OLIVEIRA,, Nilza Maria Ferreira

RODRIGUES, Meire Moura Soave

RESUMO

O trabalho pretende investigar o ato de contar história como ferramenta para um ensino lúdico e suas possíveis contribuições no processo do ensino lúdico, como ferramenta metodológica apresenta como objetivo: Demonstrar a importância da mesma como forma de incentivar a leitura, desenvolver na criança o processo de socialização e mostrar que em nosso cotidiano  a mídia acaba por substituir esses momentos prazerosos de troca de experiências por desenhos ou programas infantis que ocupam cada vez mais o tempo ocioso das crianças. A arte de Contar histórias necessita de tempo e vontade para o preparo. A pesquisa de cunho bibliográfico irá apresentar como a prática interdisciplinar irá perpetuar em diversas áreas do conhecimento uma vez que aguça a criatividade e meche com o imaginário da criança.

Palavras-chave: Contar história, ensino lúdico, ferramenta de ensino.

ABSTRACT

The work intends to investigate the act of telling history as a tool for a playful teaching and its possible contributions in the process of playful teaching, as a methodological tool presents as objective: Demonstrate the importance of it as a way to encourage reading, develop in the child the process of socialization and show that in our daily life the media ends up replacing these pleasurable moments of exchange of experiences for children's drawings or programs that increasingly occupy the idle time of children. The art of Storytelling requires time and willingness to prepare. The bibliographic research will present how the interdisciplinary practice will perpetuate in several areas of knowledge since it sharpens creativity and moves with the child's imagination

 

 

Keywords: Storytelling, play teaching, teaching tool.

 

1INTRODUÇÃO

 

Através das histórias as crianças podem conhecer diferentes mundos, desenvolvendo sua imaginação, a curiosidade, seu senso crítico, seus aspectos físicos, emocionais e intelectuais, Atua também no desenvolvimento comunicativo, interacional. Possibilita a experiência de vários sentimentos, como, suspense, tristeza, amizade, entre outros, e no seu mundo de faz de conta a criança muitas vezes se coloca no lugar do personagem, permitindo que entre em conflito com seus medos, angústias, sofrimentos e a busca a resolução dos mesmos. As histórias agem nessa formação pelo seu aspecto lúdico, despertando o interesse pela leitura, estimulando a imaginação, por meio da ficção, dos personagens e dos cenários das ações narradas.

A arte de contar histórias é inata ao ser humano, é uma das mais antigas formas usadas pelo ser humano para se expressar. Se reunindo ao redor de fogueiras, na própria família, para dialogar, expressar sentimentos, emoções, trocas de experiências além de transmitir culturas através de geração para geração. É uma forma simples e ao mesmo tempo tão perplexa de preservar os elementos essenciais das culturas. É um fato cotidiano narrar histórias na vida de todas as pessoas independentes de classes sociais. Para Lardini (2006, p.26) “o ato de contar histórias é uma forma de encantar crianças e adultos com a magia que representa”.

Todos nós contamos histórias, narramos fatos a todos os momentos, por essa razão o ser humano precisa sentir-se tocado, sensibilizado, recordado através das situações vividas, o ser humano precisa de histórias para dar valor, sentido a sua vida, e uma vez em que a globalização, o capitalismo engloba todos os espaços sociais, econômicos, políticos, estamos imersos em uma sociedade liquida, sem segurança de nossas ações, bens materiais e relacionamentos, dessa forma é importante transmitir as pessoas, bem como aos alunos através das histórias, que é possível transformarem o meio em que vivem e sua própria vida, transmitindo segurança, confiança, fazendo-as acreditar que assim como nas histórias elas também podem vencer as dificuldades que as rodeiam.

 

2. MARCO TEÓRICO

2.1 dados históricos da  contação de história

A arte de contar histórias é uma prática milenar que se apresenta desde a pré-história, onde os indivíduos narravam os acontecimentos deles próprios, sendo considerada uma das atividades mais antigas de que se tem notícia disseminando as culturas e costumes, só sendo possível o seu desenvolvimento através do domínio da língua falada e depois, através do aperfeiçoamento de outras artes, como a dança, teatro, música e literatura. Conforme Machado, “nasceu no dia em que o homem descobriu que podia colocar sua voz a serviço de sua imaginação, criando situações, pessoas, lugares, sonhos, em histórias que pudessem correr o mundo, sem nunca envelhecer” (MACHADO, 1994, p.28).

Com o passar do tempo o ato de contar histórias foi tomando um caráter significativo dentro das famílias e da sociedade, pois, através delas é possível, narrar, transmitir e garantir que as histórias tanto reais ou fantasiosas fossem transmitidas de geração em geração, já que antigamente não se tinha livros impressos para que as mesmas fossem preservadas e transmitidas. Durante o desenvolvimento das civilizações essa arte milenar foi se transformando, primeiro presente como narrador oral nas civilizações Greco-romana, na figura dos bardos, através de canções transmitiam lendas, poemas e histórias transmitindo coragem e força, educando as pessoas para que pudessem enfrentar seus medos e entender melhor o que se passava a sua volta.

Outro período onde o contador de histórias foi presente é na Era Medieval, nos castelos sombrios e povoados, com o objetivo de expressar experiências e gerar um encanto pela força do coletivo. Essas narrativas eram realizadas ao redor de fogueiras, lareiras criando um clima de intensa magia. Podemos perceber que o contador de histórias é uma figura ancestral e que esteve presente ao longo da história da humanidade e perdura até os dias atuais.

 

 

 

 

 

Passamos oralmente, eles atravessam fronteiras. Como aves migratórias, e de tanto viajar na “palavra” dos contadores de histórias, os contos populares vão construindo seus ninhos também no imaginário das gentes de terras distante. Variam os nomes dos personagens, o espaço geográfico, aparecem referências sobre os costumes e as particularidades da cultura em questão, mas a estrutura de base, ou trama principal, se mantém, evidenciando que se trata do mesmo conto narrado de outro jeito. (MATOS e SORSY, 2005. P.60).

Segundo MATOS e SORSY, as histórias vão se transformando durante o passar do tempo, assim como os contadores de histórias. Uma vez que a partir da metade do século XX, várias pessoas começaram a valorizar essa arte procurando cursos de aperfeiçoamento e técnicas para se habilitarem profissionalmente, sendo assim, podemos afirmar que essa arte deixou de ser uma mera ação e se tornou uma profissão, que atualmente teve uma grande demanda e tem conquistado espaço dentro de vários lugares como, o currículo escolar. Devido à globalização e a intensa disseminação da tecnologia, se tornou fácil o acesso aos acervos literários, ocorrendo às mudanças das relações familiares onde não há mais momentos de trocas de experiências, cada vez mais deixando de existir o ato de contar histórias. Com relação às mudanças do mundo moderno Larrosa (2002) assinala:

A velocidade com que nos são dados os acontecimentos e a obsessão pela novidade, pelo povo, que caracteriza o mundo moderno, impedem a conexão significativa entre acontecimentos. Impedem também a memória, já que cada acontecimento e imediatamente substituído por outro que igualmente nos excita por um momento, mas sem deixar qualquer vestígio (LARROSA, 2002, p.23. Grifos nossos).

 

Com a falta de tempo os indivíduos acabam se distanciando das trocas de experiências culturais, valorativas e históricas, fatores que influenciam para uma sociedade liquida, onde não temos segurança do que somos enquanto sujeitos críticos e construtores de mundo.

É nisso que nós, habitantes do líquido mundo moderno, somos diferentes. Buscamos, construímos e mantemos as referências comunais de nossas identidades em movimento — lutando para nos juntarmos aos grupos igualmente móveis e velozes que procuramos, construímos e tentamos manter vivos por um momento, mas não por muito tempo. (BAUMAN, 2005, p. 32)

Segundo o autor, os indivíduos têm dificuldade em encontrar e manter sua identidade, pois antigamente as pessoas se relacionavam em comunidade, e pertenciam a elas desde que nasciam, cresciam e se desenvolviam. Atualmente as relações se constroem através das “redes” onde as relações são conectadas e desconectadas rapidamente, causando uma falta de segurança nas relações sociais, implicando diretamente em uma sociedade individualista.

1.2O ATO DE CONTAR HISTÓRIAS NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

A contação de histórias na atualidade está ganhando espaço no contexto escolar principalmente na educação infantil, que muito vem se discutindo nas últimas décadas sobre o processo de desenvolvimento dos educandos nesta faixa etária. Sendo que, os primeiros anos de vida das crianças são muito significativos, pois é a base que vai sustentar todas as etapas do seu desenvolvimento social e intelectual, e a história é uma ferramenta que não deve ser excluída do cotidiano das crianças.

Ler histórias para crianças [...], poder ser um pouco cúmplice desse momento de humor, de brincadeira, de divertimento... É também suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar outras ideias para solucionar questões [...]. É uma possibilidade de descobrir um mundo imenso de conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivemos e atravessamos [...], através dos problemas que vão sendo defrontados, (ABRAMOVICH, 2005, PAG 17).

Nas escolas a contação de histórias podem e devem acontecer desde a mais tenra idade das crianças. É importante o contato com os livros de histórias antes mesmo de a criança saber ler convencionalmente, como, apontar e nomear as figuras para a leitura do faz de conta.

 As histórias são verdadeiras fontes de sabedoria, que têm papel formador da identidade, através das mesmas, o educador torna possível a construção do processo de aprendizagem à competência cognitiva de seus alunos, assim a criança dará seus primeiros passos na construção de seu mundo através do mundo da leitura.

 Como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias... Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo... (ABRAMOVICH, 2001, p.16).

Neste sentido, é de suma importância que os professores, de todos os anos escolares, principalmente os da educação infantil, (re) conheçam a arte de contar histórias como uma prática fundamental para seus alunos enquanto leitores, pois, quanto mais cedo a criança tiver contato com os livros e perceber o prazer que a leitura produz, maior será a probabilidade dela tornar-se um adulto leitor.

Todavia, é indispensável que essa importância não fique só no discurso, mas que seja realidade do dia-a-dia escolar ano após ano. No contexto escolar, nas séries iniciais o hábito da leitura torna-se um peso significativo e, por vezes, determinante no sucesso ou fracasso do aluno.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil de 1998 orienta a utilização de histórias no processo educativo por se tratar de um poderoso instrumento de transformação e desenvolvimento da linguagem. Neste contexto, a literatura, em especial a infantil, tem papel eficaz no processo de desenvolvimento e formação do sujeito:

Partindo deste pressuposto, quanto mais cedo as crianças estiverem inseridas e entrarem em contato com essa literatura o trabalho do professor como agente transformador e estimulador será mais fácil e menos turbulento, visto que os alunos que já estão em contato com o mundo das histórias são mais receptivos e compreensivos, possibilitando um processo de ensino e aprendizagem mais significativo e satisfatório para ambos os lados.  

O processo de estímulo e incentivo para se contar uma história são inúmeros, mas sua eficácia depende de como o contador os utilizará. Não há “fórmulas mágicas” que substituam o entusiasmo do contador. No processo de contar histórias no espaço escolar, cabe ao professor o papel fundamental de mediação entre a criança e a literatura, enfim precisa estar comprometido, em preparar-se, estudando e conhecendo as obras literárias infantis. É essencial para o contador de histórias, dando-lhe segurança e naturalidade para obter sucesso em suas narrativas, escolher o que contar. E, encontrar a maneira mais adequada para contar essas histórias, utilizando-se de todos os recursos à sua disposição: a voz, expressões corporais e faciais, gestos e linguagem, bem como os figurinos e a preparação do ambiente, e os materiais de apoio, como bonecos, fantoches, máscaras, entre outros.

Deve também atentar-se aos interesses próprios de cada idade, a visão literária, os interesses dos ouvintes, suas condições socioeconômicas, assim, para os pequeninos, contos curtos são os ideais, uma vez que sua capacidade de concentração não é muito desenvolvida. Neste sentido, Granadeiro (2003) enfatiza que:

Nos primeiros anos da infância, a garotada assimila mais facilmente enredos que tenham crianças como personagens ou animais com características humanas, como fala e sentimentos. Dos 3 aos 6 anos, as histórias devem abusar da fantasia com reviravoltas frequentes na trama. A partir dos 7, valem as aventuras e fábulas mais elaboradas.

Sendo assim, acima de três anos – contos de animais, contos acumulativos ou que ensinem a contar são os mais apreciados, especialmente se forem utilizados recursos de dramatização, onomatopeias e/ou repetições. Acima dos cinco anos contos etiológicos, histórias que estimulem a imaginação, com criaturas mágicas, ou que falem de comportamento entre amigos são bem recebidos, assim como contos de fadas com estrutura simples.

A partir dos sete anos, contos de fadas mais elaborados e complexos, com metamorfoses, encantamentos, fantasmas e assombrações, assim como personagens surpreendentes. A partir dos nove ou dez anos, contos e narrativas de viagens e aventuras, explorações, invenções, mitos, fábulas e lendas são os preferidos. Adolescentes e jovens recebem bem histórias cuja temática envolva a resolução de problemas e dilemas, histórias de amor e contos mitológicos. Para o sucesso de uma boa narração são fundamentais elementos como originalidade, surpresas, agilidade da contação e a expressividade.

 

Para contar uma história – seja qual for – é bom saber como se faz. Afinal, nela se descobrem palavras novas, se entra em contato com a música e com a sonoridade das frases, dos nomes... Se capta o ritmo, a cadência do conto, fluindo como uma canção... Ou se brinca com a melodia dos versos, com o acerto das rimas, com o jogo das palavras... Contar histórias é uma arte... e tão linda!!! É ela que equilibra o que é ouvido com o que é sentido, e por isso não é nem remotamente declaração ou teatro... Ela é o uso simples e harmônico da voz. (ABRAMOVICH, 1989, p.18).

 

A história deve despertar a sensibilidade de quem a conta, sem emoção não haverá sucesso. O papel do professor é o de criar, de adaptar o material para as diferentes situações e essas considerações se aplicam às formas de contar histórias para as crianças. O contador deve procurar vivenciar a história, para atrair os ouvintes para a magia da história, sempre deve transparecer a alegria e o prazer que elas provocam. Sem esses componentes, os ouvintes não são atingidos e logo perdem o interesse pelo que está sendo apresentado. 

   Segundo Abramovich (1993), “o ouvir histórias pode estimular o desenhar, o musicar, o sair, o ficar, o pensar, o teatrar, o imaginar, o brincar, o ver o livro, o escrever, o querer ouvir de novo. Enfim, tudo pode surgir de um texto!” O aluno, ao ouvir histórias, sente todas essas particularidades. Como já citado acima, escutar histórias é o início, o ponto de partida para tornar-se um leitor, um inventor, um criador, e como resultado, estimulando a formação de um cidadão crítico e reflexivo de sua realidade.

Para as crianças da Educação Infantil é importante que as histórias tenham linguagem simples, clara e de acordo com os interesses e maturidade. O professor deve narrar contos que apresentem repetições, diálogos, sons, entre outros, pois as crianças adoram participar ativamente da história repetindo palavras, imitando sons e as vozes de animais.

“Ah, é bom saber começar o momento da contação, talvez do melhor jeito que as histórias sempre começaram, através da senha mágica ¨Era uma vez...¨, ou qualquer outra forma que agrade ao contador e aos ouvintes... Ah, e segurar o escutador desde o início, pois se ele se desinteressa de cara, não vai ser na metade ou quase no finalzinho que vai mergulhar... Ah, não precisa ter pressa em acabar, ao contrário, ir curtindo o ritmo e tempo que cada narrativa pede e até exige... E é bom saber dizer que a história acabou de um jeito especial: Entrou por uma porta, saiu pela outra, quem quiser que conte outra...¨ Ou com outro refrão que faça parte do jogo cúmplice entre a criança e o narrador...” (ABRAMOVICH, 1989, p.21-22).

O encerramento da história é, por sua vez, tão importante quanto o início, é a hora de voltar para o mundo real. Quando terminar a hora do conto, o professor pode promover uma atividade para desenvolver a linguagem oral, conversar com as crianças sobre a história, fazendo perguntas sobre os personagens e os fatos ocorridos na história. Também pode cantar a cantiga inicial para desfazer a roda.

Para Coelho (1999), a história não acaba quando chega ao fim, ela permanece na mente da criança, que a incorpora como um alimento de sua imaginação criadora.

 

O USO DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS COMO INSTRUMENTO DE APROXIMAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A socialização é um processo interativo, necessário ao desenvolvimento de todo o ser humano, o processo de socialização da criança inicia-se desde o seu nascimento e continua por toda a sua vida, ao nascer ela já faz parte de um grupo social e vai durante o seu desenvolvimento, adquirindo posturas, hábitos e comportamentos para sua convivência em sociedade.

Partindo deste contexto, a socialização cria as qualidades que tornam os sujeitos plenamente humanos. Durante o crescimento os pais transmitem aos filhos valores familiares, crenças, costumes, entre outros princípios que julgam corretos. Já a escola é uma das principais experiências de socialização para a criança.

[...] Depois da família, as principais agências socializantes nas sociedades ocidentais são: a escola e os grupos dos pares, o ingresso na vida econômica, a exposição aos veículos de comunicação de massa, o estabelecimento de uma família  e o casamento, a participação na vida comunitária organizada e, finalmente, as condições de aposentadoria.(OUTHWAITE,1996,pg.712).

 

A educação infantil é na grande maioria das vezes o primeiro contato que a criança tem com outras crianças de mesma faixa etária, nela o educando poderá criar relações de afetividade, conhecer as regras através da rotina da escola, em jogos e brincadeiras enfim, o que pode ou não fazer dentro deste novo contexto. Segundo o Referencial Curricular pra Educação Infantil:

A criança é um ser social que nasce com capacidades afetivas, emocionais e cognitivas. Tem desejo de estar próxima as pessoas e é capaz de interagir e prender com elas de forma que possa compreender e influenciar seu ambiente. Ampliando suas relações sociais e interações e formas de comunicação, as crianças sentem-se cada vez mais seguras para se expressar, podendo aprender, nas trocas de sociais com diferentes crianças e adultos cujas percepções e compreensões da realidade também são deverá. Para se desenvolver, portanto as crianças precisam aprender com os outros, por meio de vínculos que estabelece. Se as aprendizagens acontecem na interação com as outras pessoas, sejam elas adultos ou crianças, elas também dependem dos recursos de cada criança. (p.21, v 1, 1998).

A etapa da educação infantil é muito importante, visto que os primeiros anos de vida de uma pessoa são decisivos para a gênese da sua futura personalidade, que formam princípios como, ética, moral, solidariedade, respeito e consideração pelo próximo, mostrando a individualidade de cada ser, e tudo isso pode ser estimulado pelos pais, educadores e todo o meio social em  que a criança convive.

 Nessa intenção de constituir um ser social, as histórias da literatura infantil, através da contação de histórias, estimulam o desenvolvimento intelectual promovendo ideais e atitudes positivas que contemplam a formação de posturas e habilidades que contribuem para a formação pessoal e social.

Segundo Chaves (2008, p. 79) “todas as ações realizadas nas unidades educativas são pedagógicas, [...] sejam intencionais ou não, integram o conjunto de elementos que contribuem para a formação da criança”. Compartilhando dessa mesma ideia Dohme (2010, p. 29) afirma que:

Todas as histórias contribuem de uma forma ou de outra para a educação, porém diferenciam-se quanto a intensidade e características. Umas desenvolvem a imaginação, outras o censo crítico, por exemplo. O mesmo se dá com a questão de valores. É preciso destacar os aspectos éticos de cada história para poder enfatizá-los na sua adaptação e narração.

 Nesta visão, o contar histórias é uma ação pedagógica importante na Educação Infantil, sendo que ouvir histórias, de diferentes modos, oportuniza aprender melhor a realidade que a cerca, neste contexto Zilberman (2003) aponta como tarefa do professor, a escolha entre uma obra ou outra, desde que atenda aos objetivos elencados no planejamento, a fim de obter um resultado de qualidade não apenas contar a história pela história. Cabe ao professor escolher bons livros e planejar sua ação, para ter sucesso nos objetivos em relação à socialização de seus alunos.

Escolher livros que possam trabalhar temas pertinentes, para a sociedade contemporânea, como preconceitos, indisciplina, individualismo, entre outros que podem gerar bullyng, insegurança, pois muitas dessas atitudes algumas crianças já trazem de casa, e o educador pode utilizar o momento de contação de histórias para trabalhar essas questões tão presentes em nossa sociedade.    Segundo no dicionário, preconceito é "qualquer opinião ou sentimento, favorável ou desfavorável, concebido sem exame crítico, conhecimento ou razão". Portanto, é coisa pensada, raciocínio elaborado, restrito aos adultos, certo? Errado. Nem as crianças pequenas estão imunes às múltiplas formas de discriminação.

Por isso, é fundamental desmistificar todos os tipos de preconceitos possíveis existente no espaço escolar. "O sucesso escolar está ligado a uma boa formação. E esse sucesso depende muito da relação que a criança tem com a escola", destaca o sociólogo Valter Roberto Silvério, do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

              Trabalhar com Literatura Infantil é uma possibilidade de realizar com as crianças uma reflexão no mundo do faz de conta que permite refletir sobre a realidade que as rodeia, o professor enquanto contador de histórias infantis, deve escolher entre uma e outra obra de literatura a que mais se adequar a questão do momento, que favoreça a formação de valores e a identificação da criança no mundo que a rodeia. Segundo Prieto (1997), “... contadores de histórias, fiquem sempre na lembrança daqueles que tiveram o grande prazer de ouvi-los.”, independentemente de onde estiverem.

3.CONCLUSÃO

O papel do educador é o de criar, situações, adaptar materiais para as diferentes formas de ensinar e essas considerações se aplicam nas contação de histórias para as crianças, e quando trabalhada de forma adequada trás grandes benefícios para o educando e são essenciais para sua vida pessoal e estudantil. Entende-se que o professor deva proporcionar momentos em que os alunos sintam prazer ao estar em contato com a literatura, valorizando a ideia que a criança ao escutar histórias, é levada a fazer associações e relações desta com fatos e situações do cotidiano, proporcionando a criança o desempenho de papéis sociais de forma autônoma e crítica.

Por isso, ele deve planejar, organizar, construir e se necessário reconstruir suas práticas para que os resultados sejam significativos, sendo assim, o papel fundamental do professor no desenvolvimento do trabalho com a literatura infantil. Pois se acredita que é necessário que a prática da contação de histórias ocorra desde a mais tenra idade, e deva ser incentivada no âmbito escolar para proporcionar o desenvolvimento intelectual, cognitivo e afetivo. Considerando que o professor através da contação de história, durante sua prática educativa, atua como um agente formador de alunos leitores, contribuindo para que eles se tornem sujeitos ativos e responsáveis pela construção de seus conhecimentos. Através das teorias dos autores estudados e da experiência vivenciada, foi possível entender que o ato de contar histórias é, sem dúvida, uma atividade que oportuniza ao aluno e demonstra o valor da contação de história como fonte inesgotável de prazer, conhecimento e emoção, em que o lúdico e o prazer são eixos condutores no estímulo à leitura e à formação de alunos leitores.

 

 

 

4. REERÊNCIAS

ABRAMOVICH, F. Literatura Infantil. São Paulo: Scipicione. 1993.

 

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 5 ed. São Paulo: Scipione, 2001.

 

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 5.ed. São Paulo: Scipione; 2005.

 

BAUMAN, Zygmunt. 2005. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi. Rio de Janeiro: J. Zahar.

 

COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria – análise – didática. São Paulo: Moderna, 2009.

 

DOHME, Vania D‟ Angelo. Técnicas de contar histórias: um guia para desenvolver as suas habilidades e obter sucesso na apresentação de uma história. Petrópolis: Vozes, 2010, 224 p

 

GRANADEIRO, Cláudia. Histórias para contar. Disponível em: Acessado em 10 dez. 2015.

 

INFANTIL, Referencial Curricular Nacional da Educação, Formação Pessoal e Social, volume 2, Brasília MEC/SEF, 1998.

 

LARROSA, J. Linguagem e educação depois de Babel. Belo Horizonte: Autentica, 2004.

 

MACHADO, Irene A. Literatura e redação. São Paulo: Scipione, 1994.

 

MATOS, Gislayne Avelar. O Oficio do Contador de História. 1ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

 

PRIETO, H. Lá vem história outra vez. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1997.

 

REGATIERI, L.P.P. Didatismo na contação de histórias. Em extensão,v.7,n.2,p 30-40, 2008.Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/revextensao/article/viewFile/20511/10942 > Acesso em: 5 de maio de 2018.