graduação. Para isso, são criados convênios através do CENFOR de Psicologia com instituições sociais de necessidades diversas.

Divididos em grupos, os alunos acompanham o cotidiano dessas instituições e por meio das técnicas aprendidas em sala de aula trabalham na prática as questões emocionais e sociais.

Essa produção foi realizada por uma dupla de estagiários que acompanhou um grupo de crianças da Obra Social Nossa Senhora de Fátima. A dupla trabalhou com crianças de nível escolar de quarta e quinta série, com idade entre 10 e 12 anos e por um período aproximado de quatro meses.

As visitas realizadas pela dupla ocorreram em dias fixos e semanalmente. Todas as quintas feiras com exceção para os feriados quando não houve as visitas, a dupla se fazia presente na obra por um período de quatro horas e com proposta de intervenção a realizar com as crianças. 

Todas as atividades realizadas pelos estagiários na instituição foram supervisionadas e discutidas pela professora da disciplina, onde os estagiários colocavam suas vivências práticas na instituição e os conceitos teóricos utilizados.  

Após a inserção do estagiário no campo, são realizadas reuniões de devolução na instituição onde são apresentados os relatórios, parcial e final juntamente com feedbacks dos aspectos observados. Os alunos realizam um trabalho final, produção deste artigo no qual alguns conceitos trabalhados foram discutidos e aprofundados.

Dentre os vários pontos levantados a dupla identificou a necessidade de se trabalhar algumas questões relevantes para a estruturação destas crianças. Elegendo como sendo importante a obediência às regras, fossem elas regras institucionais, regras impostas pelos pais ou responsáveis, ou ainda, a própria sociedade, enfim, as regras que levam a pessoa a ter uma relação tranqüila e harmoniosa com elas mesmas e com a comunidade, quando seguidas.

Na tentativa de trabalhar a compreensão das regras pelos alunos, os estagiários articularam conceitos e experiências conduzindo a uma reflexão das práticas do cotidiano da instituição e da vida, contribuindo, assim, para problematizar alguns aspectos da psicologia social contemporânea, que será apresentado a seguir por meio de uma confrontação entre teoria e prática.

 

DESENVOLVIMENTO 

Na psicologia social tem que se levar em conta, a pessoa, o grupo social e a comunidade em que a pessoa vive, portanto os desejos que emanam da comunidade são também matéria-prima nessa articulação. Com o objetivo de possibilitar opções para as crianças da instituição, associamos a Análise Transacional às dinâmicas e jogos, ou seja, fazer uso de atividades lúdicas como uma forma de partilhar o sensível, tanto no que diz respeito às formações históricas do social quanto às necessidades que se fazem presente no pessoal dessas crianças.

Em meio a um cenário de muitas histórias de discriminação, repressão, opressão, violência e preconceitos; encontramos mergulhadas estas pequenas crianças da Obra Social.   

Neill (citado em Crema, 1977), cuja obra foi provar que a liberdade é possível na educação, afirmava que “não existe criança problema, mas pais problemas e humanidade problema”. Entendendo também que quase toda patologia individual, ou social é produto de uma aprendizagem negativa. Tal efeito pôde ser percebido durante o estágio, mais especificamente no dia 11 de março.

 

A aluna “L” se mostrava insegura com o dever e solicitava a ajuda da amiga. A estagiária se aproximou e conversando com a menina essa lhe confessou: “que seu pai também estudava e havia lhe dito que ele sabia mais do que ela quando tinha a idade dela, porque a sua mãe era professora”. Em resposta a estagiária estimulou a ler o dever e tentar fazê-lo sozinha. Aos poucos foi se desinibindo e concluiu o dever com bastante independência e satisfação. (Trecho do Relatório de atividades do Grupo do dia 11/03/2010)

 

A Análise Transacional aponta para a possibilidade de desenvolvimento e atualização oferecendo seus instrumentos para aplicação individual, organizacional e social orientados para a correção da conduta humana e, ainda mais para a profilaxia educacional.

Para Eric Berne (1956, citado em Crema, 1977), a Análise Transacional aliada com a Terapia Gestáltica é um novo e efetivo método racional de terapia grupal, um dos mais potentes e em prol do ajustamento humano, dado a sua rapidez e eficácia, pois é capaz de produzir mudanças profundas e estáveis. 

Crema (1977) diz que podemos afirmar baseado em evidências, experimentos e clínicas que receber carícias é uma necessidade básica e vital ao ser humano. Isto foi evidenciado no dia 25 de março, como relata o trecho do relatório de estágio.

 

Chegando a quadra de esportes a estagiária vê um menino sendo agarrado e arrastado com tapas por quatro meninos. Ela então chega, abraça o menino que estava sendo arrastado e pergunta o que estava acontecendo. 

Digo que todo mundo gosta de carinho e pergunto se eles não gostam. Uns se afastam e um deles diz que não gosta, depois diz que só da mãe dele, depois diz que da mãe e do pai. Digo que gosto de carinho de todo mundo, que quanto mais carinho melhor e abraçada a “B” peço que chegue que faço carinho nele também. (Trecho do Relatório de atividades do Grupo do dia 25/03/2010)

 

Assim sendo, podemos e devemos nos servir também das “Carícias” da abordagem da Análise Transacional em complemento às atividades lúdicas na perspectiva de obtermos resultados significativos para o desenvolvimento e formação dos nossos “educandos”. Conhecendo as teorias e as suas possibilidades práticas, temos em nossas mãos instrumentos fundamentais para dirigir a nossa prática, propiciando oportunidades, dos nossos “educandos”, internamente se reconstruírem e construírem.

Segundo Luckesi (2002) o ser humano, quando age ludicamente, vivência uma experiência plena, porque, quando estamos participando verdadeiramente de uma atividade lúdica, não há lugar, na nossa experiência, para qualquer outra coisa além dessa própria atividade não há divisão. Estamos inteiros, plenos, flexíveis, alegres, saudáveis. Se estivermos divididos com outra coisa, com certeza, não estaremos verdadeiramente participando dessa atividade, estaremos com o corpo presente, mas com a mente em outro lugar e, então, nossa atividade não será plena e, por isso mesmo, não será lúdica.

Luckesi (2000) cita que: “Brincar, jogar, agir ludicamente, exige uma entrega total do ser humano, corpo e mente, ao mesmo tempo. A atividade lúdica não admite divisão; e, as próprias atividades lúdicas, por si mesmas, nos conduzem para esse estado de consciência.”, como pôde ser visto durante a realização da atividade do dia 20 de maio, relatada a seguir.

 

A estagiária sugeriu a confecção de balões, atividade que foi muito bem recebida pelas crianças, tendo adesão total de todos que estavam presentes na sala, incluindo o monitor. A estagiária conhecia o passo a passo e conduziu a elaboração do balão em conjunto com o colega de estágio que acompanhava as crianças, que estavam organizadas em círculo.

As crianças confeccionaram seu primeiro balão e ficaram encantadas com o resultado final. Se dispuseram imediatamente a colori-los, dando mais vida a eles e  dando a entender que se identificaram com a produção fazendo questão de valorizar o seu produto. Sobretudo quando pediram para levá-los para casa. Um dos alunos disse que gostaria muito de mostrá-lo para sua mãe, pois não poderia participar da festa. (Trecho do Relatório de atividades do Grupo do dia 20/05/2010)

 

Segundo Piaget (1990, citado em Luckesi, 2002), é preciso estar atento ao tempo e as fases do desenvolvimento do ser humano para as possibilidades de realizar e incorporar uma determinada ação. Para ele, os jogos são recursos fundamentais, dos quais o ser humano lança mão em seu processo de desenvolvimento, possibilitando a organização de sua cognição e seu afeto, ou seja, a organização do seu mundo interior na sua relação com o mundo exterior, que são classificados em três tipos de acordo com as fases do desenvolvimento: jogos de exercício, jogos simbólicos e jogos de regras.

De acordo com a teoria de Piaget, os jogos de regras se enquadram na fase do desenvolvimento em que se encontram as crianças da turma com a qual os estagiários estão trabalhando, ou seja, a partir dos seis/sete anos de idade em diante, período denominado de operatório concreto (sete aos doze anos), que é o período da aproximação e da posse da realidade. Esse enquadramento foi identificado no dia 22 de abril.

Ao término da confecção do projeto os meninos pediram aos estagiários que jogassem futebol com eles, porém, as meninas preferiam jogar queimada. Os estagiários primeiro foram buscar a informação se era permitido ou não jogar bola naquele momento e onde pegar a bola. Uma vez dada a permissão e diante do impasse de qual tipo de jogo jogar os estagiários decidiram por realizar uma pequena disputa entre eles para tomar a decisão. A escolha do jogo seria tomada de acordo com o resultado da dinâmica do Canguru, o grupo vencedor escolheria qual tipo de jogo seria jogado e não haveria revanche para o perdedor. Os alunos aderiram rapidamente à idéia e então foram montadas as equipes de acordo com a preferência de jogo, o grupo vencedor foi o grupo que queria jogar queimada. Então, conforme pré-estabelecido antes da disputa, fomos para a quadra jogar queimada. (Trecho do Relatório de atividades do Grupo do dia 22/04/2010)

 

Estudos e teorias do desenvolvimento dizem que a conscientização da realidade na criança se dá em torno dos cinco, sete anos. Nessa fase, a criança começa a se defrontar com os dados da realidade e a abandonar as fantasias, entrando em contato com as regras do mundo real. É nesse período, também, que para Freud se manifesta o Complexo de Édipo, período onde as regras e papéis sociais colocam para a criança os limites das relações sociais.

Segundo Luckesi (2002), os jogos auxiliam a criança, o adolescente e o adulto a aprender a operar com os entendimentos dos raciocínios abstratos e formais. E conclui, de acordo com Piaget, que os jogos, bem como atividades lúdicas, servem de recursos de autodesenvolvimento. Piaget vê os jogos como atividades que vão propiciando o caminho interno da construção da inteligência e dos afetos.

 

Restaram as meninas que quiseram brincar da brincadeira do canguru, brincadeira da qual apreciam muito. Foi muito bom, pois, foi mais uma oportunidade para trabalhar regras e fornecer feedback a respeito dos comportamentos inadequados para uma competição, como falta de concentração, disciplina e técnica. (Trecho do Relatório de atividades do Grupo do dia 13/05/2010)

 

A citação supracitada vem corroborar a tese de que a brincadeira para as crianças ajuda na construção interna da identidade e da individualidade e na convivência com os outros. Permiti vivenciar os sentimentos individuais e comunitários, possibilitando um sentido novo no momento de convivência.

De acordo com Luckesi (2002), vivenciar uma experiência lúdica em grupo é muito diferente de praticá-la sozinho. No grupo tem a força e a energia do grupo; ele se movimenta, se sustenta, estimula, puxa a alegria, mas somente cada indivíduo, nesse conjunto vital e vitalizado, poderá viver essa sensação de alegria partilhada no grupo.  Através da brincadeira a criança se expressa e libera os conteúdos do inconsciente, restaurando as possibilidades de vida, se libertando dos bloqueios impeditivos, que por vezes estão tão fixados que impedem a criança até mesmo de brincar; fato este que nos sinalizará para uma atenção mais cuidadosa para com esta criança.

 

Foi entregue duas folhas de cartolina e canetas coloridas para que eles desenhassem o lugar que moravam. Inicialmente duas crianças se motivaram e começaram a desenhar. Uma desenhou a praça do centro da Estrutural com coqueiro e pedras decorativas, cercada pelo rio de esgoto. Falou com orgulho da praça, contou que o pai tirou uma foto dela pra colocar no celular. Contou, ainda, que estão aterrando o rio de esgoto e que ele vai deixar de existir. O outro desenhou sua casa, a rua que morava e as ruas que desembocavam na praça. (Trecho do Relatório de atividades do Grupo do dia 25/03/2010)

 

A situação ocorrida na citação acima nos mostra que a prática de atividades lúdicas, a partir das histórias pessoais das crianças, revela como elas estão, o que sentem sobre o seu cotidiano, seus medos, suas dúvidas a respeito do que está ocorrendo e o que está incomodando, por outro lado revela, também, a construção do futuro. Muitas atividades lúdicas das crianças são de imitação do adulto, outras não imitam, mas constroem modos de ser. Meio pelo qual as crianças estão, por uma parte, tentando compreender o que os adultos fazem, e, de outra, experimentando as possibilidades de sua própria vida, o que quer dizer que, através das atividades lúdicas, estão construindo e fortalecendo o seu modo de ser, a sua identidade.

 

Tínhamos levados livros para trabalhar as questões referentes à auto-estima, medo e tristeza. Começamos pelo medo por ter sido tema de histórias contadas por eles em dias anteriores.  Introduzimos o assunto do dia perguntamos quem tinha medo e de que tinham medo? Surgiram vários tipos de medo, inclusive medo de nada, alguns afirmavam não ter medo algum,...ou talvez, tivessem medo de dizer que tinham medo perante seus amigos. Então falamos que nós também tínhamos medos e que todo o ser humano tem medo. O estagiário ainda compartilhou com as crianças informações suas com: disse a eles que tinha medo de baratas e quando pequeno tinha medo do escuro, mas quando crescia foi aos poucos perdendo o medo. Uma vez identificado os medos, falamos de como ele se manifestava no corpo, como distinguir se o medo é real ou ficção, e ensinamos alguns “truques” para diminuir o medo. (Trecho do Relatório de atividades do Grupo do dia 13/05/2010)

 

Como visto acima, os desenhos, as falas, as estórias que inventam, são manifestações do inconsciente nas atividades lúdicas, que poderão também estar vinculadas a experiências mais antigas.

Segundo um estudo realizado por Rutter (1979), crianças podem sofrer influência de um estressor, porém não tão significativa já a combinação de dois ou mais estressores pode diminuir a possibilidade de conseqüências positivas. Isto para crianças de camada social de baixa renda, famílias numerosas, doenças mental, institucionalizadas sob a custódia do governo entre outras.

Alguns estudos levam a acreditar que o ambiente pode não direcionar o futuro do individuo, mas sim o acompanhamento e a atenção disponibilizada no percurso. Pesquisa realizada por Werner e Smith (1982), com crianças com uma história de quatro ou mais fatores de risco, a saber: pobreza, baixa escolaridade dos pais, estresse perinatal ou baixo peso no nascimento, ou ainda a presença de deficiências físicas. Os resultados demonstraram que nenhuma criança desenvolveu problemas de aprendizagem ou de comportamento.

Como exemplo prático pode se dizer a própria realidade da instituição, onde as crianças vindas de uma cidade ate pouco tempo dita como “invasão”, ou seja, cidade com um realidade da população de baixa condição financeira, ainda assim foi observado que as crianças da turma apresentam boa capacidade de aprendizado.   

Sabendo que o ambiente não é o único responsável pela formação destas crianças abrigadas, possibilita ao profissional trabalhar voltado para resultados. Na prática, os estagiários se dedicaram a realizar trabalhos lúdicos de maneira a ensinar os alunos valores básicos. As atividades foram realizadas por etapa, em principio trabalhou se a questão das regras com um jogo que foi muito bem aceito por eles mesmo. Um jogo de balão “o canguru”, no qual para ganharem neste jogo de competição deveriam ser fieis as regras, trabalharem em equipe e sobre tudo saberem perder.

Durante todas as atividades, estas que ocorriam semanalmente, os alunos sempre pediam para jogar este jogo ao final das atividades diárias. Eles tiveram informações e conhecimento do jogo e de sua importância aqui descrita. Assim facilitou aos estagiários o repasse deste conhecimento que a posterior introduziu outras dinâmicas e jogos para fortalecerem tal aprendizado.

Como reforço ao novo conhecimento adquirido os estagiários introduziram na oportunidade da festa junina a elaboração dos enfeites o que serviu como uma “luva” para a necessidade da dupla. Com a confecção dos enfeites, balões, bandeiras e outras foram possíveis ilustrar ao aluno a importância de se trabalhar em grupo, a valorização de seu trabalho e o porquê seguir uma ordem, sobre tudo quando identificaram o resultado final dos seus esforços.  

Os estagiários trabalharam ainda a queimada e o futebol, visto que há na turma mais alunos que alunas e sendo este os jogos mais cobiçados pelos alunos. Segundo Rutter (1971), os meninos são mais vulneráveis que as meninas, não somente aos estressores físicos, mas também aos psicossociais.

Durante este tipo de atividades os resultados foram diversos, entre eles podemos citar que os alunos aprenderam a respeitar o próximo em seus defeitos. Atentaram ainda para o linguajar do tipo “idiota; filho da puta; burro” entre outros. Os resultados só foram possíveis frente à postura adotada pelos estagiários, carinho e atenção fizeram parte deste repertório.

O que nos leva a acreditar que antes de qualquer coisa, deve ser dar atenção e carinho incondicional as crianças, que no futuro os adultos serão o que aprenderão a ser na infância. E ainda, resultados positivos podem e devem ser alcançados desde que com muita dedicação.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Assim sendo a psicologia social aborda temas e assuntos diversos, levando sempre a discussões consideradas necessárias para o crescimento pessoal. O profissional da área tem uma árdua tarefa, pois este deverá ter além de um vasto conhecimento técnico, um domínio na prática de suas atividades sempre pautado em uma postura ética independente do assunto explorado.

Sabemos ainda que ser ético e moral são apenas fundamentos primordiais a boa convivência de qualquer profissional, ou ainda, a boa convivência de qualquer pessoa. Sendo assim a construção ética e moral estão diretamente relacionados com a percepção do ambiente ao seu redor e sua postura para com o mesmo, sendo ambiente tanto coisas físicas quanto materiais.

Identificar atitudes aceitas ou não pela sociedade é fácil, identificar tais atitudes em um psicopata ou uma perversão é fácil, difícil é modelar tais atitudes em alguém. O que deve ser feito desde os primeiros momentos de vida, desde os primeiros ensinamentos, ou seja, uma educação certa. Assim estas crianças da instituição, podem estar no momento certo de serem educadas para que no futuro pratiquem atitudes éticas.

Este trabalho é sobre tudo muito difícil o que se deve em parte as próprias representações sociais que elas trazem consigo – famílias de risco social e vulnerabilidade, com situações familiares com comportamento de furto, roubo, violência em casa, nas ruas, nas escolas e de certo modo ate mesmo na obra social.

Vislumbrando todo este cenário, de uma criança da instituição social em questão que na vida pouco conhece – pequeno histórico de vivência pessoal - e que em sua grande maioria são coisas negativas, mas encontram ao mesmo tempo uma maneira de brincar, sorrir e ate sonhar, ou seja, ser crianças, a maneira explorada por elas em grande parte são os próprios jogos.

Jogos este que podem ser exercidos de forma agressiva, meramente para extravasar a agressividade da criança ou jogos lúdicos no qual a criança com o apoio de outra ou de um profissional, em nosso caso um psicólogo, irá fazer do jogo uma forma de educar, ensinado conceitos básicos, fazendo uso das próprias regras dos jogos e suas dinâmicas.

Com o jogo bem direcionado pelo psicólogo, aspectos como auto-estima, autonomia, confiança, segurança, paciência, obediência entre outras podem e acabam sendo alcançados e assim o profissional estará possibilitando a formação de uma criança e a posterior um adulto reconhecido por sua boa postura pessoal.

E ainda, é através dos jogos que as crianças desenvolvem um melhor relacionamento com outras crianças e com adultos, por meio dos jogos podem interagir com o meio em que estão inseridas. Os jogos lúdicos podem proporcionar ainda um maior crescimento pessoal, partindo do auto-conhecimento, referente a um mundo novo descoberto pela criança.

REFERÊNCIAS

Crema, R. Manual de Análise Transacional. 4ª Edição. Brasília, H. P. Mendes. 1982. 109p. ilust. 23cm.  

Luckesi, C. C. Educação, ludicidade e prevenção das neuroses futuras: uma proposta pedagógica a partir da Biossíntese, in Educação e Ludicidade, Coletânea Ludopedagogia Ensaios 01, organizada por Cipriano Carlos Luckesi, publicada pela GEPEL - Programa de Pós-Graduação em Educação, FACED/UFBA, 2000, p. 21.

Luckesi, C. C. Ludicidade e Atividades Lúdicas: uma abordagem a partir da experiência interna, educação e Ludicidade, Ensaios 02; ludicidade o que é mesmo isso?, publicada pela GEPEL – Programa de Pós-Graduação  em Educação, FACED/UFBA, 2002.                                Disponível em <http://www.luckesi.com.br>. Acessos em 22 maio 2010.

Yunes, M. A. M. (2003). Psicologia positiva e resiliência: o foco no indivíduo e na família. Psicol. estud.,  Maringá,  v. 8,  n. spe,   2003 .   Disponível em . Acessos em  31  maio  2010.