Por Andressa Takao

Há muito tempo tenho uma vontade represada em descrever com poucas linhas minha indignação frente a meros comentaristas e críticos que assumem um papel um tanto quanto desnecessário quando falam mal da obra de Paulo Coelho. Longe de mim querer ultrapassar, renegar, ou até mesmo refutá-los, afinal não tenho nenhum título de mestre e/ou doutora em Letras, sou apenas estudante.Gostaria de frisar que antes de sermos graduados, mestrados ou doutorados (somos ou deveríamos ser) Leitores! E na qualidade de leitora, tenho total propriedade para minha análise, mesmo que ela seja assim por dizer acadêmica pois já estou por concluir o curso de Letras.

Enfim, o que me chamou e chama muito a minha atenção, desde de quando me tornei aluna e passei a freqüentar alguns eventos literários são as frases de efeito muito “intelectuais” e acho que até deve haver algum tratado quando se ingressa no curso para que se pronuncie frases de efeito como: “ É um lixo, jamais será literatura de verdade” ou até mesmo: “Nunca vou falar de Paulo Coelho em sala de aula”! entre outras pérolas que não cito aqui para engrossar demais o que já complexo. Quero deixar bem claro que os colegas tem sim que opinar, criticar , ou até mesmo selecionar as obras que os mesmos gostam ou não gostam pois como argumento no início antes de tudo somos Leitores! Bem, continuando, esses comentários me soaram um pouco estranhos e até mesmo pedantes se é esse o termo, mas mesmo assim não dei relevância por ser apenas uma “novata” na situação. O tempo passou, ouvi vários debates, discurso e até mesmo um dia em sala de aula chegou a questão do calcanhar de Aquiles: Mas e o aluno? O que eles lêem? Como eles lêem? E tudo pra mim começou a ter uma conotação diferente e pensei comigo mesma Por que eu não posso assumir que li e leio Paulo Coelho? É algum tipo de crime literário? Há alguma bíblia do cânone que diz: Versículo único: Não leia autores famosos, modernos que não sejam aceitos pela academia. A partir desse momento comecei minhas reflexões, coisa natural para quem já lia muito e com o curso de Letras esperava ver mentes mais abertas...Engano! pra meu espanto, a maioria que falava mal do escritor , nunca tinha lido 1 (um) romance sequer e acreditem a pessoa ficava constrangida quando eu questionava sobre. Bom, acho que depois disso, não preciso explicar muita coisa, mas pretendo ir mais fundo nesse texto pois sinto que há coisa entaladas demais.

Para fechar com chave de ouro, bombou nas redes sociais a declaração de Paulo criticando o autor tão conhecido e aclamado James Joyce, foi a mesma coisa que botar fogo na bíblia de Machado! Teve gente no facebook reclamando, se lamuriando, enchendo as atualizações de adjetivos contra Paulo. Meus caros, que fique claro, eu não tenho nada contra Joyce, pelo contrário, não duvido da sua escrita, senão ele não seria imortalizado como tantos outros escritores que admiro tanto, inclusive brasileiros, para citar aproveito alguns que me recordo agora, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Vinícius de Moraes, João Cabral, Machado de Assis, José de Alencar, Lima Barreto, entre tantos outros que leio desde criança e sinceramente se não fosse eles eu não teria a referência que tenho hoje  me orgulho muito disso! Mas, voltando aos fatídicos comentários, novamente analisei toda aquela revoada de críticas , adjetivos e etc...odeio debater em facebook, me dá cansaço psicológico...mas tive vontade inúmeras vezes de perguntar: E se fosse outra pessoas que tivesse critica Joyce? Qual seria o argumento? E se fosse aqueles críticos ultra mega conceituados, como diria minha professora os PHDeuses! Tenho certeza, posso afirmar com todas estas letras que não seria a mesma coisa...ao contrário conheço alguns que até aplaudiriam e pediriam bis num ato ridículo! A questão que quero deixar para reflexão é a seguinte: Há alguma bíblia, algum tratado, algo santo na literatura canônica? Não quero de jeito nenhum criticar o cânone pois tive e tenho influência direta dele, mas quero mesmo convidar a uma mudança de pensamento. Se , hoje, eu vejo um autor do calibre de Paulo Coelho vender e ser reconhecido lá fora de forma tão grandiosa e vejo aqui no seu país ele ser quase execrado, acho que mais uma vez estamos com problema cultural do atraso. Sim , estamos atrasados! E isso é triste, é desolador, pois não podemos nem devemos deixar esse atraso ir pra nossas salas de aula no futuro.