CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO FAVENI

 

DAMIÃO NUNES DA CRUZ

 

A CARÊNCIA DE OBRAS LITERÁRIAS DE LÍNGUA INGLESA EM UMA ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL DE GUAMARÉ/RN

 

GUAMARÉ

2018
DAMIÃO NUNES DA CRUZ

 

RESUMO:O presente trabalho busca analisar os efeitos sobre o ensino da Língua Inglesa a partir da carência de obras literárias de Língua Inglesa em uma biblioteca escolar pública. O presente estudo foi desenvolvido sob a ótica de uma pesquisa de natureza qualitativa, com especificidade à corrente de estudo de caso. Contando com as contribuições de Gil (1999), Pimentel (2007), dentre outros. A Biblioteca escolar enquanto uma instituição sociocultural deve realizar uma inclusão intensificada na comunidade escolar, especificamente, no que diz respeito ao corpo discente da qual pertence. A partir do que foi analisado e discutido, pode-se concluir que o estudo revelou a importância da biblioteca escolar e de seu acervo diversificado. Foi possível constatar que a referida biblioteca apresenta uma indisponibilidade na oferta de materiais literários de natureza estrangeira.

 

PALAVRAS-CHAVE:Biblioteca Escolar. Carência de obras literárias. Língua Inglesa.

 

ABSTRACT: The present work seeks to analyze the effects on English language teaching from the lack of literary works of English language in a public school library. The present study was developed from the perspective of a qualitative research, with specificity to the current case study. Counting on the contributions of Gil (1999), Pimentel (2007), among others. The School Library as a sociocultural institution should carry out an intensified inclusion in the school community, specifically, with regard to the student body of which it belongs. From what was analyzed and discussed, it can be concluded that the study revealed the importance of the school library and its diverse collection. It was possible to verify that this library presents an unavailability in the supply of literary materials of foreign nature.

 

KEY WORDS: School Library. Lack of literary works. English language.

 

  1. INTRODUÇÃO

 

O presente trabalho busca analisar os efeitos sobre o ensino da Língua Inglesa a partir da carência de obras literárias de Língua Inglesa em uma biblioteca escolar pública.

Assim, o estudo aborda a importância de obras literárias de Língua Inglesa para o desenvolvimento da compreensão das habilidades linguísticas para os discentes.

Centramos, especificamente, na biblioteca escolar, pois este ambiente é um dos poucos que pode oferecer acervos literários em língua estrangeira, o que oportunizaria o contato do corpo discente com outras culturas através da leitura.

A problemática se estabelece a partir da necessidade de ampliar os conhecimentos adquiridos em sala de aula, através de um apoio extracurricular como acesso a acervos estrangeiros e suas respetivas literaturas.

Encontra-se, também, o fato de que a disciplina de Língua Inglesa seja vista, como de pouca importância ao currículo escolar e, uma biblioteca sem livros de língua estrangeira reforça essa ideia negativa e contraditória.

Assim, busca-se com este estudo analisar o aporte literário de uma biblioteca escolar do município de Guamaré/RN e conferir se esta se encontra a favor do desenvolvimento da aprendizagem emLíngua Inglesa.

 

2MATERIAL EMÉTODOS

O presente estudo foi desenvolvido sob a ótica de uma pesquisa de natureza qualitativa, com especificidade à corrente de estudo de caso. Contando com as contribuições de Gil (1999), Pimentel (2007), dentre outros.

 

3 DESENVOLVIMENTO

3.1.BIBLIOTECA ESCOLAR E A LITERATURA INGLESA

A Biblioteca escolar enquanto uma instituição sociocultural dever realizar uma inclusão intensificada na comunidade escolar, especificamente, no que diz respeito ao corpo discente da qual pertence. Para Amaro (1998, p. 58):

“é um serviço de informação que busca relações de interação entre o sujeito e a informação e a cultura para que o mesmo seja não só um receptor, mas também um produtor. Nessa concepção, a biblioteca deixa de ser apenas um espaço de difusão ou disseminação da informação e cultura, para ser também um espaço de expressão”.

            Assim, conforme o excerto torna-se nítido a importância deste espaço na aprendizagem de línguas estrangeiras, como a Língua Inglesa, pois oportuniza ao aprendiz desenvolver os conhecimentos anteriormente aprendidos em sala de aula, com vistas à interação cultural.

 

3.2. A BIBLIOTECA ESCOLAR E SEUS OBJETIVOS

A biblioteca escolar deve centrar-se a atividades de apoio à educação básica, na qual o aluno possa sentir-se apoiado por um espaço que fornecerá acesso ainformações que contemplem seus estudos regulares, seja ela através do material impresso ou informático.

Pimentel (2007) explana sobre o significado de biblioteca escolar e estabelece que:

Localiza-se em escolas e é organizada para integrar-se com a sala de aula e no desenvolvimento do currículo escolar. Funciona como um centro de recursos educativos, integrado ao processo de ensino-aprendizagem, tendo como objetivo primordial desenvolver e fomentar a leitura e a informação. Poderá servir também como suporte para a comunidade em suas necessidades.

            Destarte, observa-se através das palavras de Pimentel que a biblioteca escolar é um ambiente de integração entre a sala de aula e o conhecimento exposto, sendo espaço que deve ser valorizado e contemplado com obras de inúmeras naturezas, com foco educativo, como confere as obras literárias de natureza estrangeira.

3.3. ESTUDO DE CASO EM BIBLIOTECA ESCOLAR PÚBLICA MUNICIPAL

O estudo foca a atenção a uma biblioteca escolar pública, localizada na maior escola pública do município de Guamaré/RN.

Por se tratar de uma escola de grande porte, infere-se que esta esteja suprida por materiais didáticos, paradidáticos e literários suficientes para o exercício da docência e dos pressupostos de ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras. No entanto, após um levantamento do acervo da referida biblioteca, seguida de uma análise crítica, constatou-se que a referida biblioteca não oferta obras de literatura estrangeira, como em Língua Inglesa, suficiente, havendo, apenas, dicionários bilíngues e poucos exemplares estrangeiros.

Através de Pimentel (2016), identifica-se a importância da leitura em diferentes ambientes:

A leitura em sala de aula também deve ser vista como prazer e não como obrigação. É de extrema importância a parceria entre família e escola nesse mesmo propósito. O professor deve ter e demonstrar prazer e alegria pelos livros e tais momentos precisam ser divertidos, especialmente nas primeiras séries. É preciso, assim como em casa, oferecer, apresentar e dispor de material para a leitura com fácil acesso. Uma mini biblioteca ou até mesmo algo improvisado como caixas coloridas e enfeitadas com livros de diferentes níveis de leitura, de acordo com aquilo que cada criança consegue compreender, para que ela sinta que é capaz.

Torna-se evidente a importância da leitura bilíngue e que toda biblioteca pública deve oferecer. Pois, ao se tratar do ensino, de modo geral, qualquer área do conhecimento onde se constate a baixa oferta de materiais de apoio como livros didáticos e paradidáticos ficam sujeito á duras críticas de organização, atenção e investimento de políticas públicas acerca de um ensino básico de qualidade.

 

 

3.4. A BIBLIOTECA NO BRASIL

Estabelecidono ano de 1997, o Plano Nacional da Biblioteca Escolar versa sobre a democratização e acessibilidade de obras de literatura brasileira e estrangeira infanto-juvenis, além das demais matérias de estudo da educação básica brasileira. Tal programa é assistido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), em associação com a Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação e Cultura – MEC.

Em SEDUC (2012) temos uma visão abrangente sobre a especificidade das obras literárias que devem compor o acervo da biblioteca escolar:

Todas as coleções eram compostas de diversos gêneros literários, como: antologias poéticas brasileiras, antologias de contos brasileiros e estrangeiros (adaptados ou não), obras clássicas de literatura universal (traduzidas ou adaptadas), peças teatrais brasileiras ou estrangeiras, obras ou antologias de textos de tradição popular brasileira, ensaios ou reportagens sobre um aspecto da realidade brasileira, biografias ou relatos de viagens.

Como visto as obras literárias também dizem respeito às línguas estrangeiras, como forma de disseminação cultural e aprendizado. No entanto, conforme, anteriormente apresentado, a biblioteca escolar em análise não está comprometida na exigência de obras literárias infanto-juvenis de natureza estrangeira, o que acaba limitando a atuação docente.

3.5 TEORIA DA APRENDIZAGEM

O ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras (doravante LE) no Brasil é uma área rica em discussões. Muitos autores têm desenvolvido estudos sobre essa temática e suas impressões em sociedade. O ensino de uma LE é sempre posto em pauta pela parcela leiga da sociedade que clama por justificativas plausíveis sobre a real necessidade do ensino de disciplinas dessa área (Inglês e Espanhol) no currículo escolar brasileiro.

Assim, o presente estudo busca apresentar uma análise crítica sobre as estratégias metodológicas para aquisição de uma LE, de forma geral, sob a perspectiva da Teoria da Aquisição da Segunda Língua do linguista Stephen Krashen (1985) que visa a apresentação de fatores primordiais que definem o grau de aprendizagem diante de diversos fatores conforme processamento de enunciados de linguagem além da exploração de habilidades, os quais evoluem sempre em patamares e novas etapas da aprendizagem.

Numa perspectiva metodológica, propomos uma reflexão inicial acerca da diferença entre aprender e adquirir. Assim, conforme a teoria de Krashen, aprender se refere ao domínio de determinada informação por período de tempo determinado, o qual o aprendiz fará uso de tal aprendizado em curto prazo para fins específicos e, quando alcançados, este será descartado, enquanto adquirir se refere ao processamento de informações na memória de forma inconsciente e, ao mesmo tempo, constante para desempenhar atividades diárias e, estando esta aquisição relacionada aLE’s, esta se manifesta de forma natural e em longo prazo.

Em suma, a Teoria da Aquisição da Segunda Língua divide-se em cinco hipóteses fundamentais, conforme expressas a seguir:

1) Hipótese da aquisição versus aprendizagem;

2) Hipótese da ordem natural;

3) Hipótese do monitor;

4) Hipótese do input; e

5) Hipótese do filtro afetivo.

Sob a perspectiva dessas hipóteses, o presente trabalho discorrerá sobre estratégias metodológicas favoráveis à aquisição de uma LE no Brasil.

3.6 SOBRE A HIPÓTESE DA AQUISIÇÃO VERSUS APRENDIZAGEM

     Esta hipótese discute a distinção entre os termos aquisição e aprendizagem, tendo eles diferentes significados em contexto de ensino-aprendizagem de LE’s.

     Sob a ótica de Krashen (1985 apud MARTINS 2008), esta perspectiva é estabelecida como:

[...] tomar os termos “aquisição” e “aprendizagem” como sinónimos, ou assumir, genericamente, que a expressão “aquisição de L2” designa a generalidade dos processos caracterizados por um grau (sempre muito variável) de assimilação, por parte de um sujeito, de estruturas de uma L2 presente no seu ambiente de input linguístico (sendo esta última a acepção da expressão mais frequente) afiguram-se como opções terminológico-conceptuais inteiramente válidas.

     Conforme apresentado pela autora, a aquisição e a aprendizagem compartilham do mesmo foco conceptivo (o processo de assimilação das habilidades linguísticas de uma LE), no entanto, dependendo da forma com que o ensino é apresentado e de onde este é instruído, designará a concepção terminológica adequada conforme a circunstância.

3.7 SOBRE A HIPÓTESE DA ORDEM NATURAL

Esta hipótese apresenta que a aquisição de uma nova língua pode ser realizada da mesma forma natural de quando se adquire a língua materna, o que pode variar de acordo com a forma em que é ensinada.

Para Krashen (1985 apud VOLUZ 2013):

A aquisição de línguas acontece sempre por meio de uma Ordem Natural, previsível e não necessariamente semelhante à ordem de aquisição de uma língua materna, tendo em vista que a aquisição da segunda língua não é determinada pela simplicidade ou complexidade da forma ensinada.

     A partir desse excerto, é possível inferir que a aquisição de uma segunda língua deve ser apresentada de forma com que o aprendiz possa expressá-la através de ações naturais com erros gramaticais e de pronúncia e tendo este o direito a aperfeiçoá-la assim como sua língua materna.

 

3.8 SOBRE A HIPÓTESE DO MONITOR

     Esta hipótese diz respeito à aprendizagem consciente do aprendiz. Nesta hipótese, o aprendiz adquire a estrutura da LE através da iniciação comunicativa, isto é, arriscando-se, tendo a possibilidade do erro, no entanto que deste seja possível constatar o nível adequado para que haja avanço e compreensão mútua.

     Nas palavras de Araújo (1987):

A hipótese do monitor implica, por conseguinte, que as regras formais (ou aprendizagem consciente) desempenham um papel muito limitado na produção comunicativa na L2. A investigação existente sugere que os utentes de uma L2 podem usar regras conscientes apenas quando três condições estiverem reunidas. Estas condições são necessárias e não suficientes, isto é, um utente poderá não recorrer totalmente à sua gramática consciente mesmo quando as três condições estão reunidas. Essas condições são as de: tempo, focalização na forma, e conhecimento da regra.

     Fazendo uso do monitor, o aprendiz poderá acompanhar a nível perceptível seu desenvolvimento comunicativo com maior chance de êxito linguístico.

3.9 SOBRE A HIPÓTESE DO INPUT

Esta hipótese refere-se aos subsídios expressos através do ensino. Quanto mais input o professor oferecer ao aprendiz, maior será a chance deste último adquirir o aprendizado exposto.   A hipótese do input pressupõe o estímulo do ensino ao aprendiz e este expresso por output, o qual possa indicar o estágio de compreensão e domínio linguístico na língua alvo.

3.10 SOBRE A HIPÓTESE DO FILTRO AFETIVO

     Essa hipótese diz respeito às impressões que o aprendiz possa gerar no que refere à naturalidade com que encara o fato da aprendizagem de uma LE. Se ele não se sentir à vontade não conseguirá adquirir os input emitidos pelo professor ou pelos demais elementos do contexto de comunicação.

     Para Stocco (2016):

[...] o Filtro Afetivo – em inglês, AffectiveFilter, é uma espécie de barreira que impede que o aprendiz processe o input recebido na nova língua. De acordo com essa teoria, auto-confiaça, stress, motivação e ansiedade são fatores afetivos determinantes para o sucesso da aprendizagem. A combinação desses elementos pode prejudicar – e até impedir – que o aluno aprenda.

5- CONCLUSÃO

A partir do que foi analisado e discutido, pode-se concluir que o estudo revelou a importância da biblioteca escolar e de seu acervo diversificado. Foi possível constatar que a referida biblioteca não conta com a disponibilidade de materiais literários de natureza estrangeira, especialmente, em Língua Inglesa. Desta forma, espera-se que políticas públicas possam ser empregadas para o ajuste dessa carência, tendo em vista que tal situaçãocompromete tanto o desenvolver docente quanto discente.

Destarte, também se pôde observar que muito foi o empenho em estabelecer o espaço da biblioteca escolar, sendo esta o aperfeiçoamento de anos de investimento para poder oferecer e assistir à comunidade escolar um espaço com materiais literários de fácil acessibilidade, o que, infelizmente, não foi reconhecido ao ponto de se manter todas as suas especificidades, como as obras literárias estrangeiras, conforme o estudo apresentou.

Espera-se que o estudo oportunize novos trabalhos na área de línguas estrangeiras, como uma referência à utilidade e objetividade da biblioteca escolar e sua relação com toda a comunidade escolar.

 

REFERÊNCIAS

AMARO, Regina KeikoObata Ferreira. Biblioteca interativa: concepção e construção de um serviço de informação em ambiente escolar. 1998. 129 f. Tese (Doutorado) - Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo.

ARAÚJO, Maria de Fátima A. Cunha. A aquisição de uma L2: Algumas variáveis cognitivas e afectivas. Disponível em: http://www.ipv.pt/millenium/arq_10.htm Acesso em 10 out. 2018.

CANFORA, Luciano. A biblioteca desaparecida: histórias da biblioteca de Alexandria. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

COLOMER, Teresa. Andar entre livros. Trad. Laura Sandroni. São Paulo: Global, 2007.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social.São Paulo: Atlas, 1999.

KRASHEN, S.The Input Hypothesis: issues and implications. 4.ed (1985). New York, Longman.

LUQUE, A. & VILLA, I. (1995). Aquisição da linguagem. Em C. Coll, J. Palácios &A .Marchesi (Orgs.), Desenvolvimento psicológico e educação (Vol. 1, pp. 149-164). Porto Alegre: Artes Médicas. 

M433c Mato Grosso. Secretaria de Estado de Educação. Superintendência de Educação Básica. Coordenadoria de Projetos Educativos. Caderno orientativo para uso da biblioteca escolar / elaborado por Telma Regina Oliveira Peres, Mariza Inês da Silva Pinheiro, Alexandre Oliveira de Meira Gusmão, André de Souza Pena; ilustração de Victor Oliveira. -- Cuiabá : SEDUC, 2012. 73p. Il. : color.

MARTINS, Cristina. O papel diferenciado de subsistemas de memória de longo prazo nos processos de aquisição e de aprendizagem de uma L2. Associação Portuguesa de Linguística (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) 2008.

PIMENTEL, Graça. Biblioteca escolar. / Graça Pimentel, Liliane Bernardes, Marcelo Santana. – Brasília: Universidade de Brasília, 2007. 117 p. ISBN: 978-85-230-0970-0.

PIMENTEL, Letícia. A importância da leitura em ambientes bilíngues. Sproutly, inglês para todos. 2016.

STOCCO, Nina. O Filtro Afetivo e a aprendizagem de um segundo idioma (2016). Disponível em: http://sproutly.com.br/2016/08/05/o-filtro-afetivo-e-a-aprendizagem-de-um-segundo-idioma/ Acesso em: 25 set. 2018.

VOLUZ, Thays Camila.  As hipóteses de Krashen: influências e possíveis aplicações no ensino de espanhol como língua estrangeira. Revista Versalete. Curitiba, Vol. 1, nº 1, jul.-dez. 2013.