Por Everson Castro

Imagine, pois, prostrado diante de uma escravinha uma folha de papel qualquer, daquelas de papel em branco que lhe serviriam apenas para imprimir qualquer trabalho escolar, ou simplesmente gracejar uma cifra de música caso você soubesse tocar, por exemplo, um violão velho. Acalme-se leitor, não tratamos aqui de uma metáfora alheia a qualquer alusão sem sentido, logo saberemos todos da funcionalidade deste simples pensar. Todos nós temos dúvidas humanamente existenciais instigantes, que resvalam naquelas coisas do tipo "de onde viemos?", "para onde vamos?", ou, até mesmo, "como se alcança a felicidade neste mundo de sofrimentos irremediáveis?", assim pensamos bastante no verdadeiro sentido (se é que existe) para nossas humildes vidas. Penso que poderíamos dar graças aos deuses, pois viver confere tamanha responsabilidade, que os deuses não teriam a coragem que temos de lutar por algo tão provisório. Onde repousa em tudo isso, o papel das religiões? Onde fica o papel das divindades que (suponho) inventamos de acordo com nossas necessidades físico-espirituais mais preementes? Ainda não podemos chegar a respostas conclusivas sobre tão simples discussões, mas, certamente, temos condições de pensar de forma sugestiva. Enquanto escrevo penso, em quanto tempo ainda tenho para viver neste mundo que tanto amo, que tanto almejo e quantos sofrimentos ainda me aguardam neste caminhar livre por entre os jardins de lamúrias que ei de enfrentar. Assim só sobraram muitas perguntas a serem respondidas, porém, joguei-as fora. Foram dispersas ao fundo da sala escura.

Mas deixarei de lado estas inúteis discussões metafísicas para dedicar-me a estória estranha acontecida nestes dias numa certa cidade "sem nome". Poderia haver uma cidade neste mundo que não tinha uma denominação? E os endereços de seus concidadãos? Como receberiam suas contas de água, luz, planos de saúde e cartões de crédito em seus domicílios? Haveria alguém neste mundo a dar nome aquele povoado que se formara a beira de uma pequena estrada íngreme e suas muitas aglomerações de uma favela desordenada. Comumente, eram um local que todos sabemos o "estado-homem" olha com repúdio e asco, mas que mostrava-se inquestionável o peso dos votantes daquela tribo pobre vivendo de suas mazelas e pobrezas cotidianas. Como poderemos perceber meus leitores, qualquer possibilidade de nominar aquela cidade terá sido em vão e isto implicará em desatinos violentamente inconvenientes. Algumas vezes, viram-se tentativas organizadas pelo corpo político daquela cidade, em fazer-se consultas populares, mas, tudo em vão. Alguns concidadãos perjuravam em seus rápidos debates informais, feitos pelas esquinas daquelas ruas de cascalho, que aquilo a que o estado-homem havia tomado por decisão séria, era na verdade, por demais onerosa a paciência daqueles que pagavam em dia todos os encargos tributários, e, esperavam que aquilo se passa-se logo, e assim o estado-homem voltasse a dar importância urgente a construção dos viadutos prometidos em outras épocas. E assim passavam-se os dias naquela cidade que não ansiava em ser nominada. Parece, aos olhos dos não doutos, que dar nome a uma cidade é das coisas mais simples, geralmente homenageava-se no nome, aquele que havia sido o pioneiro, homenagem afirmamos ser póstuma, da cidade ou, até mesmo, não se esquecia do defensor político que mais rememorou em seus discursos públicos a benignidade e o apelo social do tal ato. Assim entendiam os concidadãos daquela cidade "sem nome". E mesmo com o passar dos dias, aquela discussão havia tomado conta dos círculos políticos maiores, já que essas coisas de criação eram consideradas importantes para a manutenção da "ordem" e da "soberania" local, já que diante das outras cidades que pareciam ter nomes, isso era símbolo de um certo status-cidadão. Desde tempos imemoráveis naquela cidade "sem nome", as crianças, embriões da cidadania empobrecida, aprendiam nas escolas ao ar livre da importância a ser dada de algumas esparsas imagens da democracia grega, tampouco assimilada nos cursos de licenciatura, porém, logo ensinada com tamanho zelo e dedicação pelos professores de Estória aos seus alunos. Aqueles professores não sabiam nada, apenas tinham lido uns poucos livros em sua vida acadêmica, acreditavam piamente que se deviam dar importância alguma a estória política dos gregos. Eram uns bobos mesmos... E de sobressalto, com todos os apelos expressos através dos meios de comunicação local, os habitantes daquela cidade continuavam a mostrarem-se imunes e inertes a qualquer apelo vindos do estado-homem em participar de decisões que não lhe seriam nada interessantes, muito menos esta de dar nome a uma cidade qualquer fora do mapa. Não lhes era conveniente decidir sobre assuntos alheios e sem importância pensavam eles, certamente, por que lhe era bastante oneroso, que houvesse qualquer interferência mínima em suas atividades cotidianas, como regar seus jardins, levar os filhos até as escolas ou até mesmo ir aos seus trabalhos. Então, o estado-homem, tomado de um surto de fúria, tomou por medida, ora drástica e urgente, decretar oficialmente a todos os seus concidadãos a responsabilidade na sustentação da concordância de que a cidade se chamaria desde aquela presente data cidade "Sem Nome". A poucas horas do comunicado oficial que seria feito pelo presidente da cidade, já notavam-se mudanças repentinas nos ânimos de seus habitantes, que já esperavam o que isto interferiria em suas humilhantes vidas, certos talvez, que seriam mínimas, mas notáveis. Assim, durante três minutos, passante o relógio da igreja matriz, os cidadãos ouviram atentamente as palavras do presidente quanto as implicações substanciais daquele ato em suas vidas. Ao fim do rápido discurso vinculado pela transmissora estatal, os cidadãos ficaram estupefatos, tensos e principalmente gélidos, diante daquela situação ora criada por eles mesmos. Havia de uma maneira ou de outra, um espírito novo pairando por entre seus concidadãos, tratava-se de algo parecido com aquela liberdade aprendida nos bancos escolares, que havia sido destruída. Que mudanças eram estas tão sérias que recaíram sobre aquela terra qualquer? Que palavras tão virulentas tinham mudado drasticamente os semblantes, os ânimos inertes e imunes de seus concidadãos? Assim os dias não se passaram tão calmamente como noutros tempos. A estória caminhava a passos largos para outras flechas decisivas. Mas tudo isto por causa de um nome que nunca foi dado? Tudo isto por causa de uma desatenção cartorial? Um batismo nunca feito haveria de encaminhá-los todos, sem exceção, para as portas do inferno?...

Deste cais me despeço de todos para deixá-los com àqueles que foram testemunhas oculares dos acontecimentos apocalípticos que tomaram de assalto o pobre povoado sem nome. Não era de toda forma, causa de furor maior, ter uma cidade sem nome, muito menos que isto, vindo de uma decisão autocrática resvalasse em tamanhos protestos multitudinários, que lembravam à época da emancipação histórica daquela cidade. Tristemente, sobrevieram por todos os cantos da cidade manifestações as mais dramáticas e traumatizantes possíveis. Crianças sendo mortas pelos próprios pais, jovens embriagados atropelando velhinhas ao atravessar a rua, meninas sendo estupradas por pessoas conhecidas e outras coisas que meus olhos não querem lembrar, por asco que isto me causa. A imprensa local mediava tudo com velocidade, articulando as interpretações mais mirabolantes possíveis, entretia os leitores com matérias jornalísticas matinais, tentando explicar os fatos ora apresentados, convidava especialistas nas diversas áreas do conhecimento humano para engendrar quais os caminhos a serem percorridos destas movimentações, e, assim, há outros que não ei de lembrar-me agora, mais que mais pareciam com aquelas explicações esotéricas ou messiânicas de outros tempos. Era de dar dó ver crianças perderem suas cabeças, porque seus pais ? segundo a página 2B do jornal "Notícia Notícia"- sentiam-se inconformados com aquela medida vindo do estado-homem, e por isso, prefiriam matar seus filhos como meio de proteger a moral e honra familiar. Venderam-se tantos jornais naqueles dias, que penso eu, ficaram ricos aqueles donos do jornal Notícia Notícia. Um vento frio começava a atropelar os transeuntes e isto os levava cada vez menos a lugares públicos, a não ser para protestar contra a tal medida.
Todos os dias na página de abertura, uma foto violenta e uma tarja preta cobrindo apenas os olhos do inocente, tudo isso para não ferir a lei da cidade. Era o que se via escrito nos jornais em suas manchetes: "pai mata filho, arrancando-lhe a cabeça fora." O que justificaria tanta selvageria? Que atrocidades eram aquelas de que a cidade "sem nome", antes tão pacata, havia tomado com certo grau de normalidade. Com o passar dos dias, um aumento significativo no número de nascituros tinha dado furtivamente alegrias passageiras. Que medidas então tomariam o estado-homem para conter as manifestações populares que se faziam ouvir pela cidade sem nome? Noite e dia... E dia e noite não se separavam mais, a luz dos acontecimentos violentos que se abatiam diante da cidade. Foram dias que minha memória haverá de esquecer espero nalguma hora.
Antes disso, reporto-me com certa imprecisão do discurso lido e saído da boca artificial do presidente do povoado, foram os três minutos mais longos da minha vida, com aquela voz rouca de homem fumante e alcoólatra, os caminhos antes individuais, que eram só nossos, foram transmutados em lágrimas de sangue coletivas, que assim mesmo, corriam pelas valas abertas de nossos quintais. Aquele vento frio que acabara de entrar em nossa cidade, tinha virado cinzas e fuligens. Entravam mansamente em nossas casas como se nada pudesse ser respeitado. Aquilo não podia ser feito. Não era de toda nossa causa, sermos culpados por crimes cometidos por outros antes de nós. Seríamos culpados assim mesmo? Perguntava-me introspectivamente qual seria nosso futuro daqui em diante. As águas foram ficando paulatinamente frias demais para que pudéssemos tomar nossos banhos diários. A comida foi sendo aos poucos sendo racionada e recebíamos apenas gêneros de primeira necessidade, como feijão, arroz, lentilha, cerveja e outros, pelo buraco feito na parte superior da parede de nossas casas. Era impressionante como eram violentos os homens-estado conosco, caso fossem acometidos por qualquer xingamento, eram tomado de súbito por uma raiva que não lhe era dispensado o uso de armas. Contam-se estórias impressionantes, que não ei de lembrar todas, mas apenas a título de exemplificação, gostaria de contar de certa mulher que foi morta perto de um acampamento somente porque lhe sobreveio uma doença incurável e esta perguntou ao um dos homens-estado se não lhe seria humanamente conveniente e piedoso levá-la para um posto de atendimento a saúde, quando de súbito um dos homens-estado sacou de uma faca e logo veio lhe cortar a garganta da pobre mulher. O sangue respingou entre a faca e mão do assassino. A mulher inerte e anímica caiu entre as vísceras de porcos que haviam sido sacrificados para o almoço daquele dia. Mistura macabra dos velhos rituais satânicos. E todos os que viram esta cena grotesca, pararam, olharam e acharam, por instante aquilo, por demais piedoso, afinal a tal mulher iria morrer de qualquer jeito. Nem todos pensaram isto. Mas conta-se que alguém de impulso até comentou, com certo sorriso de suposta testemunha ocular, que seria uma ótima notícia para os programas policiais que passavam na rede televisiva local. Estes fatos se passaram nos primeiros dias daqueles séculos, as coisas pareciam caminhar para desastres maiores, quando repentinamente os cidadãos foram aos poucos acometidos por uma doença um tanto estranha aos olhos da medicina. Naqueles dias um cachorro que procurava alimentos, fuçando as latas de lixo na esquina de um bairro próximo a ladeira, foi violentamente mutilado por um velho homem que suspeitava-se estar ficando louco, pois, o homem rosnava e latia como um legítimo cão. Os outros que presenciaram aquele espetáculo de horror vendo um cachorro ser dilacerado pela mandíbula de um homem, como um leão que avança sob a presa, ficaram atordoados. Algo havia acontecido desde aquele dia, os acontecimentos se passaram tão rapidamente, à sombra de uma aurora apenas um lapso renovava a esperança de todos, de que isto teria um fim quando todos acordassem nesta manhã de sábado. Infelizmente os demônios não haviam dormindo aquela noite e as preces do in-fiéis que se ouviam das igrejas ao fundo, terminantemente não surtiam qualquer efeito sobre a previsão de futuras melhoras. O tempo era nosso maior inimigo e certamente nosso melhor carrasco. E assim ao ressoar da última sirene de um total de três, conforme o dito no discurso do presidente, ao longo daquele fatídico dia lembraria aos cidadãos de que o "processo" se iniciaria naquele momento e era preciso que todos estivessem preparados para o "juízo final". Que processo era esse? Que juízo final era aquele? Fomos condenados absurdamente por um tribunal que não chegamos nem a colocar os pés? E nossas leis de proteção a liberdade? De que valeriam nossos regimentos legais escritos, se tudo que vimos até aqui, esteve aquém da respeitabilidade? As coisas estavam ficando cada vez mais difíceis de se entender. Sim, pois tudo aquilo que pensamos sobre nossas liberdades individuais e coletivas tinham caídos por terras. Não havia mais possibilidades de pensar livre das amarras do estado-homem. Ao longo do som da sirene que ressoava infinitamente por nossas antigas ruas de cascalho, percebeu-se que ao final, havia uma nota surpresa que remetia a um trecho do esboço de nosso hino, que nunca tinha sido composto muito menos aprendido por nós desde nossas infâncias. Enquanto o crepúsculo do dia se aproximava, nos apaixonamos cada vez menos e odiamos nossas existências cada vez mais, lembrávamos irritados, porém conformados com aquela situação, de daqui a alguns minutos nós deixaríamos de ser quem somos. Aquilo nos causava uma dor profunda ao saber que nossos poemas deixariam ter a importância de outras noites a sós, que nossas músicas favoritas passariam apenas com simples músicas por nossos ouvidos, em síntese, deixaríamos nossas existências para repatriarmos nossos próprios pensamentos. Ainda me lembro da mãe que acalentava seu antigo menino choroso, dizendo a ele que tomasse cuidado daqui em diante, que talvez os laços maternais que os unia fossem aos poucos desaparecendo. Era tocante, porém, eu tinha preocupações maiores dali em diante. Fomos chamados por nossos velhos nomes pelos auto-falantes que possuía nossa antiga cidade para estarmos de pé às 05:00 horas da manhã e em fila ao longo da rodovia que passava ao lado do velho palácio da governadoria para receber as instruções seguintes. Todos a contragosto, em pé, rostos nebulosos e fingindo uma coragem mentirosa, fazia com que aquela rodovia parecesse muito mais triste do que já era em outros dias. Os homens-estado vinham ao nosso encontro, nos davam um broche no formato de um biscoito de maisena redondo com uma inscrição estranha, que não me vem mais a minha cabeça-de-menino. As filas não estavam organizadas de acordo com a idade, sexo, altura, grau de parentesco ou qualquer outro dístico que nos separaria dali em diante. Estávamos ali todos como objetos e só isso importava naquele momento dramático de nossas vidas. Havia um misto de desolação e angústia esperando o momento em que tudo aquilo teria um fim que melancólico que fosse, seria um fim... E isso todos nós queríamos. Notei um homem que segurava uma foto de sua mãe, esposa ou namorada... Não sei, mas lembro-me do momento em que ele a beijou imaginativamente naquela foto. Olhei para ele e apenas acenei positivamente, tentando lhe assegurar que ela certamente estaria a pensar nele também. Claro que eu não pensei nisto, mas confortar um coração como o daquele homem me fez lembrar minhas próprias dores. E isto era angustiante, pois havia me lembrado que antes de sair de minha casa eu havia queimado todas as minhas fotos da família que tive, dos amores, meus inimigos, amigos de infância e outros estranhos que não costumava mais lembrar quem era. Por que guardar aquelas lembranças se nada valeria a pena a partir daquela catarse? Era tudo loucura aos nossos olhos. Era tudo tão inimaginável. Era tudo tão...tão...tão. Cuspi uma gota de sangue no chão, vi que aos poucos ele foi sendo absorvido pelas entranhas de meu antigo solo pátrio. Meus tímpanos sangravam diante de um ruidoso barulho que distraía meu equilíbrio corporal. Senti pender meu corpo para um lado e para outro, mas apesar do desconforto momentâneo voltei para minha posição inicial rapidamente. Pensei então que o processo havia começado. O que nos aconteceria a partir daquele momento de nossa breve existência? Sentiríamos dores conscientes? Tentei fechar os olhos, mas minha pouca coragem, fez com que eu continuasse com os olhos abertos como dois faróis gigantes. Continuar daqui em diante seria uma dor incorrigível. A névoa da manha começara a se dissipar e meus pensamentos foram aos poucos se dissipando e esquentado ao sabor dos primeiros raios do sol da manhã. E ao sol da manhã gostaria que aquilo tudo fosse um estranho pesadelo, sabe aqueles que se acorda aos sustos? Aqueles quando abrimos os olhos de sobressalto como se um assaltante estivesse a nossa frente com uma arma, esperando que abríssemos os olhos para nos matar e assim nos dar chance. Então não era um ladrão? Era certamente um assassino de sonhos... Isso era parte da verdade. Uma janela se abriu a minha frente, era como um brincadeira estranha e sem graça. Não havia poesia ou beleza em tudo aquilo. Havia dor, havia desespero e havia muito de angústia. Da rua, olhei, todos estávamos enfileirados. Um lapso estranho destruiu nossas esperanças mais íntimas. O "processo" teria chegado ao finalmente? Caído em si de mim mesmo, (eu penso isso só agora), prestei atenção numa música ao fundo. Ela vinha do outro lado da rua. A rua era estreita e não cabia mais ninguém. Não cabia mais ninguém, por quê? Como se fazem perguntas estranhas, quando se acorda no meio de uma multidão eufórica. E todos gritavam gol. E eu sabia o aquilo significava. Era a copa do mundo de futebol de 2010, realizado em nalguma ex-colônia. Acordei assustado daquele pesadelo. Intentei levantar da cadeira, mas não consegui, minha sandália tinha sido roubada pelo cachorro que eu sempre odiei. Odeio animais. E assim descobri todos atentos em frente ao aparelho de televisão da minha casa. Estava todos atentos a performance dos jogadores da seleção de futebol. Como jogavam burocraticamente aqueles homens, acho que ouvi alguém dizer isso. Ao levantar vi tremular uma bandeira de cores estranhas acima do parapeito da casa ao lado, e vi, com todas as letras escritas assim: "Sem Nome". Eu não entendi como poderiam ter convidado uma seleção de jogadores que jogavam tão burocraticamente, se àquela cidade não possui nem um mísero nome. Não refleti mais sobre aquele causo. E os dias se passaram normalmente até que todos foram.. Todos. Fomos nós chamados a confirmar a eliminação de todos. Digo de todos, porque todos foram recenseados e receberam um número. Cada número era eliminado à medida que apertávamos a tecla, parecia-me uma máquina um tanto estranha, confirmado. E assim, fomos um a um, sendo eliminados até as oitavas-de-final. E aqueles que sobraram? Meu caro interpolador, as sobras são sempre pedaços inúteis de coisas que algum dia foi grande. Uma folha de papel em cima da mesa pode ser qualquer coisa, menos um livro útil. Assim aquela cidade "Sem Nome", permanece com este dístico estranho, possuir e não possuir tudo ao mesmo tempo. Uma síndrome um pouco sheskpeareana, "ser ou não ser: eis a ausência da questão." E é só isso.