A Conjuração Baiana, também conhecida como Inconfidência Baiana, Revolta dos Búzios, Revolta dos Alfaiates ou Revolta das Argolinhas, foi uma conspiração ocorrida em 1798 na capitania da Bahia, no Brasil, para se libertar da Coroa Portuguesa.
A denominação Revolta dos Alfaiates se deve ao grande número destes profissionais que participaram do movimento. Revolta dos Búzios devido ao fato de alguns revoltosos usarem um búzio (concha de molusco em forma de espiral) preso a uma pulseira para facilitar a identificação entre si. Revolta das Argolinhas porque alguns participantes usaram uma argola em uma orelha com o mesmo fim.

Em Salvador, os negros livres, impedidos de ter acesso aos cargos e posições civis, religiosas e administrativas intermediárias, trabalhavam como artesãos, no pequeno comércio, como soldados e suboficiais nas tropas de primeira linha, com soldo baixo e péssimas condições de trabalho. Comumente, para sobreviverem, os soldados tinham uma segunda atividade.

A grande carga tributária do governo empobrecia o comércio local e elevava os preços das mercadorias mais essenciais, causando falta de alimentos na região, gerando descontentamento, principalmente entre as classes mais baixas da população. Como consequência ocorrem motins e ações extremadas dos setores mais pobres, que em 1797 promovem vários saques em estabelecimentos comerciais portugueses de Salvador.
No início de 1798, a forca situada em Salvador havia sido queimada durante a noite, sem que se descobrissem e fossem punidos os responsáveis. Tal ato constituía grave crime, visto o significado do instrumento usado pela Coroa Portuguesa como símbolo de poder e punição.

A insatisfação generalizada na região organizou-se através da ação da elite baiana culta, reunida em associações que difundiam ideias iluministas, republicanas e emancipacionistas. Na medida em que os desejos dos conspiradores se tornaram mais populista, a elite se afastou e a conspiração foi liderada pelos pobres, contando com a participação de soldados, alfaiates, negros libertos e mulatos, artesãos e pequenos comerciantes, caracterizando-se como um dos primeiros movimentos populares da História do Brasil.

Em 12 de agosto de 1798, onze papéis escritos à mão (não existia imprensa no Brasil nesta época) em pontos de grande circulação de Salvador. Estes papéis, alguns de redação imprecisa e confusa, pregavam a independência da Bahia, instituindo a “República Baianense”, transformando Salvador na capital do novo país. Defendiam a diminuição de impostos, liberdade de produção e abertura dos portos para negociar com todas as nações amigas. Elogiavam a França e exigiam o fim da discriminação social e racial, abolindo a escravidão e desenvolvendo um governo com igualdade racial. Ameaçavam os clérigos que combatessem as novas ideias e prometiam aumento de soldo para os soldados e oficiais de primeira linha.

Após investigações e dezenas de prisões, no dia 08 de novembro de 1799 foram enforcados e esquartejados quatro líderes (todos negros) na Praça da Piedade, em Salvador.