Autor: André de Souza Hill.

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Co-autora: Silvana Bento de Melo Couto. 

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RESUMO

O presente artigo é de cunho bibliográfico e visa relatar a importância e os benefícios da Terapia Facilitada por Cães (TFC) na Educação, de modo a contribuir significativamente na promoção da saúde física, social, emocional e nas funções cognitivas do ser humano. Apoiou-se em alguns teóricos que discutem esta mesma temática como ABRAHÃO; CARVALHO, 2015, CAPOTE; COSTA, 2011; DOTTI (2014), FINE (2000), FÜLBER, 2011 e NOBRE, (M.O et. al.), PEREIRA, 2017. Após a realização de várias leituras concluímos que a A/TAA – Terapia Assistida por Animais é um processo terapêutico formal com procedimentos e metodologia, amplamente documentado, planejado, tabulado, medido e seus resultados avaliados, onde todos os progressos são verificados e reavaliados. Envolve serviços profissionais da área médica e outras, que utilizam o animal como parte do trabalho e como parte integrante do tratamento. Tem o acompanhamento do dono ou guia, tem objetivos claros e direcionados, com critérios estabelecidos. As leituras teóricas apontam que, o cão passa a ser uma ferramenta de forte influência no processo de ensino aprendizagem que pode ajudar tanto na melhoria da interação social como também na melhoria da qualidade de vida das pessoas submetidas a eles. Importante mencionar que após as buscas de informações, percebemos também que para realizar atividades terapêuticas com cães há insuficiência de Profissionais qualificados para atendimento da demanda.

 

PALAVRAS-CHAVE: Capacitação profissional, Atividades terapêuticas. Aprendizagem significativa.

 

 

INTRODUÇÃO

          O presente artigo é de cunho bibliográfico que objetiva relatar a importância e os benefícios da Terapia Facilitada por Cães (TFC), na Educação, de modo a contribuir significativamente na promoção da saúde física, social, emocional e nas funções cognitivas do ser humano.

            As atividades terapêuticas lúdicas assistidas por animais que envolvem a visitação, entretenimento e prazer por meio do contato dos animais com o ser humano, facilita o desenvolvimento integral e a inclusão social das crianças que apresentam necessidades especiais, utilizando o cão como instrumento terapêutico dentro de uma abordagem científica interdisciplinar nas áreas da saúde, educação, ou seja, o cão passa a ser uma ferramenta de forte influência no processo de ensino aprendizagem que pode ajudar tanto na melhoria da interação social como também na melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Segundo DOTTI (2014, p. 36):

 

[..] atividades desenvolvidas por profissionais treinados e/ou com proprietários ou “condutores” que levam seus animais às instituições, para uma visita de aproximadamente uma hora ou hora e meia, semanalmente ou esporadicamente, sem um objetivo claro, sem o resultado de uma análise dos pacientes, seu histórico e seu perfil.

São atividades que desenvolvem o início de um relacionamento, propõem entretenimento, oportunidades de motivação e informação, a fim de melhorar a qualidade de vida. Essas atividades têm um grande potencial para se transformarem em Terapia Assistida por Animais – TAA.

 

                Importante mencionar que há abordagens importantes a serem discutidas na Terapia Assistida por animais – TAA, como os efeitos que os animais têm sobre as pessoas nos aspectos físico e mental e os efeitos sobre os aspectos emocionais e sociais são espontâneos e muitas vezes inesperados (DOTTI, 2014, p.36).

                 Através dos animais, ambos os efeitos modificam comportamentos e influenciam de forma positiva a adoção de novos procedimentos para essas alterações.

                 Para a realização do presente artigo, fizemos um levantamento bibliográfico para embasar teoricamente o estudo. E, para atender ao objetivo proposto, o presente artigo está organizado da seguinte maneira:

                No capítulo I, fizemos uma breve discussão sobre os benefícios da Terapia Facilitada por Cães (TFC)

                No capítulo II, apresentamos um breve contexto sobre a contribuição da Cinoterapia no desenvolvimento da aprendizagem.

               Nas considerações finais, relatamos que as leituras teóricas realizadas, apontam que, o cão passa a ser uma ferramenta de forte influência no processo de ensino aprendizagem que pode ajudar tanto na melhoria da interação social como também na melhoria da qualidade de vida do ser humano, mas apontam também que para atender a demanda, há insuficiência de Profissionais qualificados, ou seja, para exercer este trabalho há necessidade de formação especializada, é necessário que o Profissional esteja sempre em busca de novas capacitações para adquirir habilidades e técnicas para ajudar na melhoria da qualidade do ensino e na qualidade de vida das pessoas.

 

1- BENEFÍCIOS DA TERAPIA FACILITADA POR CÃES (TFC)

 

              Desde a antiguidade, a afinidade do cão com os seres humanos foi se estreitando em função das variedades de funções que esse animal poderia exercer para o benefício do homem, sendo o cão a primeira espécie animal a ser domesticada. Descendentes dos lobos, sua domesticação se deu entre 10 mil e 20 mil anos atrás. Há registros históricos de cães de diversas raças – galgos, mastins, basenjis, pointers e cães pequenos do tipo maltês/terrier no Egito antigo.

             Importante ressaltar que registros históricos antigos retratados por meio de símbolos e desenhos identificam um elo de ligação do homem com os animais por meio da representação da afetividade e seus relacionamentos. E, com o passar do tempo, as possibilidades de funcionalidade foram se ampliando para caça, guardião, pastoreio, proteção, locomoção, ajudante de pessoas com deficiência e também para companhia

             Os efeitos benéficos sobre o comportamento humano permitiram alguns pensadores por volta do século XVIII, a perceberem decorrências dessa interação entre seres humanos e animais como tendo efeitos benéficos sobre o comportamento humano.

           Através dos tempos, as pessoas tem procurado melhorar a qualidade de vida, mas em meio a tantos problemas sociais da vida moderna, elas se encontram submergidas em relação a questões afetivas, a melhoria do estado mental, físico e o bem-estar social têm se tornando um objetivo primordial da humanidade de modo a manter uma vida afetiva e social prazerosa e equilibrada.

               Nesta busca constante por uma vida saudável, estão presentes as relações afetivas com os animais, os cães passaram a ser como uma companhia, principalmente quando alguém vive sozinho em seu lar. Estudos mostram que a interação homem-animal tem obtido diversos benefícios quando uma relação de vínculo se desenvolve.

Segundo DOTTI (2014, p. 13):

 

[...] os animais são para nós inspiradores de sentimentos mais refinados, que através de sua conduta nos ensinam como viver melhor e com mais qualidade de vida. Obviamente minha opinião está fundamentada pela minha própria experiência e pelos diversos exemplos e histórias de tantas outras pessoas que puderam estabelecer fortes laços de amizade com seus animais.

 

                  Parafraseando Jerson Dotti (2014), é uma questão de desejar, depende de nossa vontade de trabalhar para melhorar nossa saúde mental, física e emocional, utilizando o poder dos animais e respeitando sempre sua natureza. Essa interrelação que o homem vem recuperando gradativamente está espalhada por todo o país e pelo mundo, vivendo em sintonia, com respeito e dignidade.

                Para implantação da Terapia Facilitada por Cães (TFC), cujo intuito é de tornar essa prática como um instrumento de incentivo e estímulo, os procedimentos devem ser bem observados e trabalhados por profissionais de áreas diversas continuamente, objetivando aumentar gradativamente os benefícios dessa prática.

DOTTI (2014, p. 15) enfatiza que todos os elementos envolvidos no decorrer do desenvolvimento de atividades terapêuticas:

 

[...] desde o animal, proprietário, profissionais, entidades, pessoal de apoio e pessoas beneficiadas, devem estar integrados, para que o animal possa cumprir com muita propriedade o seu papel no processo. Cabe a nós gerarmos um ambiente de possibilidades para que possamos utilizar positivamente todos os recursos disponíveis para que a integração seja bem-sucedida. Primeiramente, devemos avaliar e identificar todos os fatores e variáveis para estabelecer a A/TAA, desde o local, suas condições, os animais, seus perfis, proprietários, profissionais diversos e classe de pessoas que devem ser detalhadamente observados e estudados.

 

                   Para que inúmeros benefícios da interação entre o homem-animal seja consolidado, trabalhando sempre em sintonia com o cão.

                   A importância dos animais na socialização e mudança do comportamento do homem são relatos desde o século XVII, na cultura ocidental.

                    Parafraseando (Fine, 2000) em 1699 já havia relatos sobre as relações dos animais, especialmente com as crianças, os quais tinham a função de socialização. As crianças podiam aprender e refletir sobre o senso de suas responsabilidades para com os outros.

De acordo com DOTTI (2014, p. 27)

 

No século XVIII, teorias sobre a influência positiva dos animais de estimação também começaram a ser aplicadas a doenças mentais. Isto ocorreu na Inglaterra, em um centro chamado York Retreat, que utilizava vários animais domésticos para encorajar seus pacientes a escrever, ler e se vestir. Em 1792, nesse centro, William Tuke utilizou animais de fazenda no tratamento de pessoas doentes.

 

               Programas de caridade num hospital inglês conhecido por Betheem em 1830, já marcavam os animais como sendo os precursores de uma atmosfera mais leve para os pacientes com doenças mentais.

                Os animais também foram utilizados para o tratamento de epiléticos, no ano de 1867, em Bethel – Bielefeld West Germany,

              Há registros sobre o uso de animais pela Força Aérea Americana. Amparado pela Cruz Vermelha, o programa usava cães, cavalos e animais de fazenda para a diversão nos intensos programas terapêuticos para reabilitação de soldados em Nova Iorque de 1944 a 1945.

               E nos anos 50, há implantação da utilização de animais no Rio de Janeiro, num hospital psiquiátrico pela Dra. Nise da Silveira. Seguida por Boris Levinson, na década de 60, que inicia a terapia psicológica com crianças.

                 Nos dizeres de DOTTI (2014, p. 27) as pesquisas se intensificam nas décadas de 70 e 80, sendo criada a:

 

[...] Pe Terapia, termo este abandonado nos anos 90 por não traduzir de forma eficaz as possibilidades do trabalho com animais. Finalmente chegamos às terminologias implantadas e aplicadas no mundo inteiro, “Atividade e Terapia Assistida por Animais – A/TAA”, seguindo o padrão americano.

 

               A TAA – Terapia Assistida por Animais é um processo terapêutico formal com procedimentos e metodologia, amplamente documentado, planejado, tabulado, medido e seus resultados avaliados. Com o intuito de alcançar os objetivos do programa todos os progressos são verificados e reavaliados. Envolve serviços profissionais da área médica e outras, que utilizam o animal como parte do trabalho e do tratamento. Tem o acompanhamento do proprietário ou guia, tem objetivos claros e direcionados, com critérios estabelecidos, dos quais o animal é parte integrante do tratamento. A TAA visa promover a saúde física, social, emocional e/ou funções cognitivas e pode ser desenvolvida em grupos ou de forma individual.

 

2- A CONTRIBUIÇÃO DA CINOTERAPIA NO DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM

 

            Atualmente, há grande pro­ximidade na interação homem e animal fazendo com que esta relação afetiva venha promover a estabilidade emocio­nal das pessoas, ocasionando inúmeros benefícios.

            Segundo NOBRE, (M.O et. al. – 89, p.03 e 04):

 

As Atividades Assistidas por Animais (AAA) se trata do desenvolvimento de atividades de entretenimento, recreação, motivação e melhora da qualidade de vida; a Terapia Assistida por Animais (TAA) que trata-se de uma intervenção direcionada, com objetivo de desenvolver e me­lhorar aspectos sociais, físicos, emocionais e cognitivos desenvolvida jun­to com profissional da saúde e a Educação Assistida por Animais (EAA) que atua na promoção da aprendizagem, do desenvolvimento psicomotor e psicossocial, desenvolvida junto com educador. A EAA tem sido eficaz para diferentes de problemas que envolvam o aprendizado, com foco prin­cipal naquelas situações em que envolvam educação especial (CAPOTE; COSTA, 2011; FÜLBER, 2011; DOTTI, 2014; ABRAHÃO; CARVALHO, 2015). Assim as IAAs melhora da qualidade de vida, desenvolvimento de sentimentos de amor, felicidade, harmonia e bem-estar, pois propor­cionam momentos de entretenimento e recreação (DOTTI, 2014).

 

                  Fundada em 1977, a Delta Society, uma organização sem fins lucrativos, cujo objetivo é de proporcionar através de atividades terapêuticas com animais, a melhoria da saúde, independência e qualidade de vida do ser humano, conceitua a terapia assistida por animais da seguinte forma:

 

A Terapia Assistida por Animais é uma intervenção dirigida na qual um animal que se enquadra em determinados critérios é parte integral do processo de tratamento, sendo projetada para promover uma melhora no funcionamento físico, social, emocional ou cognitivo do ser humano. (Delta Society, s.d.)

 

                    Estudos sobre a relação homem-animal avançaram e novos métodos de intervenção começaram a ser realizados por profissionais de diversas áreas conforme aos vários tipos de necessidades que começam a surgir.

                     NOBRE, (M.O et. al. – 89, p.04 e 05) enfatiza que:

 

As IAAs tem duração de cerca de 60min, iniciando com a apresen­tação do cão e a interação com o assistido, onde há um resgate da afe­tividade e das relações do assistido com o cão e também com a equipe de profissionais. Após são iniciados os trabalhos específicos, planejados previamente pela equipe, que envolve o desenvolvimento motor, cognitivo, interações sociais, comunicação, etc, tendo o cão como motivador. Assim a motricidade pode ser trabalhada através do passeio com o cão, realiza­ção de circuitos, escovação de pelos, etc. A cognição é estimulada utilizan­do jogos didáticos, desenhos, pintura, leitura e ainda variadas formas de expressão. Também se utiliza coletes pedagógicos nos cães e jogos es­pecíficos com as imagens dos cães, ambos para facilitar e incentivar as atividades.

 

                 Os cães são monitorados pela equipe no decorrer de todo o processo quanto ao seu comportamento, em relação ao bem-estar e também em situa­ções de estresse. Enquanto a equipe de saúde/educação interagem, mo­nitoram e avaliam os pacientes/alunos em relação a participação nas IAAs. NOBRE, (M.O et. al. – 89, p. 05).

              Importante mencionar que a afetividade estabelecida durante as brincadeiras proporciona mo­mentos de relaxamento e descontração, onde o cão passa a ser considerado um instrumento pedagógico facilitador, ou seja, um mediador emo­cional e motivador, na melhora da autoestima e da autoconfiança (PEREIRA, 2017).

                  Estudos comprovam que o contato das crianças com deficiência com cães co-terapeutas mostram que os avanços são gradativos e positivos, pois proporciona melhoria na afetividade, in­teração social e cognição, apontam também a importância da interação social das crianças para seu melhor desenvolvimento, quer seja na reabilitação motora, crianças com dificuldades na abstração, ou seja, crianças que apresentam distúrbios de aprendizagem entre outras, entendendo que o trabalho terapêutico aplicado juntos a estas crianças deve ser de longo prazo, elevando sempre o nível de complexidade nas atividades a cada nova etapa, conforme o desenvolvimento de cada um.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

                 Conforme já mencionado anteriormente, o presente artigo objetivou relatar a importância e os benefícios da Terapia Facilitada por Cães (TFC) na Educação, de modo a contribuir significativamente na promoção da saúde física, social, emocional e nas funções cognitivas do ser humano.

           As leituras teóricas realizadas para a escrita do presente artigo apontam que, o cão passa a ser uma ferramenta de forte influência no processo de ensino aprendizagem que pode ajudar tanto na melhoria da interação social como também na melhoria da qualidade de vida do ser humano, mas apontam também que para atender a demanda, há insuficiência de Profissionais qualificados, ou seja, para exercer este trabalho há necessidade de formação especializada, é necessário que o Profissional esteja sempre em busca de novas capacitações para adquirir habilidades e técnicas para ajudar na melhoria da qualidade do ensino e na qualidade de vida das pessoas.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ABRAHÃO, F.; CARVALHO M. C. Educação assistida por animais como recurso pedagógico na educação regular e especial: uma revisão bibli­ográfica. Rio de Janeiro: Revista Científica Digital da FAETEC, n.1, v.1, p,1-10, 2015.

 

CAPOTE, P. S. O.; COSTA, M. P. R. Terapia assistida por animais: apli­cação no desenvolvimento psicomotor da criança com deficiência intelectu­al. São Carlos: EDUFSCAR, 2011.

 

DOTTI, Jerson. Terapia e Animais / Jerson Dotti. — São Paulo: Livrus, 2014.

Vários colaboradores.

 

FINE, Aubrey. The Handbook on Animal Assisted Therapy: Theorical Foudations and Guidelines for Practice. San Diedo, Calif.: Academic Press, 2000.

 

FÜLBER, S. Atividade e terapia assistida por animais. Porto Alegre: UFRGS, 2011.

 

NOBRE, (M.O et. al.) - Projeto pet terapia: intervenções assistidas por animais: uma prática para o benefício da saúde e educação humana. Expressa Extensão. ISSN 2358-8195 , v.22, n.1, p. 78-89, JAN-JUN, 2017.

 

PEREIRA, V. et al. Interação lúdica na atividade assistida por cães em pedi­atria. Enferm. Foco, v.8, n.1, p.07-11, 2017.