A CONTRIBUIÇÃO DAS CATEGORIAS DE ANALISE ESPAÇO E PAISAGEM PARA AS AULAS DE GEOGRAFIA


1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos tem sido comum dizer que o aluno é sujeito de sua aprendizagem, mas nem sempre os desenvolvimentos de atividades escolares permitem que o aluno seja o protagonista de uma educação realmente inclusiva. Dentre as várias
áreas do conhecimento que compõem a educação básica, os conteúdos de geografia voltados para o ensino humanístico geralmente fazem com que o aluno seja estimulado a desenvolver novas formas de interagir com as metodologias adotadas pelo professor, elas têm sido trabalhados no sentido de colocar o aluno como ponto central fato que no ensino tradicional não ocorria. Para Kaercher (2007), Muitos ainda acreditam que a geografia é uma disciplina desinteressante e desinteressada, elemento de uma cultura que necessita da memória para reter nomes de rios, regiões, países, altitudes, etc. Nesta primeira década do século XXI, a geografia, mais do que nunca, coloca os seres humanos no centro das preocupações, por isso pode ser considerada também como uma reflexão sobre a ação humana em todas as dimensões. Ela preocupa-se com as inquietações do mundo atual, buscando compreender a complexidade da forma como ocorre a ordem e a desordem no planeta. Na realidade, ela é um instrumento de poder para aqueles que detêm os seus conhecimentos (KAERCHER 2007, p.42).
De acordo com Stefanello (2009) o ensino de geografia pode ser pensado a partir da evolução da educação que passa pelo ensino tradicional, nova, crítica e renovada. Na geografia tradicional, o espaço não é considerado um conceito central, essa ciência também refletiu nos métodos e nos conteúdos de ensino, para os quais é importante a informação sobre as áreas da superfície terrestre, bem como a memorização dos elementos da paisagem, como rios, montanhas. O ensino se baseava em uma abordagem de descrição, classificação e fragmentação do espaço.
Na geografia nova utilizou dados estatísticos e também condenou o uso das aulas de campo, por considerar desnecessárias as observações da realidade e passou a ser então utilizados medições em laboratórios. Na geografia crítica os conteúdos passaram a ser caracterizados pela reflexão a respeito da organização do espaço, com uma forte tendência em analisar sua produção a partir das estruturas sociais. Por ultimo, tem-se como linguagem da educação a geografia renovada que tem uma abordagem humanística, tornando fundamentais as experiências vividas e adquiridas pelo indivíduo.
Embora a geografia tenha feito este percurso, a ruptura de paradigmas que envolvem a maneira de compreender os fenômenos que acontecem na sociedade não ocorreu repentinamente. Então como ensinar Geografia, visto que as metodologias ainda utilizadas na maior parte das escolas ainda seguem pelo viés tradicional? Segundo 3 Kaercher (2003, p. 69), "O movimento de renovação da geografia brasileira já tem quinze anos, mas seu sopro renovador ainda está distante da maioria das salas de aulas".
Em sala de aula é fácil perceber que tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio, alguns educadores continuam utilizando a linha tradicional de ensino.
O ensino da geografia - estamos nos referindo às escolas fundamental e médio - passa atualmente por uma fase de intensa reformulações. Aliás, o sistema escolar, em geral está sendo repensado e reconstruído. Um dos grandes desafios nesse novo século diz respeito ao papel da escola na sociedade: as suas relações com a cidadania - que também se redefine com a globalização e a criação/expansão de novos direitos: das mulheres, das crianças e dos idosos, de minoria ética ou de orientação sexual, e um ambiente sadio etc.- e com o mercado de trabalho, exatamente quais tipos de potencialidades (raciocínio lógico, sociabilidade, inteligência emocional, criatividade e espírito critico etc.) ela deve procurar desenvolver nos educandos que tipo de relação deve manter com as comunidades nas quais existe e das quais é parte integrante. (VESENTINE, 2007, p. 7-8) A construção do saber geográfico no ensino médio está baseada em conceito - chaves. Os livros didáticos utilizados pelas instituições educacionais apresentam os conteúdos como padrão de forma hierárquica não aceitando as alterações dos mesmos.
Kozel (2006) aponta as categorias de analise da geografia presente nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ministério de Educação e Cultura - MEC (Brasil, 1998) como principais agentes norteadores para uma educação diferenciada. Dentre elas as que ganham maior destaque no desenvolvimento dos conteúdos para o ensino médio são o espaço e a paisagem no sentido de alertar os educadores a não trabalharem hierarquicamente do local e ao mundial, pois seria interessante na apresentação dos conteúdos curriculares trabalham as categorias de analise priorizando a paisagem local e o espaço vivido para que fossem abordados de tal modo que possibilitasse ao aluno estabelecer as primeiras relações espaciais com o mundo, desvinculando a ideia da visão segmentada do espaço escolar.
De acordo com Castelar (2000), para aprender a pensar o espaço, é necessário que primeiramente aprendemos a ler o espaço, "que significa criar condições para que o aluno leia o espaço vivido". Porém, fazer essa leitura demanda uma série de condições, que podem ser resumidas na necessidade de se realizar uma alfabetização cartográfica, e esse "é um processo que se inicia quando o aluno reconhece os lugares, conseguindo identificar as paisagens". Para tanto, ela precisa saber olhar, observar, descrever, registrar e analisar o espaço geográfico.
4 Para Cavalcante (2005), a escola só surge a partir de uma necessidade que as pessoas têm, de satisfazerem as suas necessidades. Junto com a escola surgem os ensinos e as disciplinas e a geografia traz junto com ela a prática de ensino essencial para conhecermos o nosso espaço. Assim entenderemos como tem sido encaminhada a compreensão sobre o espaço, paisagem, com os alunos da Escola Estadual Senador Filinto Müller de Arenápolis - MT.
Faz-se importante ressaltar que a prática de ensino de geografia contribui eficazmente na formação da cidadania, uma vez que oferece instrumentos essenciais para a interação na realidade social através da prática de (re) construção dos conhecimentos, habilidades, valores que ampliam a capacidade crianças e jovem compreenderem o mundo em que vive e atuam, numa escola organizada como um espaço aberto e vivo de culturas. (CAVALCANTI, 2005, p.47).
Assim, o problema que norteará está pesquisa se volta para a prática tradicional que os professores de geografia estão utilizando no desenvolvimento de suas aulas, esquecendo - se muitas vezes das categorias de analise que deveriam ser seu foco.
Diante disso está pesquisa torna-se relevante para romper com a prática tradicional da sala de aula e também que o aluno consiga utiliza esse aprendizado metodológico para compreender, além do seu espaço vivido - o lugar em que está - outros lugares estes, que podem ser distantes de sua vida diária, mas que estão interferindo na dinâmica geral das sociedades e, ao mesmo tempo, na sua vida ou de seu grupo em particular.
Por isso o objetivo geral desde artigo apresentado junto ao PARFOR foi de levantar a partir das categorias de análise da geografia, informações sobre as concepções teórico - metodológicas utilizadas pelos professores de geografia enfocando os conceitos de Espaço e Paisagem no Ensino Médio da Escola Estadual Senador Filinto Müller do Município de Arenápolis - MT.
Com objetivos específicos foi realizado um comparativo entre as Orientações Curriculares de Geografia do Ensino Médio do Estado de Mato Grosso, com a proposta curricular da Escola Estadual Senador Filinto Müller de Arenápolis - MT. Na qual foram verificadas quais matérias didáticas são utilizados para trabalhar as categorias de análise base da geografia enfocando o objeto de analise da geografia: o espaço e os conceitos Paisagem como categoria de analise, no 1º ano do Ensino Médio da Escola.
Além da verificação quanto à compreensão do aluno em relação aos conceitos Espaço/Paisagem.
5 Para a realização deste artigo inicialmente foi realizada a Pesquisa Bibliográfica para o embasamento teórico sobre a Legislação Brasileira existente e as metodologias de ensino da geografia, com o propósito de fornecer fundamentação teórica ao trabalho. Para complementar os estudos no processo de aprofundamento teórico serão trabalhadas as ideias de Celso Antunes (2008): fazendo uma crítica a maneira tradicional dos professores ministrarem suas aulas, propondo novas metodologias e estratégias para construir competências através de uma educação de qualidade; Nas práticas pedagógicas para o Ensino Médio de Kaercher; Rego & Castrogiovanni (2000) trata da renovação dos métodos de ensino, de forma a interessar aos jovens e realmente ajudá-lo na sua formação; Vesentini (2003) aborda o aspecto social da geografia, na construção da democracia e da cidadania, bem como alternativas de reestruturação e redirecionamento do discurso e prática da Geografia.
Outro autor que contribuiu para a construção bibliográfica deste artigo foi Carlos (2002), que propõe como ensinar a Geografia na sala de aula, abordando temas variados tais como cartografia, cidadania, cinema, televisão, metrópole, educação e compromissos, Castelar (2010), contribuía com propostas de aprendizagem que superem o senso comum e que ainda perduram no ensino da geografia com foco no livro didático como além da argumentação de Stefanello (2009), que tratará da instituição escolar como promotora de atividades que levem os alunos a perceber o espaço geográfico e a refletir sobre ele, além, de favorecer a ação educativa dos professores em sala de aula, propondo uma reflexão sobre o ensino de Geografia.
Foi utilizada ainda a modalidade de pesquisa estudo de caso, que segundo (Gil,
p. 38) tem "o propósito de propiciar uma visão global do problema ou de identificar possíveis fatores que o influenciam ou são por eles influenciados", quanto à coleta de dados foi realizado na Escola Estadual Senador Filinto Müller, onde foi aplicado aos professores dos três turnos do primeiro ano do ensino médio um questionário não - estruturado (perguntas abertas) com objetivo a partir das categorias de análise da geografia, obter informações sobre as concepções teóricas-metodologias utilizadas pelos professores de geografia no que se referem os conceitos de Espaço e Paisagem. Além disso, foi realizado um questionário semiestruturado (perguntas abertas e fechadas) com os alunos do 1º ano dos três turnos da escola a fim de verificar a compreensão por espaço e paisagem dento da geografia.