Quando os Hia se perverteram, os Yin destituíram-nos, substituindo-os. Os Tcheou, enfim, eliminaram os Yin quando estes se tornavam prejudiciais. O poder de toda a dinastia resulta de uma virtude ou de um Prestigio que passa por uma época de plenitude, declina e, depois de uma ressurreição efêmera, esgota-se e se extingue. Uma família só pode fornecer Reis, Filhos do Céu à China durante o período em que o Céu lhe outorga uma investidura. Toda dinastia que conserva o poder quando sua época terminou, não possuiu mais do que uma autoridade de fato. Os fundadores da dinastia, cujo tempo chegou, cumprem uma missão celeste, suprimindo a Dinastia prescrita, que se tornou maléfica, sua vitória é a prova de que o Céu lhes confiou seu mandato, diretor do povo, preposto na agricultura. Enfim, o nascimento de cada um dos três Ancestrais dinásticos foi miraculoso. Os últimos soberanos de uma linhagem são, essencialmente, tiranos e rebeldes. A virtude real é obtida pela obediência às ordens celestes. A história das Três Dinastias não é mais do que uma ilustração tríplice desse princípio. 2 OS HIA Como senhores que se dirigem a reuniões da corte. YU era ativo, serviçal, capaz, diligente... limitava seus trajes e seu alimento, mas mostravam um respeito extremo pelas forças divinas; tinha uma morada humilde, mas fazia grandes despesas com as valas e os canais. Sua voz era o padrão dos sons, seu corpo, o padrão das medidas de comprimento, colocou em ordem perfeita os seis domínios da Natureza, Yu, o Grande, só teve que reinar, seu papel então, como o de todo soberano, foi apresentar um ministro ao Céu. Foi assim estabelecido o princípio da hereditariedade dinástica e fundada a casa real dos Hia. Kei era um tirano ele aterrorizou as Cem Famílias. “ele amou o luxo, ele se entregou as orgias com as cativas traduzidas em suas expedições, matou os vassalos que o censuravam, livrou-se de sua esposa principal e prendeu numa torre o mais virtuoso de sues feudatários. OSYIN Suas virtudes estendiam-se até os pássaros e os quadrupedes que tivessem muita vida, ele também atraía os Sábios, ele conseguiu ter um ministro como Yi Yin, que conhecia os alimentos próprios para um soberano e sabia discorrer sobre as Virtudes reais. Sua vitória serviu para “pacificar o Interior dos Mares”. Sua força era sobre-humana. Com a mão, ele derrubava animais furiosos. Seu saber permitia-lhe contradizer as admoestações... Ele intimidava seus oficiais com sua capacidade. Ele se elevou muito no Império com sua fama e fez com que todos ficassem na sua dependência. Uma mulher virou homem. 3 OS TCHEOU Ao contrário, ele sacrificou uma parte de seus domínios para que fosse suprimido o odioso suplício da trave. Ele fez o bem em segredo, os lavradores, no que se refere aos limites dos campos, cediam-nos uns para os outros e todos os cediam-nos uns para os outros e todos os cediam aos anciãos. Mudou as regras e as medidas e determinou o primeiro dia do primeiro mês. Executar respeitosamente o castigo celeste, exercia sua crueldade nas Cem Famílias. A virtude real tinha declinado. Ele ficou celebre, sobretudo, por uma grande viagem que fez no Extremo Ocidente. Esta viagem surge, na tradição literária, ora como uma caminhada extática, ora como uma série de peregrinações a diversos Lugares Santos. A tradição histórica apresenta-a como uma expedição militar, condenando-a por isto. Ela repreende longamente um vassalo sábio. Seu tema é que não se deve tentar castigar pelas armas os vassalos ou os bárbaros que não trazem nenhum tributo para os sacrifícios reais. O único remédio, neste caso, não é enviar o povo para sofre em regiões longínquas, mas “exercer sua virtude”. O IMPERADOR Eles pretendiam pôr fim à época da tirania. Entretanto, pretendendo aparecer como restauradores e não como renovadores, eles se esforçaram para incorporar à noção de Filhos do Céu, os elementos construtivos do conceito de Majestade. Ajudados pelo sábio esforço dos letrados, que, sob seu reinado e em seu benefício, reconstituíram a antiguidade da China, chegaram a fazer aceitar a nova concepção de Majestade imperial, apresentando-a como um atributo antigo dos Filhos do Céu, sábios autores da civilização nacional. Estes reis, com efeito, não desempenharam nenhum papel político desde a época em que se inicia a história chinesa. Em nenhum momento da época mostram-nos um rei Tcheu exercendo uma autoridade religiosa que lhe 4 seja própria. As crônicas deixam entrever certos traços de uma autoridade moral que parece mais peculiar ao suserano. A tradição ritual diz que eles sempre agiram por conta do rei; os ancestrais e o Solo são associados ao triunfo, mas o Céu também o é e mais do que qualquer outra divindade, pois o Céu é o deus dos juramentos. Ele é o deus dos tratados, o deus das reuniões interfeudais: é a única divindade comum e nacional. Na época tch’ouen ts’ieou, em todo caso, os diversos domínios não empregavam um sistema único de calendário. As datas das crônicas são indicadas segundo o calendário real, graças à intervenção devotada dos historiadores da era imperial. O próprio Tcheou li admite que a rainha é a única que é capaz de conservar a vida nas sementes, provam, pelo menos, que estes aceitaram o princípio de um dualismo religioso. É difícil de acreditar que eles tenham inventado tudo; o imperador Wou, apresentado como o criador do culto da terra Soberana, é um dos monarcas chineses que mais sentiriam os perigos que o dualismo político, apoiado no dualismo religioso, oferecia ao Estado, concedendo muito prestigio às imperatrizes e muita autoridade às viúvas reais. É muito possível que todo o trabalho de reforma monetária, que foi a grande realização do reinado, esteja em conexão com esta reforma dinástica das medidas. Este poder, por outro lado, em virtude de sua própria natureza, acarreta, para o soberano, como para o feudatário, uma vida regulada pela etiqueta e pela tradição. O chefe, então, só pode agir delegando sua autoridade e distribuindo uma parte de seu prestígio. Ele só reina com a condição de não governar. A história da dinastia Han mostra, na verdade, o poder dos marechais crescendo sem parar. 5 AS ÉPOCAS SEM CRONOLOGIA Dois sistemas cronológicos dividem a preferência dos historiadores. Um deles, adotado e aperfeiçoado por Pan Kou, o historiador dos primeiros Han, coloca a ascensão ao trono dos Tcheou em 1122. Segundo o outro, a vitória do rei Wou sobre os Yin foi alcançada em 1050 e o rei Tch’eng, sucessor de Wou, subiu ao trono em 1044. [...]