A BUSCA DE RESULTADOS POSITIVOS NA APRENDIZAGEM DO ALUNO COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA ATRAVÉS DO AFETO.

Berenice Oliveira Fernandez

Docente com Especialização em Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental para professores e Especialistas da Educação.

Especialização em Transtorno do Esoectro Autista.

RESUMO

O presente artigo aborda através de pesquisa bibliográfica compreender a importância do afeto para os resultados positivos na aprendizagem do aluno com  Transtorno do Espectro Autista. De acordo com educadores e pesquisadores da área de educação, faz-se necessário o olhar do afeto e o vínculo afetivo para ter sucesso na aprendizagem significativa e positiva dos neuroatípicos. Partiu-se da leitura de periódicos relacionados ao tema e obras como a de Celso Antunes “A construção do afeto”, nos quais propõe que é primordial o afeto na relação professor aluno aprendizagem. A pesquisa aborda a mão amiga, afeto, que ajuda nos resultados da aprendizagem diária e objetiva identificar no âmbito da neurociência cognitiva a importância do cérebro receber os estímulos e a leitura de que a relação afetiva solidifica e influencia o comportamento humano. Sendo assim é necessário refletir sobre a grande necessidade que temos de afeto e diante do aluno com Transtorno do Espectro Autista cabe ao professor mediar o vínculo afetivo para a promoção da aprendizagem mais efetiva.

 

Palavras-Chave: Afeto. Aprendizagem. Educação. Neurociência Cognitiva. TEA.

 

ABSTRACT

This article addresses through bibliographic research to understand the importance of affect to positive outcomes in student learning with Autism Spectrum Disorder. According to educators and researchers in the area of ​​education, it is necessary to look at affection and the affective bond to succeed in meaningful and positive learning of neuroatypics. From the reading of periodicals related to the theme and works like the one of Celso Antunes "The construction of the affection", in which he proposes that the affection in the teacher-student relationship learning is primordial. The research deals with the helping hand, affection, which helps in the results of daily learning and aims to identify within cognitive neuroscience the importance of the brain receiving the stimuli and reading that the affective relationship solidifies and influences human behavior. Therefore it is necessary to reflect on the great need that we have of affection and before the student with Autism Spectrum Disorder it is up to the teacher to mediate the affective bond for the promotion of the most effective learning.

Keywords: Affect. Learning. Education. Cognitive Neuroscience. TEA.

  1. INTRODUÇÃO

Este trabalho de pesquisa bibliográfica reflete sobre a importância do afeto na busca de resultados positivos na aprendizagem do aluno com TEA.

Como as relações de vínculo afetivo podem contribuir para os resultados positivos do aluno com TEA?

  • Identificar as relações de vínculo afetivo como fator gerador de aprendizagem significativa no aluno com TEA;
  • Compreender as relações de vínculo afetivo;
  • Buscar no estudo sobre a Neurociência cognitiva o foco específico para substratos neurais dos processos mentais e suas manifestações comportamentais; 
  • Escrever sobre práticas na aprendizagem x vínculo afetivo.

A motivação desta pesquisa vem a partir da observação diária dos professores que orientam os alunos com TEA a desembaraçar seus pensamentos e adquirir conhecimento no âmbito escolar.

O tema "A busca de resultados positivos na aprendizagem do aluno com TEA através do afeto" é relevante porque os desafios relacionados à inclusão em sala de aula envolvem, na maioria das vezes, problemas de rejeição, preconceito e discriminação pelo diferente. Num contexto atual em que se discute tanto os direitos humanos, ainda existem profissionais que não acreditam que um aluno com Transtorno do Espectro Autista possa conquistar bons resultados.

Faz-se necessário que os profissionais interessados conscientizem-se e se sensibilizem com muita atenção na busca de aprimorar suas relações, objetivando o vínculo afetivo para obter os bons resultados de aprendizagem, o melhor relacionamento entre os alunos e professores, consequentemente, a aquisição de aprendizagem significativa, já que o aspecto cognitivo é sempre favorecido pelo amor, carinho e respeito.

O livro "Educação A solução está no afeto" de Gabriel Chalita é um convite para um olhar amoroso, afetivo e respeitoso para todos com necessidades especiais, alunos com TEA, que têm direito e poder para conquistar bons resultados de aprendizagem, que é o foco desta pesquisa.

Já de acordo com a obra de Celso Antunes "A construção do afeto" faz-se cada vez mais necessária a participação ativa de profissionais compreendendo o desenvolvimento do potencial humano, levando-se em conta também o estímulo das múltiplas inteligências. Precisa-se da solidariedade e da empatia de uma mão amiga, de um olhar afetuoso e respeitoso (2003).

Dará embasamento a esta pesquisa os periódicos Revista Neuroeducação, Revista Educação e Revista Pátio, que tem como foco, reportagens direcionadas exemplificando questões educacionais (2015). Dessa forma, a pesquisa se fará de forma bibliográfica, já que serão lidos e analisados outros títulos para fundamentar e explanar o tema de acordo com os objetivos apresentados.

 

  1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

Talvez seja difícil promover o aprendizado em um indivíduo que possui um transtorno. Talvez seja mais tranquilo conhecer a educação para desvendar as formas de entender, ajudar e estimular este indivíduo, atividades cerebrais e como as mesmas influenciam no comportamento humano.

A neurociência pode ajudar a melhorar a aprendizagem com os conhecimentos sobre o processamento da leitura e da escrita pelo cérebro e o papel de funções do órgão, como a atenção e a memória.

A ciência, neurociência, demonstra que pouco somos sem aquele quilo e meio de massa rugosa passível de segurar na palma da mão, o cérebro.

A atividade cerebral não existe sem uma impregnação poderosa do ambiente. A cultura é determinante no desenvolvimento do cérebro e essencial, por exemplo, na alfabetização. "Ler e escrever são aprendizagens culturais", confirma Elvira Souza Lima (2019).

Elvira estuda para incluir a educação da atenção. "Existe uma concepção no dia a dia escolar de que a atenção é linear, e de que o estado de atenção é absoluto".

 A atenção ideal, na percepção da neurocientista, seria educar a atenção dos alunos a partir de ações planejadas na direção de cativá-los, e não puni-los.

Lembrando também do papel importante da emoção no aprendizado. “A emoção está no início do processo de decisão e é determinante na atenção". A emoção vem antes da ação.

Elogios ao desempenho da criança, demonstração de afeto e controle do uso da mídia eletrônica para não expô-la a situações de violência são exemplos de práticas positivas.

Portanto, não existe decisão desligada da emoção. O benefício da decisão está sempre associada ao prazer, e o risco se aproxima do sentimento do medo e desprazer.

A emoção é a ferramenta que a natureza desenvolveu para que o cérebro possa avaliar se a decisão é correta (prazer), ou errada (desprazer, dor). O sensorial do indivíduo com TEA é marcante, é importante aproveitar estas sensações para definir como aprendem, segundo a neurociência, e como os professores podem tirar proveito desse conhecimento para criar melhores condições de aprendizagem em sala de aula.

Para favorecer o processo ensino-aprendizagem é importante proporcionar desde cedo às crianças, experiências agradáveis em sala de aula, a forma também tem grande interferência.

Aprender é emocionar-se.

As emoções são o núcleo da relação professor-aluno que influenciam os mais diversos processos cognitivos como memória, atenção e aprendizagem. Difícil tarefa entender as emoções, porque são complexas e profundamente atreladas ao contexto e história de vida.

Para uma educação transformadora as emoções precisam estar presentes.

Cada vez mais precisamos compreender as estruturas cerebrais das emoções e neurobiologia das interações, razão-emoção.

As emoções estão associadas a um conjunto de estados psicológicos comportamentais e respostas fisiológicas periféricas.

Sentir satisfação ao trabalhar em um projeto desafiador contribui para que os estudantes tenham pensamentos mais criativos, encontrem soluções mais flexíveis na resolução de problemas.

Estudos mostram a existência de interação entre emoção e cognição. Resumindo, a emoção é uma resposta ao conteúdo de determinados estímulos. O corpo sofre alterações de estados temporários para determinar uma emoção, precisando também da sensação da emoção em relação ao objeto que a desencadeou. Estado do corpo mais conjunto de padrões neuronais induzidos por estímulo, carregado do conteúdo emocional.

Verificar a representação emocional de crianças neurotípicas e identificar as relações de vínculo afetivo como fator gerador de aprendizagem significativa no indivíduo com TEA não são diferentes no seu conceito teórico, mas na prática desenvolve-se igualmente.

A educação emocional é essencialmente aprendida no meio familiar. Isso quer dizer que, por mais que a criança treine essa habilidade na escola ou no convívio social, os pais serão as primeiras ferramentas para esse aprendizado.

O autismo (TEA) é uma deficiência sem causas evidentes e com ocorrências indefinidas. Indivíduos autistas manifestam alterações no desenvolvimento ainda nos primeiros meses de vida. Uma das características do autismo afeta a capacidade de leitura e reconhecimento facial das emoções, portanto, eles entendem apenas emoções mais básicas. A inclusão destes indivíduos nos aspectos biopsicossociais, facilitando a afetividade e a ligação emocional através do lúdico, criando um ambiente prazeroso e motivador, só pode ser concebido como positivos e de grande valia.

O estudo sistemático da emoção e da motivação para os alunos com TEA é extremamente importante. E uma das razões principais é que a emoção, em comparação a outros comportamentos, parece ser especialmente difícil de precisar. Para desenvolver uma neurociência cognitiva da emoção, precisamos abordar algumas questões básicas: como definimos emoção? Como manipulamos e medimos emoção em estudos científicos? Qual é a relação entre cognição e emoção? Infelizmente, não temos respostas fáceis para nenhuma dessas questões. Entretanto, as investigações em neurociência cognitiva estão prosperando, com pesquisadores fazendo o melhor que eles podem para lidar com essas incertezas, mas podemos considerar cada uma destas questões dentro deste estudo.

Definindo emoção: feliz, triste, medroso, ansioso, exultante, abalado desapontado, furioso, satisfeito, aborrecido, excitado, envergonhado, culpado e apaixonado são alguns termos que usamos para descrever nossa vida emocional. Infelizmente, nossa rica linguagem de emoções é difícil de ser traduzida em estados específicos e suas variações, que possam ser estudados em laboratório. Em esforço para criar alguma ordem e uniformidade em nossas definições de emoção, pesquisadores tem adotado duas abordagens principais.

Emoções básicas, que embora usemos as palavras como exaltação, alegria e satisfação para descrever como nos sentimos, a maioria das pessoas concorda que cada um desses termos representa uma variação de sentir-se feliz.

Dimensões da emoção é outra maneira de abordar a caracterização das emoções e descrevê-las não como estados isolados, mas como reações a eventos no mundo que variam, em um continunn. [1]

Evidentemente, as abordagens das emoções básicas e dimensional para definir emoções não são adequadas para capturar toda a nossa experiência emocional.

Um alerta emocional ou evento significante pode levar à intensificação da memória, a emoção difere claramente de outros comportamentos "cognitivos", os quais podem envolver mudanças no estado corporal.

Um benefício do trabalho recente em neurociência cognitiva da emoção é que, identificando alguns dos sistemas cerebrais da emoção, mudamos o debate sobre a relação entre cognição e emoção para termos neurais. Parece não ser mais interessante estudar sem cognição e vice-versa. A emoção, como outros comportamentos mentais, tem características únicas e definidas. Entretanto, nossa compreensão de neurociência da emoção não pode ser separada de outros comportamentos considerados "cognitivos".

Nesta busca sobre o afeto com teor positivo, a neurociência cognitiva da emoção descreve como as pessoas funcionam em circunstâncias emocionais. Já o quanto os indivíduos são variáveis as suas reações emocionais não são diferentes para o Transtorno do Espectro Autista, embora todos possam reagir negativamente quando recebem notícias ruins, algumas pessoas podem imediatamente voltar atrás e olhar o lado bom enquanto outros podem ficar se lamentando por dias em depressão. Todos temos responsabilidades distintas que são formadas em parte pela nossa disposição e pelo nosso temperamento emocional.

O clima escolar tem extrema importância na conexão direta com o universo emocional. O aspecto social da escola (na qual crianças e jovens compartilham com pares as figuras de autoridade, agindo na coletividade) faz com que ela seja palco natural dos mais variados tipos de conflitos. As crianças com TEA vivem situações emocionais diversas com as quais nem sempre sabem lidar. O fundamental é ajudar no esclarecimento sobre o mundo com as emoções básicas e dimensionais, o afeto, cuidando de suas próprias emoções, mas é importante ter em mente que todas se relacionam de forma dinâmica com o cognitivo comportamental:

O cognitivo está ligado às emoções, o vínculo afetivo. As conquistas intelectuais são incorporadas a afetividade emocional, dando-lhe um caráter eminentemente cognitivo. Quando são interligadas, afetividade e inteligência levam a criança a um nível de evolução muito elevado. Neste sentido Sergio Leite e Elvira Tassoni evidenciam que.

 

[...] a presença contínua da afetividade nas interações sociais, além da sua influência também contínua nos processos de desenvolvimento cognitivo. Nesse sentido, pode-se se pressupor que a interação que ocorre no contexto escolar também são marcadas pela afetividade em todos os seus aspectos. Pode-se supor, também, que a afetividade se constrói como um fator de grande importância na determinação da natureza das relações que se estabelecem entre os sujeitos (alunos) e os diversos objetos do conhecimento (áreas e conteúdos escolares), bem como na disposição dos alunos diante das atividades propostas e desenvolvidas. (LEITE e TASSONI, 2000, p. 9-10)

 

Apesar de não existir uma receita pronta para lidar com o autismo em sala de aula, há aspectos básicos na aprendizagem humana – comuns a todos nós – que podem servir de mediadores da aprendizagem, dentre eles a afetividade. O afeto não é nenhuma nova teoria pedagógica, nem a mais nova descoberta científica para dar-nos melhor qualidade de vida.

A criança com TEA apresenta no seu desenvolvimento, sérios prejuízos qualitativos em três principais áreas do desenvolvimento: interação social, comunicação e comportamento (APA, 2013). Com relação à interação social, a criança apresenta déficits severos na capacidade de iniciar, responder, manter ou estabelecer interações com as pessoas. Os prejuízos na comunicação são compreendidos pela ausência da fala e, quando existente, muitas vezes, apresenta ecolalia, ou ainda a criança tende a não utilizar a fala para fins comunicativos. Os comportamentos de modo não-verbal, são caracterizados pela inabilidade do contato visual, da expressão facial, da disposição corporal e dos gestos. Os comprometimentos a nível comportamental referem-se basicamente aos movimentos corporais estereotipados e repetitivos, insistência em seguir rotinas, e quando quebradas, há intenso choro (CAMARGO; BOSA, 2009; LAMPREIA et al, 2010). Em virtude da definição deste transtorno envolver prejuízos qualitativos nas três principais áreas do desenvolvimento humano, até os dias de hoje, a crença em torno deste indivíduo concebida como aquele que vive em seu próprio mundo tende a persistir. Tal postura promove a existência da barreira atitudinal por parte dos profissionais envolvidos e é compreendida como elemento de resistência à mudança, como barreira para a implementação da inclusão. Por que falar em Lev S. Vygotsky, Henri Wallon e John Bowlby em relação ao desenvolvimento da criança com TEA? Ao pensar na pessoa com deficiência, Vygotsky (1997) elaborou uma crítica veemente às formas de segregação social e educacional impostas às estas pessoas. Compreendemos que este teórico, desde a sua época, abriu as portas para o paradigma da inclusão, ao apostar nas possibilidades e potencialidades preservadas do sujeito com deficiência.

Trata-se de algo que acompanha o homem desde o nascimento da sua história. É um instrumento pedagógico que precede ao uso do giz e da lousa, todavia, não se tornou anacrônico. Ele é científico: ao consumar o afeto, o cérebro recompensa o corpo por meio da liberação de impulsos químicos que trazem a sensação de prazer e de alegria. Ser afetivo não é ser adocicado. Ser afetivo é utilizar o campo emocional como um eficaz e real instrumento pedagógico, mediando a aprendizagem, trabalhando a memória e a cognição. Em termos práticos, é trazer para o exercício pedagógico o interesse e o amor dos atores da escola. Um aluno que ama aprender aprende melhor; um professor que ama ensinar ensina melhor.

Porém, não podemos nos iludir achando que basta amar para ser bom professor. Antes, se eu amo, eu estudo, eu pesquiso, eu trabalho e, desta forma, adquiro um olhar sensível e instrumentalizado, essencial ao exercício docente. A carga de amorosidade que está em mim me faz ser um aprendiz do saber para exercer com equidade o meu ofício. A carga de amor que está em mim me faz interessado e responsável em descobrir alternativas nos processos de ensino e aprendizagem. Igualmente, a carga afetiva do aluno o faz irromper a lugares ainda desconhecidos de aprendizagem e saber.

Se não podemos ser afetivos sem adquirir os predicados necessários ao exercício docente, tampouco podemos exercer a prática pedagógica sem os atributos do amor, principalmente quando falamos da inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais.

O que fazer? Um dos grandes problemas no tratamento do Transtorno do Espectro Autista é a demora para a sua identificação, os sintomas e o consequente atraso para se fazer o diagnóstico e iniciar o tratamento. Existem janelas de oportunidade para intervenção do autismo. A espera para agir podemos perder chances ímpares de promover a melhora do indivíduo autista.

A precocidade do diagnóstico e do tratamento é fundamental, por ajudar bastante no prognóstico e fazer com que a criança seja tratada ainda em idade pré-escolar. Intervenções conjuntas englobando psicoeducação, suporte e orientação de pais, terapia comportamental, fonoaudiologia, treinamento de habilidades sociais e medicação ajudam na melhoria da qualidade de vida da criança, proporcionando uma melhor adaptação no meio em que vive.

Um profissional importante no tratamento e no processo pedagógico dessa criança será facilitado ou mediador escolar. Ele funcionará de elo entre educador, pais e estudante.

O mediador escolar trabalhará auxiliando a criança na sala de aula e em todos os ambientes escolares, como um “personal trainer”, mediando e ensinando regras sociais, estimulando sua participação em sala, facilitando a interação social dela com outras crianças, corrigindo rituais e comportamentos repetitivos e acalmando o estudante em situações de irritabilidade e impulsividade. Exercerá o vínculo afetivo de suma importância para a adequação no meio ambiente, comportamental e aprendizagem.

Comportamentos agressivos, automutilantes, irritabilidade, instabilidade emocional, impulsividade e depressão podem ser muito amenizados com associação de medicamentos e técnicas de manejo comportamental.

Entre os tratamentos comportamentais em destaque atualmente pelo sucesso de suas intervenções é o chamado Análise do Comportamento Aplicado ou ABA ( Apllied Behavior Analysis). O trabalho do fonoaudiólogo é muito importante no tratamento do portador de transtorno do espectro autista, pois estes podem possuir um grau de dificuldade de comunicação verbal, fato que colabora para interação social. As atividades esportiva e de psicomotricidade também merecem destaque nas intervenções com crianças e adolescentes, pois auxiliam no desenvolvimento de habilidades, motoras e de consciência corporal, melhoram a autoestima, estimulam a socialização e aumentam a inclusão dessas crianças em eventos escolares e sociais.

O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento que atinge a cerca de 70 milhões de pessoas no mundo; os sintomas característicos e padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados realmente afetam a sua inclusão e interação social comumente avaliados como crianças sem educação ou levadas.

A partir de avaliações interdisciplinares com profissionais especializados e da emissão de um laudo médico e um profissional (neuropediatra e/ou psiquiatra infantil) que respalde o diagnóstico, levado à escola pelos responsáveis pela criança, a escola (coordenação, psicopedagogo, psicólogo) e seu corpo docente podem trabalhar em sintonia para ajudar essa criança a se desenvolver de forma mais adaptativa na instituição e no social.

A abordagem comportamental adequada favorece e dá base para que a aprendizagem possa acontecer, facilitando para o aluno e professor/escola. É importante que, na prática diária do corpo docente a busca de ensinar à criança habilidades que levem a exibir comportamentos socialmente adaptativos nos alunos, é preciso, antes de tudo, que estes professores se abram a novos saberes.

O ato de educar está para além da educação formal, remetendo também a diversos âmbitos da vida do aluno. Portanto, é importante trazer atividades que resgatem elementos do cotidiano da criança, articulando-as com as práticas pedagógicas para que ela possa assimilar, analisar, refletir e significar. Investir na relação com o aluno, vínculo afetivo, medir interações e brincadeiras, estimular a comunicação e favorecer o ingresso no grupo são fatores relevantes na perspectiva  do desenvolvimento de crianças com autismo no ambiente escolar.

Trabalhar com recursos que ajudem a estabelecer a rotina, como um quadro com atividades do dia, por exemplo, ajuda a criança a perceber e delimitar essa rotina. Em atividades avaliativas, pode-se fazer uso de poucas questões em uma mesma página e utilizar comandos simples, porque isso ajuda na organização da criança. Aumentar o tamanho da letra/fonte e usar letra bastão podem ser fatores positivos. Utilizar-se de uma linguagem simples e objetiva e materiais concretos de construção do conhecimento facilitam a compreensão da criança com TEA.

O uso de recursos tecnológicos, vídeos, músicas, figuras ou livros também pode ser grande aliado. Outra prática que pode ser útil no dia a dia escolar da criança com autismo é, em uma atividade de desenho, ou mesmo de escrita, com vistas a trabalhar a motricidade fina e a delimitação espacial, passar cola (branca ou isopor) nas bordas da folha, espalhar com o dedo e aguardar secar; ao fazer isso, a cola demarca o espaço na folha, não deixando ultrapassar a escrita para além dela.

Com uma intervenção apropriada, construção de repertórios socialmente relevantes e estratégias pedagógicas diferenciadas, alinhadas em terapêutica, o pedagógico, o afetivo e o social, crianças com autismo podem obter ganhos intelectuais e sociais bastante significativos.

A educação de qualidade em uma perspectiva inclusiva valorizará e potencializará as singularidades e as diferenças de todas as crianças, sem segregar e excluir o diagnóstico clínico, porém buscará saberes pedagógicos que possibilitem a aprendizagem de todos, sempre respeitando os modos e os estilos de aprender de cada um.

Alteração curricular tornou-se um termo geral para todas as mudanças feitas com o objetivo de atender as necessidades particulares de um estudante. No entanto, é importante entender a diferença entre modificação do currículo e adaptação. Modificação implica alterar o conteúdo ensinado com base nas necessidades e limitações do aluno, mesmo que isso signifique mudar os padrões de avaliação. Já a adaptação curricular, mantem-se a integridade do conteúdo repassado e a forma padrão de avaliação curricular. Porém, considerando as necessidades e limitações do aluno, pode-se apresentar a ementa curricular em um formato diferente ou modificar as estratégias no qual o aluno aprende. Em outras palavras, modificação altera o que é ensinado e como o progresso é medido, enquanto a adaptação muda a forma como o conteúdo é apresentado e/ou acessado, mas não como o progresso é avaliado.

Precisamos compreender que pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), muitas vezes, não aprendem como uma criança neurotípica. Durante o desenvolvimento típico geralmente a criança não necessita de intervenções específicas ou mediação para o aprendizado. Por outro lado, no TEA o processo de aprendizagem é diferente porque “há uma relação diferente entre o cérebro e os sentidos, então as informações nem sempre geram conhecimento” (Cunha, 2009). Portanto, para que uma criança atípica se desenvolva no ambiente escolar, torna-se necessário que o professor manipule diferentes recursos na aprendizagem, pois cada educando aprenderá de forma diferente.

Alunos com TEA, em muitos casos, irão precisar ter alguma alteração acadêmica, uma vez que problemas como déficits motores (por exemplo, segurar um lápis para escrever) e motivação (realização de determinadas atividades, participação em algumas aulas) podem exigir modificações. Assim sendo, as instituições e os educadores precisam ser adequadamente treinados para realizar a inclusão que esses alunos necessitam. Por esse motivo, é importante que as instituições educacionais tenham conhecimento sobre abordagens baseadas em evidências, que explanam adequadamente as necessidades dos alunos com autismo, tracem diretrizes para a identificação de práticas de ensino eficazes e destaquem recursos específicos para o ambiente escolar.

Assim sendo, o programa educacional para um indivíduo com autismo deve ser baseado nas necessidades únicas daquela pessoa, para ajudar a determinar que tipo de ambiente de aprendizagem será melhor para ela.

Entre estas necessidades únicas explorar a importância da afetividade de crianças e jovens como indispensável ao desenvolvimento humano e como ela se expressa na vida do indivíduo, e também como elemento intrínseco da aprendizagem e na formação do sujeito global.

Negar o afeto e as emoções significa negar o desenvolvimento humano e suas manifestações no âmbito cognitivo, biológico e social.

Falar do afeto no contexto escolar, ao contrário do que muitos podem pensar, refere-se à essência do ensino, ao motor da aprendizagem, às íntimas relações com as estruturas cognitivas.

O ser humano é movido pela afetividade, tanto na sua forma positiva quanto na negativa, ou seja, um elogio lhe afeta positivamente, enquanto uma reprimenda ou crítica lhe afeta negativamente, sendo que, nos dois casos, a afetividade opera como elemento de desenvolvimento no sentido de criar mecanismos de compreensão, aceitação, defesa ou administração das sensações desencadeadas.

Ao se falar em aprendizagem, deve-se ter em mente o processo ensino-aprendizagem, já que uma não acontece sem o outro e isso é a forma mais concreta do que se nomeia “interação social”, ou seja, não existe ensino-aprendizagem sem as interações, sem as trocas, sem o convívio, o que pode ser melhor vivenciado, intermediado, levado pela via da afetividade e a compreensão das suas implicações no processo.

 

  1. CONCLUSÃO

Como considerações finais, neste artigo, constatou-se que para obter resultados positivos na aprendizagem do aluno com Transtorno do Espectro Autista considerar-se a necessidade da presença do afeto, afetividade, no desenvolvimento humano cognitivo.

No contexto escolar é fundamental utilizar-se do campo emocional como real instrumento pedagógico, mediando a aprendizagem, a memória e o cognitivo.

Por isso, é preciso integrar vários campos e segmentos do meio dos indivíduos com TEA; integrar a participação dos pais, da família e atendimento clínico na vida da escola do educando, trabalhando o afeto nas relações.

O professor não estará somente com o propósito de ensinar, mas é preciso que os sentimentos como afeto, amor, carinho, atenção e respeito estejam presentes em um conjunto chamado aprendizagem. Assim o educando com Transtorno do Espectro Autista terá a possibilidade de promover os sentimentos afetivos com leveza, compreendendo e garantindo um neurodesenvolvimento benéfico, bem como da proposição de ações de melhorias e resultados positivos efetivos.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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www.meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-importancia-afetividade-para-uma-aprendizagem-significativa.htm

 

[1] S.m. Conjunto de elementos tais que e possa passar de um para outro de modo contínuo.  ( tempo. (pl. os continua.) Etimologia (origem da palavra continunn). Palavra lativa.