A caba lá

A pergunta ainda assim é simples é básica, mas engana a muitos e confunde a quase todos.
A reles pergunta banal e sem sentido de antes pode ser tornar a mais visceral e concomitante de toda uma vida.
Onde tudo é superficial e vazio é agora profundo e onisciente.
Quando a pergunta flutua solta no ar tudo, tudo mesmo é possível.
Mesmo que a resposta não se encontre aparentemente presente em lugar algum.
Todos os segredos ocultados cuidadosamente se revelam esplendorosos e na hora certa.
Limpos como um céu depois da devassa de um temporal.
Todo muda instantaneamente, os lacres se tornam inúteis, e como nunca tivessem existido e todo esse mundo se esfumaça com a aproximação e a colação de seu mais novo e adquirido grau.
E novamente a luz da verdade brilha inexorável.
O que se pode perceber e que às vezes descendemos de uma forma tão velada que não percebemos e, mesmo quando já estamos batendo no fundo, ainda assim continuamos a não acreditar. Achamos que estamos bem e que não fizemos nada para merecer isto. E é assim porque sentimos tudo somente em nós mesmos.
Quem está sentado só ao lado de sua própria sombra?
Ninguém ao seu lado, do seu lado somente a sua sombra.
Não adianta o quanto você pensa que não está você está.
Quando não se tem escolha qualquer coisa serve para tampar a nudeza do corpo e da consciência.
Até mesmo esse arremedo de existir, um pé ali e outro aqui, um levanta e cai que parece não ter fim.
Quando não se tem escolha se faz da carne do corpo o seu palácio e o seu calabouço, do extremo prazer a mais inesperada e irreparável dor.
Onde só os acordados com azas sobrevoam o grande caos que se formou da mistura das trevas com a luz.
Então tudo envolto na noite, na mais profunda noite precisa renascer das cinzas.
Para alinhar as suas asas e sobrevoar com rápidos rasantes as sombras das barreiras majestosamente fincadas no portal dos dois mundos. Para espiar aqueles que vêm ao longe embalados na reta final guardando os últimos remanescentes resquícios de respiros, fitando o muro se concentrando para o grande salto final.
Este mundo criado e banhado na fonte primordial da existência no infinito infinitesimal do infinito. É a nave mãe de todos nós.
E o próximo mundo um grau a mais para a evolução natural na formação e ampliação do vaso da alma.
Uma enclausurada semente de luz que navega nas águas do inconcebível.
Só você conhece os limites que o eu e o ego te proporciona. Perfeito! Até porque ele é tudo o que existe sem ele não existe perspectivas nenhuma à vista. Se o ego tivesse uma força infinita ele devoraria tudo e nada mais restaria?
Quem que quer uma porção da morte se tem a chance de escolher uma outra coisa qualquer? Mas e se você não tem?
Saboreie com gosto da divina porção do veneno sagrado. E que gosto tem?
Da morte! Da vergonha! De estar à parte do todo. E qual o gosto que se tem de si mesmo? Um receptáculo frio e vazio flutuando ao léu do nada? Uma caricatura irreal e fantasiosa?
Mascaras sob mascaras que caem incessantemente sob si mesmo?
Isto é o obvio, mas e o improvável? É nisto que alguns apostam as suas fichas.
A porção da morte e a porção da vida, as duas trabalham em conjunto para o mesmo fim. Para criar uma porção única que é a união das duas forças maiores (receptor e doador).
E assim a constante renovação avança e nada estagna, a roda da existência continua untada com o óleo da essência da união das duas linhas direita e esquerda na linha do meio.
O zohar diz coisas sem nexo.
A serpente e o anjo, o anjo serpente.
A semente, a fonte e a morte.
Trás as boas novas ignorais ou não.
A besta está com dias contados.
Não vos estremeça mais a cauda e a cabeça separada.
Não mais temeis o terrível inimigo foi revelado.

Que alivio quando a mente não entende nem uma sentença sequer.

Olhe bem tudo ao seu redor para cima e para baixo.
Consegue distinguir a imagem do espelho?
O que reside acima ou abaixo? O interior do exterior?
Se tratando do ser, quem é, de onde, e por quê?
Não dá para dimensionar o que esta bem à nossa frente.
A adormecida dobra da consciência relaxa e comunga com o caos.
Fite uma só vez para sempre... Ele! O senhor do infinito!
A remexida onda de pensamentos se aquieta finalmente.
Enquanto o mundo age nada vinga...
Receber, doar, receber para doar. Doar, receber, receber para receber.
Uma parte, um todo. Uma parte, duas partes, um todo. Milhões de partes, uma parte, um todo. O céu, o inferno, o bem e o mal. Correto, incorreto, fraco, forte. A linha direita, a linha esquerda e a o do meio. Enfim a linha que sintetiza as duas outras linhas em uma só e o propósito da criação é preenchida. É místico? É mágico? Não! É até bem simples, só não entra na cabeça de qualquer um.
O vazio nada, observa o todo que transborda.
Cada gota mágica vem de lá numa imensa cascata.
Respingos que alimenta todo o universo.
Caindo como peças de um quebra cabeça.
Formando um intricado mosaico de faces.
E o vazio fascinado percebe a sua crua realidade.
Ante a transbordante cascata de luz.
Venha e veja! Ele diz! (a voz que ecoa da cascata de luz).
Se não faça o que quiser.
Digo! Vou agora nesse instante.
Venha e veja insiste ele.
Abaixo de tudo tênue luz.
Acima de tudo só luz.
Dentro de nós só um.
Dentro de um todos nós.
Acordado sonhando desperta sonâmbulo.
Mas aos poucos...