Na rua principal, “por ser aquela em cujo extremo existe a velha Ponte, sonhadora e triste”, como diz Halmalo na sua bonita poesia “As Árvores de Paquetá” (*), não passa desapercebido ao visitante que desembarca das lanchas e segue na direção da Praia da Guarda, um lindo e bem cuidado jardim, muito bem composto e em perfeita e discreta harmonia com a casa de número 198 da Rua Furquim Werneck ... 

É a casa de Pedro Bruno, idealizada por êle mesmo e onde ainda são encontrados todos os detalhes artísticos cuidadosamente projetados e executados por êle mesmo, o que confere ao local um aspecto paisagístico e arquitetônico todo especial. 

Ali, a velha arte clássica comunga harmoniosamente com uma luxuriante vegetação tropical ... Uma cópia da Venus de Milus, chamada por De Lemoine (**) de “A Venus Desconhecida”, surge num dos recantos do jardim com a sua pureza glacial levemente maculada pelos reflexos de um suave limo ... 

Noutro ponto destaca-se a magnificência de Fídias, um dos maiores escultores gregos, num dos seus mais belos baixo-relêvos dos frisos do Panthenon de Atenas ... 

Em contraste, vê-se também num outro recanto, uma imponente máscara de um escravo, esculpida por Miguel Ângelo e, mais além, no meio de uma vegetação silenciosa e escura, Bethoven dorme tranquilo na sua trágica imobilidade, levando-nos a sonhar com as suas sinfonias ... 

Todas as obras de Pedro Bruno no embelezamento de Paquetá, como bem o disse Francisco Veríssimo, de modo muito especial, na sua tese de Mestrado Social na UNIRIO, em 1998, “foram marcadas pela saudade da paisagem original” e também não figiram à essa regra a sua casa e o seu jardim, onde a composição das árvores, das plantas, das esculturas, do prédio, do muro e até mesmo dos arcosda varanda, em estilo neo-colonial, harmonizam-se perfeitamente com o ambiente de Paquetá. 

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(*) – Guia Turístico e Histórico de Paquetá, de Marcelo A. L. Cardoso, Papel Virtual Editora, Rio de Janeiro, 1999, página 209. 

(**) – Em “Quadros e Costumes Regionais – Paquetá como eu vi”.