A bomba atômica é triste, coisa mais triste não há, quando cai, cai sem vontade e vem caindo devagar.
Tão devagar vem caindo que dá tempo a um passarinho de pousar nela e voar...
Coitada da bomba atômica que não gosta de matar, mas mata tudo, animal e vegetal.
Que mata a vida da terra, que mata a vida no ar, mas também mata a guerra.
Bomba atômica que aterra! Bomba atômica da paz! Bomba atômica, bomba atômica tristeza, consolação, flor puríssima de urânio.
Desabrochado no chão da cor pálida do helium e odor do radium fatal.
Mineral carnívora radiosa, rosa radical.
Nunca mais. Oh! Bomba atômica, nunca em tempo algum jamais seja preciso que mates onde houver morte demais.
Fique apenas tua imagem aterradora, miragem sobre grandes catedrais.
Guarda de uma nova era de Arcanjos da paz.



EWALD KOCH