ANA DE SOUSA CELESTINO SILVA SANTOS

IVANILDA ALVES DE SOUZA GOMES


Nesse artigo discorremos sobre a avaliação procurando conhecer uma teoria avaliativa que seja vinculada à realidade brasileira e que se apoie em princípios e valores comprometidos com a transformação a partir de conhecimento do compromisso político da escola pública com as classes populares. Enfatizamos a visão de avaliação de alguns autores bem como a perspectiva de avaliação de acordo com a escola ciclada.

            A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) prevê a possibilidade do sistema de aprovação automática, podendo o ensino fundamental ser dividido em ciclos.

Essas mudanças estão voltadas à concepção de que a escola precisa romper com a lógica da seriação e da disciplinaridade. Com o modelo, na prática não há mais retenção: as crianças são divididas em turmas com idades semelhantes e, no caso de não alcançarem as expectativas para aquele ano, no próximo, segue em sua turma com um trabalho individualizado nos Laboratórios de Aprendizagem. Em outra possibilidade, entram em uma turma de Progressão, para crianças com defasagem de idade.

Buscando suporte teórico em estudiosos preocupados com a qualidade da educação oferecida aos nossos alunos, dentre eles Carlos Cipriano Luckesi, Jussara Hoffman e outros que enfatizam a escola como ambiente de relação democrática com o objetivo da formação do educando, não de sua exclusão, com intuito de refazer e reconstruir seu conhecimento.

Acreditamos que a maneira como vem sendo feita a avaliação escolar favorece a evasão, o desinteresse e a repetência. Aprofundaremos nosso estudo para verificar a “influência” da avaliação na vida escolar do aluno.

Chamamos a atenção na busca de respostas que interferem na nossa prática docente e na escola como um todo, lembrando sempre que podemos modificar uma situação dada a partir da sala de aula, da relação que estabelecemos com a nossa comunidade escolar e na constante reflexão que fazemos desse nosso agir, ressaltando a importância da valorização do aluno em todas as atividades que se desenvolvem em sala de aula. Como a Instituição Escolar pode contribuir para um ensino que ofereça ao aluno, ao homem os instrumentos necessários de inserção na dinâmica social?

Para melhor entender o processo de avaliação é preciso conhecer os caminhos da educação, fazendo uma abordagem histórica da educação bem como as concepções de ensino e refletindo sobre   as relações entre escola nova, escola tradicional enfocando as particularidades das duas tendências enfatizando os pontos positivos e negativos de ambas.

 Se faz necessário uma reflexão acerca das tendências pedagógicas, pois não poderíamos falar em avaliação educacional escolar, sem fazermos uma análise do sistema educacional uma vez que a avaliação faz parte da engrenagem desse sistema.

Quando o temo é avaliar   há necessidade de compreender que se trata de um processo tão complexo e que tanta interferência causa na vida dos alunos. Por isso pontuamos sobre as práticas pedagógicas da avaliação como aprendizagem ressaltando que a avaliação deve romper com visões tradicionais que permeiam a educação e consequentemente as práticas pedagógicas decorrentes delas. A proposta de avaliação da escola ciclada que diferentemente da avaliação tradicional que não permite a inovação pedagógica, valoriza os conhecimentos, as competências dos alunos, assim como o interesse pelo saber.

No âmbito da avaliação educacional, a avaliação da aprendizagem é aquela que merece cuidado especial por parte dos educadores, uma vez que se refere ao alvo de todos os esforços por eles realizados: o educando.

Tudo o que acontece em educação ocorre em nome do educando; é para ele que se voltam todas as preocupações pedagógicas e, entre essas, a avaliação da aprendizagem ocupa um espaço valioso.

Entendida como parte integrante do processo de ensino e de aprendizagem, contribui para a superação de problemas identificados no seu desenvolvimento, bem como para a orientação em relação aos objetivos a se cumprirem, intenções a se realizarem e metas a se alcançarem.

No entanto não é necessário que a posição assumida pelo educador seja excludente. Ele pode optar por uma posição conciliatória, adotando um ou outro caminho, segundo as características da situação: em se tratando de concursos em que a seleção é o objetivo, é claro que uma perspectiva classificatória é absolutamente adequada. No entanto, no quotidiano da escola, em que a competitividade pouco ou nada tem de contribuir para o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos, essa perspectiva precisa ser descartada em nome do cumprimento dos objetivos educacionais de nossas escolas. Nesse sentido, o importante é que o educador tenha consciência das escolhas feitas, das consequências que poderão advir e que assuma a responsabilidade por elas.

            É necessário repensarmos a avaliação, porque é por meio dela que professores e alunos podem fazer um diagnóstico de seus avanços e dificuldades no decorrer de um período, de uma aula, de um trabalho. A avaliação está presente em nossa vida de todas as formas, e no que realizamos, enfim, internamente em cada indivíduo, pois sem ela como continuaríamos direcionando por caminhos que achamos serem certos?

Dentro de um contexto escolar o aluno traz consigo sua vivência e experiência de mundo, portanto, cada indivíduo estabelece suas relações de aprendizagem com seu universo dentro de um todo social. Sob esse prisma, é que devemos encarar a avaliação não como um mero registro de notas que acaba classificando os alunos em “bons ou ruins”, em “mais inteligentes ou menos inteligentes” em “mais capazes ou menos capazes”, só porque conseguiram através de respostas em provas “memorizadas” mais conteúdos, e sim como um meio que ajudará professores a identificar dificuldades, diagnosticar problemas.

Faz-se necessário que a avaliação seja orientada pela lógica da continuidade dos processos de formação. Isso implica em preocupar com a aprendizagem do aluno como sujeito ativo no processo de conhecimento, tendo na intervenção do professor, a mediação das interações entre os alunos e destes com os objetivos de conhecimento.

A avaliação da aprendizagem deve ser uma ação presente em todo o processo, como um instrumento permanente e não apenas como um momento isolado do mesmo. Nesse sentido, ela é a reflexão transformada em ação.

Através dessa pesquisa bibliográfica percebemos que os autores analisam a avaliação, acreditando na necessidade de mudanças, de melhoras, de que é preciso buscar propostas inovadoras que envolvam a escola, a família e a comunidade, onde todos possam acompanhar e contribuir para o desenvolvimento do aluno em todo o processo de aprendizagem e não enxergá-la somente no momento final do processo.

Compreende que, para que haja essa transformação, os educadores precisam rever sua prática pedagógica. Faz-se necessário que vejamos a avaliação como recurso de ensino e não como uma forma de aprovar ou reprovar os alunos.

Acreditamos que enquanto não houver, por parte dos educadores, um real interesse em mudar essa tradicional maneira de avaliar, que vem causando constantes reprovações, principalmente de crianças de 1ª série, os alunos continuarão sendo os únicos prejudicados.

Vale ressaltar que a decisão de transformar a prática avaliativa não é tomada de uma hora para outra, nem de uma forma isolada das outras decisões relativas a proposta pedagógica: as alterações na forma de avaliar são integrantes do projeto da escola demandando estudo e reflexão, resultando do trabalho coletivo dos professores.

A avaliação vista como acompanhamento da aprendizagem é contínua é uma espécie de mapeamento que vai identificando as conquistas e os problemas dos alunos em seu desenvolvimento. Dessa forma tem caráter investigativo e processual ao invés de estar a serviço somente da nota como único meio de avaliação, essa avaliação passa assim a contribuir com a função básica da escola que é promover o acesso ao conhecimento.

Ainda queremos salientar que não somos totalmente contra a avaliação através de provas, só não compreendemos porque utilizar somente da prova escrita para avaliar a aprendizagem do aluno. Precisamos vê-lo como um todo no processo de ensino-aprendizagem, seus avanços, suas regressões e ter um acompanhamento naquilo que o aluno não conseguiu e intervir para uma real aprendizagem.

Com a perspectiva de mudança dessa situação que lentamente já vem sendo refletida, fica aqui o convite a todos os profissionais da educação, alunos e pais, para uma transformação por meio de nossa ação.

 

 

 REFERÊNCIAS 

 

 

HOFFMANN, Jussara M. L. Avaliação mediadora uma prática em construção da pré-escola à universidade. 8ª ed. Porto Alegre: Mediação, 1996.

 

----------------- Avaliação: mito e desafio. Porto Alegre, RS: Educação e Realidade,1991

 

LUCKESI, C.C. Prática docente e avaliação educacional e escolar: Compreensão teórica, ensino e produção de conhecimento. São Paulo: ANPED, 1986.

 

-----------. Avaliação da aprendizagem escolar. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 1994.

 

-----------. Avaliação educacional para além do autoritarismo. Revista A.E.C.,n° 60, 1986.