LITERATURA POPULAR - A CHEGADA DO CANTOR BELCHIOR NO CÉU
Por Jose Wilamy Carneiro Vasconcelos | 17/02/2020 | Literatura
A CHEGADA DO CANTOR BELCHIOR NO CÉU
Autor: Wilamy Carneiro
1
O céu estava triste
Precisando de animação
Os anjos reclamavam
A São Pedro da situação
Pois precisava fazer algo
Como Deus fez a Abraão
Marcaram uma audiência
E fizeram a votação.
2
No dia e hora marcada
Foi aquela animação
Muitos estavam eufóricos
Na visita do novo anfitrião,
Uns pegando seus pertences
E o mais velhos em aclamação.
Três querubins eufóricos
Flagelado com a intercessão.
3
O caso foi unânime
Assentado com urgência
Um cantor latino americano
Queria um cearense de preferência
Procuraram a criatura
Um compositor com sapiência
Lembraram de Belchior
Pois essa era sua exigência
4
No céu houve um plebiscito
Vanuza era a presidente
Abriu a sessão com “Paralelas”
Daí chegou muita gente
Elis Regina na coordenação
E Maestro Acácio como regente
Convidaram Jair Rodrigues
Para ocupar a cadeira de suplente.
5
Então foram falar com Deus
Fizeram um alto relato
Deus então pediu
Que fizessem um tal contrato
Se eles desobedecessem
Todos iam parar no internato
Vou mandar para o purgatório
E todos pagarão o pato
4
No dia seguinte
Eless estavam lá
Ouviram muito zum-zum-zum
E alguns queriam falar
Pois a missão foi dada
Para visitar o Ceará
A procura de um cantor
Que quisesse vir pra cá.
5
Deus fez uma pesquisa
E procurou a localização
Pegou a caneta e riscou
No mapa avistou a região
Deu seu recado ao mensageiro
Procure um cantor do sertão
Vá a "Palma" e venha depressa
O Ceará é seu torrão.
6
Um anjo chegou ao Ceará
Escolheu a cidade de Sobral
Sentiu um tremendo calorzão
Viu uma coisa anormal
Pernoitou na capela de Santo Antônio
Assistiu a missa na Cadedral
Triste com os boatos e comentários
Belchior partiu pra Portugal.
7
O anjo se desesperou
Foi procurar Sr. Milton - O sacristão
Era um homem alto e franzino
Estava organizando a procissão
A igreja lotada com a Festa
Da Padroeira de Nossa Senhora da Conceição
Saiu perambulando pelas ruas de Sobral
Até esbarrar no Teatro São João.
8
Enfurecido o anjo passa um telegrama
Para o mensageiro de São Pedro
Disse o anjo na carta:
Pergunte quem chegar primeiro
De algum sobralense no céu
Encontraram o Maestro José Pedro.
Pressionaram se conhecia Belchior
O maestro confirmou ligeiro.
9
Se tu conhece o cantor
Diga logo onde posso encontrar
Pois fui escolhido numa missão
E para céu “Belchior” levar
Soube que foi embora
Partiu do seu Ceará
Andas pra bandas da Região Sul
Numa turnê foi cantar.
10
Quando o anjo mal esperava
Saiu aqui uma noticia no jornal
Belchior, o cantor sobralense
Estava numa turnê internacional
Preparando um novo álbum
De repercussão colossal
Andava um pouco recluso
E com saudade de Sobral.
11
O anjo ficou invocado
Soltou aquele palavrão
Procurou na música de Belchior
O que significava “Alucinação”
Seu tempo estava esgotando
Achou aquilo uma armação
Não viu nenhuma teoria
Nas estrofes fez confusão.
12
Então no céu Deus convocou
A urbe da “Nação Nordestina”
Com seus cantores representantes
Apareceu a MPB feminina
Gal Costa com seu vozeirão
De práxis a amiga Elis Regina.
Raul Seixas maluco beleza que fascina.
13
O anjo contratou mais mensageiro
Para cumprir a obrigação
Pois o tempo estava se esgotando
Não aguentava aquele calorzão
Tinha que procurar mundo afora
Vou achar Belchior nem que seja no Japão
A pau e pedra queria ver o compositor
Essa era a sua salvação
14
Soube que o cantor perambulava
Talvez fosse só boato
Os jornais já suspeitavam
Se era mentira ou fato
Andava por terras gaúchas
Belchior vivia no anonimato
Espalhou a notícia na televisão
Um amigo fez seu auto retrato.
15
Belchior estava preparando
Um novo e grande espetáculo
Mas, mal sabia ele
Que Deus lhe fazia um oráculo
Cumprir a promessa para o céu
Que estavam isolados em vácuo
São Pedro estava triste
Belchior era o sustentáculo.
16
Um dia Belchior dormiu
Ouvindo uma bela canção
Estava tudo programado
Cochilava no seu colchão
A noite fria acalentava
Deus programava sua Ressurreição
Mandou do céu um mensageiro
Com um dia cumprir sua missão.
17
Quando Belchior acordou
Avistou um clarão no céu
Achava que era sonho
Perguntou ao porteiro menestrel
Moço aqui faz muito frio!
Está numa altura de arranha céu
Quero compor uma música
Por acaso você tem papel?
18
Dominguinhos saiu lá de dentro
Conheceu o vozeirão
Tim Maia soltou o verbo
Ele voltou com sua canção
Para fazer parte dos imortais
Com Luiz Gonzaga: Rei do Baião
Chico Anísio veio receber
Belchior naquela linda mansão.
19
Coronel Ludugero e Sivuca recebem a notícia
Da inesperada chegada de Belchior
Maestro Acácio com a banda de música
Pedro Sertanejo recepciona o cantor
Belchior ainda atordoado
Na porta do céu estagnou
Achava que era uma pegadinha
No linguajar cearês na portaria indagou
20
Olha aqui cabra da Peste
Disse Belchior ao porteiro
Chama logo seu patrão
Não converso com mensageiro
Tenho shows a fazer
Vá logo e volte ligeiro
Se não mando você pastar
Para o Rio de Janeiro.
21
Amigos do Ceará e Sobral foram apaziguar
Na portaria Patativa viu a confusão
Padre Ibiapina avistou Belchior enfurecido
Domíngos Olímpio tomou satisfação
Calma ó latino americano
Você recebeu “A Ressureição”.
Agora faz parte do novo grupo
No coral do Maestro Wilson Brasil para sua nova canção
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Belchior caiu em pranto
Resmungou a São Pedro
Meus projetos não terminaram
Tenho uma turnê primeiro
Se enganaram com minha pessoa
Eu não queria morrer ligeiro
Já marquei com empresários
Pra cantar no estrangeiro.
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Então ele cantou em voz alta
“Saia do meu caminho
Eu prefiro andar sozinho
Deixe que eu decida a minha vida”...
E num clarão Jesus aparece
Filho você nos ensina
A cantar no céu daqui de cima
Agora é sua morada eterna.
24
E abriram “As Portas do Céu”
Belchior em aclamação
São Pedro dizendo
Foi por “Medo de Avião”
Que segurei pela primeira
Vez no céu a tua mão
Belchior com a “Divina Comédia Humana”
Aqui é meu lugar e cantava – “Alucinação”.
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Wilamy Carneiro é professor - Escritor, poeta, cronista, memorialista. Bacharel em Direito pela flf - (Faculdade Luciano feijão). Membro da ALMECE – Academia de Letras dos Municípios do Ceará. Patrono da Cadeira Nº 97, do Município de Forquilha no Ceará. Autor do Livro “Tempo de Sol”. Em 2019 publicou na Casa da Cultura de Sobral “Os Estados Unidos de Sobral”. Participou com Literatura de Cordéis e poesias na Primeira Feira de Livro – Domingos Olímpio. Autor do Projeto de Resgate Histórico Cultural da Residência do escritor Domingos Olímpio e do Projeto – “Largo dos Poetas” - Corredor Cultural na Princesa do Norte.