A comunicação entre mãe e bebê e sua relação com a psicanálise

Por Jean Carlos Neris de Paula | 04/04/2011 | Psicologia

A importância da dialogia não verbal no seio da família

A hereditariedade constitui um fator importante nas teorias de estudo da personalidade humana, pois se inicia antes mesmo do nascimento concreto do bebê. Entretanto o ambiente em que vive a pessoa se mostra determinante para que a continuidade hereditária manifeste seu potencial.
Essa carga ganética se revela conforme as experiências vivenciadas por cada indivíduo, mesmo quando bebê, já que é possível confirmar a existência de uma comunicação no início da vida de cada ser humano, ainda que não seja verbalizada. A partir dessa constatação, a psicanálise pode buscar uma forma de tratamento para pacientes psiconeuróticos, os quais, muitas vezes, carecem de uma compreensão que ultrapassa a linguagem verbal utilizada como base do estudo psicanalítico.
Quando uma criança nasce e recebe colo e cuidado, ela já está decifrando "mensagens" do mundo que a cerca, e isso é fundamental para que o bebê possa se integrar harmonicamente ao meio em que será inserido. Nessa inserção, mãe e neném estabelecem contatos físicos constantes que são significativos e, dessa forma, estão intimamente ligados aos processos de comunicação não verbal, na medida em que hálito, som da batida do coração, brincadeira, temperatura corporal, cheiro, respiração, tonalidade de voz e outros fatores, que suplantam a verbalização, passam a ser reconhecidos como identificadores pessoais, traduzindo confiabilidade ao recém nascido.
É a partir desse tipo silencioso de comunicação que a mãe e o bebê estabelecem uma forma de comunicação capaz de propiciar à progenitora a descoberta de que algo está faltando ao filho, mesmo sem o uso de palavras por parte da criança.
Assim, se é possível perceber um pouco como ocorre a interação entre mãe e bebê no confronto de amparos e desamparos, é também viável desenvolver um tipo de tratamento para pacientes psicóticos, considerando suas necessidades, sem que eles precisem utilizar a verbalização. Esse modo de terapia, baseado na maneira como a mãe facilita o desenvolvimento do bebê, pode trazer amparo ao paciente, o qual se tornará mais confiante, e satisfação ao psicanalista, que se sentirá gratificado tal qual um pai quando vê seu rebento se tornar autônomo.