A ASCENSÃO FEMININA NA BIOGRAFIA DO TRÂNSITO

Joseilma Ramalho Celestino

 

 

 

 

 

SUMÁRIO

RESUMO.....................................................................................................................            03

ABSTRACT................................................................................................................            03

INTRODUÇÃO........................................................................................................... 04

1                EMBASAMENTO TEÓRICO.................................................................. 06

1.1            Um Pouco de História da Trajetória da Mulher na Sociedade.... 06

1.2            Analisando as Diferenças entre Homens e Mulheres................... 07

1.2.1         As Diferenças de Gênero na Educação e Comportamento.............. 08

1.3            A Mulher e Sua Trajetória no Trânsito.............................................. 10

1.3.1         As Diferenças da Mulher nas Transgressões no Trânsito................ 11

1.3.2         A Inteligência da Mulher no Trânsito.................................................... 12

CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 15

REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 17

 

 

 

RESUMO

Para o século XXI a diferença entre os gêneros serão discutidas no presente artigo, como uma simples concretude dos fatos. A habilidade emocional da mulher de adaptar-se ao stress no trânsito e resolução de conflitos, mostra uma grande reviravolta em conceitos ultrapassados, sobre a inteligência feminina no que diz respeito ao trânsito na atualidade. O perfil da mulher no trânsito configura um modelo de comportamento para um trânsito mais cooperativo. A motivação para o desempenho ao equilíbrio das sensibilidades femininas, exigem seu enfrentamento dos medos e inseguranças frente as exigências do contexto citado.

Palavras-chave: Trânsito; Gênero; História.

ABSTRACT

For the twenty-first century the difference between genders will be discussed in this article as a simple concreteness of facts. Emotional ability of women to adapt to the stress in traffic and conflict resolution, shows a major turnaround in outdated concepts on women's intelligence with regard to traffic today. The profile of women in traffic sets a role model for a more cooperative traffic. The motivation for the performance balance of feminine sensibilities, require its confrontation of fears and insecurities facing the quoted context requirements.

Keyword: Traffic; gender; History.

 

 

 

INTRODUÇÃO

É fato que muitas coisas mudaram na história de forma especial ao gênero feminino. A mulher por séculos procura seu lugar reconhecido na sociedade. Em 1932 conquista o direito ao voto, por exemplo, mas este fato é só para simbolizar sua luta para o reconhecimento de igual valor ao gênero masculino, no sentido de cidadã.

No mercado a mulher precisou submeter-se a inúmeros desafios preparados para lhe derrotar e provar que a mesma não representaria determinadas categorias de trabalho na sociedade.

Destas conquistas pessoais, profissionais e sociais obtidas ao longo da história da humanidade, também está presente o trânsito.

É cada vez maior o número de registro no cadastro do Detran de condutores do sexo feminino em todo o Brasil, mesmo sendo ainda a minoria é de bom percentual comparativo, neste ambiente a mulher conquista cada vez mais seu lugar e com um grau de respeito, pois estão menor número ainda, envolvidas em casos de acidentes.

O trânsito ao longo do tempo esteve relacionado sempre ao gênero masculino por vários motivos, como por exemplo a força física que era exigida nos primeiros automóveis para o motorista, também considera-se aqui a própria criação do trânsito, construção de estradas e ferrovias executadas pelo sexo masculino, acrescentando-se também que por muitos séculos o homem sempre foi símbolo de provedor da família, pois era o que saia de casa para providenciar a comida enquanto a mulher estava para as atividades domésticas.

A verdade é que tudo isso mudou com o acúmulo de tarefas assumidas pela mulher como levar os filhos a escola, fazer as compras de supermercado e também esta teve que trabalhar para ajudar nas despesas da família.

Uma vez que teve que sair as ruas para tais conquistas, a mulher encontra como motorista um ambiente hostil, sempre com comparações a respeito de quem dirige melhor, são piadas, xingamentos, desvalorização, desrespeito e até agressões, atitudes politicamente incorretos com grandes frequências.

Hoje percebe-se uma redução destes climas e uma aproximação da harmonia, por pararem mais de competir no trânsito. Considera-se ainda que neste meio as estatísticas mostram que o gênero feminino demonstra mais prudência e respeito humano enquanto motoristas que são.

Embora tenha sido a necessidade que fez a mulher assumir as funções de condutoras, na atualidade existe uma vontade espontânea para assumirem o volante. Tem-se nesta afirmativa o número crescente de mulheres que atuam como profissionais do trânsito. Vale salientar que não se limitam a carros pequenos mas também a ônibus e caminhões.

Para tanto o presente estudo busca corroborar com a reflexão de uma nova consciência e conhecimento da história da mulher no trânsito e suas conquistas, como ainda as suas peculiaridades que fazem a diferença. Neste foi adotado a metodologia de pesquisa teórica e compilação de histórias concretas já publicadas, com a intenção de melhorar a consciência humana de um modelo a seguir e não a excluir como pessoa ou profissional para a vida do trânsito.

1             EMBASAMENTO TEÓRICO

1.1         Um Pouco de História da Trajetória da Mulher na Sociedade

Ao longo dos séculos que se passaram sempre ouve valorização sobre as diferenças sexuais na sociedade, por todas as tribos e nações da humanidade. Já ouve o tempo até em que o homem não conversava com a mulher, pois a mesma era considerada um ser demoníaco e inferior. (Ramalho, 2011).

Destacando o movimento feminista e as conquistas do século XXI onde se analisa que após um prolongado tempo, ocorreu uma opressão e discriminação, ficou marcada a passagem do século XIX ao XX o movimento feminista. Tem-se registros da primeira vez que se usou a famosa frase “Liberação das Mulheres” em 1964, nos Estados Unidos.

Esse período a mulher ainda sofria muito preconceito com um status de inferioridade. Nesse momento do século XXI existem perceptíveis mudanças em relação as diferenças entre homem e mulher e seus papeis na sociedade. (Ramalho, 2011).

O autor lembra que os limites antes separativos dos gêneros para mundos distintos já estão a ser superados, gerando portanto, uma nova formação de conceitos que criam uma outra estrutura familiar e social.

A conquista da mulher por espaço no mercado de trabalho começou com a I e II Guerras Mundiais (1914-1918 e 1939-1945), quando os homens foram para as frentes de batalha e as mulheres passaram a assumir os negócios da família e a posição dos homens no mercado de trabalho. Desde então, o crescimento dessa participação vem aumentando a cada década. (RAMALHO, 2011, p.12).

No entanto mesmo com tantas conquistas a descriminação ao gênero ainda é uma realidade nos tempos atuais nas instituições familiares ou no trabalho, são fatos evidentes na sociedade no que diz respeito a diferença entre homens e mulheres, dado aos valores financeiros e sociais. Porém essa mesma sociedade já entendeu que existem peculiaridades nas mulheres que as levam ao topo que desejam. O autor sugere que deve-se antes conhecer as mulheres para depois entende-las de como elas irão alavancar a glória nas mais diversas atividades existentes neste século XXI, nestas está inclusa a do trânsito.

1.2         Analisando as Diferenças entre Homens e Mulheres

Desde muito cedo as diferenças entre homens e mulheres existem. É sabido cientificamente que a capacidade de um óvulo ser fecundado por um espermatozoide masculino é maior do que um feminino, tem-se no universo genético, que a estimativa se dá para 100 mulheres concebidas, 170 homens estariam sendo desenvolvidos. No entanto esta estimativa para com a mortalidade do sexo masculino na infância é bem maior do que para o sexo feminino. (RAMALHO, 2011).

O autor reflete que é desde cedo que começam as diferenças e ressalta que isso é apenas o começo deste conflito.

Apesar de haver mais homens nascendo, são os que mais morrem na infância. Mesmo em países desenvolvidos, a mortalidade infantil é 22% maior para meninos que têm 50% de probabilidade de desenvolver problemas respiratórios a mais do que as meninas. A diferença é extravagante. Tanto, que os médicos costumam dizer que o maior fator de risco para bebês prematuros é seu gênero. Ou seja, há fortes argumentos para se acreditar que os homens é que são o sexo mais frágil desde que nascem. (RAMALHO, 2011, p.3).

É também de conhecimento da ciência que a diferença no cérebro e no comportamento são fatores especiais de diferenças entre homens e mulheres.

Para o final do século XX muito se desenvolveu a tecnologia biológica e o desenvolvimento de imagens de ressonância magnética funcional facilitou para os neurologistas descobrirem inúmeras diferenças nos cérebros de homens e mulheres. Dentre estas diferenças, a neuropsicologia indicam que como uma das principais é a linguagem pois os dois hemisférios cerebrais são utilizados pela mulher para essa função enquanto que o homem só utiliza o esquerdo, biologicamente pensando, a mulher nesse caso tem a vantagem de que se ocorrer um derrame cerebral do lado esquerdo, por exemplo, ela ainda terá a capacidade de o direito funcionar e ela não perder a função da linguagem. (RAMALHO, 2011).

O autor acrescenta ainda outros pontos de diferença entre tamanho anatômico dos cérebros, número de conexões entre as células, volume de matéria cinzenta em diferentes regiões corticais, onde a mulher leva algumas vantagens.

É certo que em anatomia o cérebro da mulher é menor do que o do homem, porém tem mais conexões entre as células, além disso, as mulheres são mais emotivas e por consequência expressam melhor os sentimentos, isso por terem o sistema límbico mais desenvolvido, este que ocupa um número de regiões e células responsáveis pelo comportamento emocional do ser humano e é onde o hipotálamo[1] está situado. Neste caso também foi descoberto que o volume em algumas de suas regiões (hipotálamo) é duas vezes maior nos homens do que nas mulheres.[2] (LEVAV, 1991 apud RAMALHO, 2011).

É ainda de conhecimento da ciência, através dos estudos realizados por Dr. Mirko Diksic da Universidade de McGil, que o stress pós-traumático (trauma) é um distúrbio que age de forma diferenciada entre os gêneros humanos, onde a serotonina é produzida 52% mais nos homens do que nas mulheres, dando assim, argumentos para compreender por que as mulheres estão mais sujeitas à depressão. (RAMALHO, 2011).

1.2.1      As Diferenças de Gênero na Educação e Comportamento

Para compreender melhor a respeito destas diferenças buscou-se conhecer os estudos de Anne Moir[3] que afirma ter o cérebro humano para os dois gêneros, raízes evolutivas. Esta pesquisadora explica que no período de desenvolvimento humano, os homens era o caçador e por isso seu cérebro desenvolveu habilidades manuais, visuais e coordenação para construir ferramentas, o que justifica ter o cérebro masculino habilidades funcionais. No caso das mulheres, estas tinham que cuidar dos alimentos e dos filhos ou mais novos da casa e para tanto eram submetidas a entender a linguagem dos bebês em seus diversos modos de se expressar, corporalmente, oralmente e assim ajuda-los a sobreviver, além disso eram elas que se relacionavam mais com outras mulheres como uma necessidade de sobrevivência na comunidade e desta forma desenvolveram a habilidade social e cooperativo no cérebro. (FERREIRA, 2011).

“São os sentimentos maternos que criam o ‘clima emocional’ que confere ao bebê experiências vitais muito importantes enriquecidas e caracterizada pelo afeto materno”. (SPITZ, 1979, p.99),

Entende-se que as mulheres têm relativa vantagem nas habilidades verbais que fazem sentido em sua evolução, pois enquanto que os homens utilizavam as forças físicas para competir na vida social as mulheres usavam a linguagem no sentido de argumentar e persuadir e assim conquistar. (BAILEY, 2011).

Em seus estudos Shelley Taylor publica algo que modificou todo paradigma sobre o estresse, nesta publicação o pesquisador mostra que no gênero feminino a adrenalina que faz a mesma agir no momento do perigo não vem sozinha e sim é contrabalançada pela Ioccitocina[4], neuropeptídeo[5] que envolve o comportamento afetivo, comprovadamente apresentado em diversas pesquisas, indicando portanto, que a evolução do gênero feminino propicia a inclinação para não fugir e sim lutar e defender sua prole.

As formas distintas de educação em quaisquer dos planos é nociva ao desenvolvimento da criança. Outros autores sustentam que o sexismo3afeta o crescimento de meninos e meninas, inibindo muitas manifestações na infância e impedindo que se tornem seres completos, embora não só a aprendizagem social influencie o comportamento feminino. (FINCO, 2003, p.54).

Macacos quando expostos a brinquedos socialmente definidos como masculino e feminino tiveram comportamento interessante tendo em vista que não estariam influenciados pelas definições sociais. Machos escolheram brinquedos masculinos e as fêmeas brinquedos femininos. Na sua evolução determinados comportamentos foram úteis para a caça ou até mesmo para conseguir uma parceira, pois os machos preferem brinquedos de deslocamento ou de movimentos mais brutos. As fêmeas escolheram os brinquedos que lhes permitiam treinar as habilidades que deviam utilizar para criar sua prole. (CAHILL, S/D). 

1.3      A Mulher e Sua Trajetória no Trânsito

Estudando as diferenças entre os gêneros, também se registra as diferenças entre estes a respeito do comportamento e habilidades no trânsito.
 É conhecimento dos pesquisadores Stradling e Meadows que os acidentes no trânsito em sua maioria se dão por motivo de falta de habilidade por parte dos condutores de veículos. (STRADLING e MEADOWS, 2000).

[...] a experiência de condução é baseada em associações e longa aprendizagem de comportamentos automáticos que são provocados por situações que necessitam de tempo e julgamento rápidos. Portanto, as reações devem se tornar automáticas para que o condutor se torne habilidoso. (WICKENS, TOPLAK e WIESENTHAL, 2008, p.15)

Entende-se, portanto, que ao se basear em tal definição para caracterizar a condução com segurança é hábito social constatar de imediato a comparação entre os gêneros e se gera a polêmica por envolver o preconceito instaurado no que diz respeito ao desempenho da mulher na condução de um veículo. Existe um senso comum sustentando que as mulheres não teriam a mesma habilidade dos homens quanto ao conduzir um veículo, acusando-as que em sua maioria estas seriam lentas, descoordenadas, excessivamente cuidadosa e indecisas, gerando dessa forma riscos para os demais condutores. (RAMALHO, 2011).

Tais conceitos existam talvez devido ao pensamento comum entre os homens de que é necessário serem corajosos e arrojados para dirigir e assim se consideram e tendem a serem mais imprudentes na direção veicular

É fato que essa facilidade em determinadas manobras onde envolve velocidade e domínio de percepção espacial seja encontrada mais nos homens. Nos estudos do cérebro através das imagens de escaneamento do mesmo, mostram que o hipocampo da mulher é maior do que o do homem, divergências da anatomia que podem estar ligadas de certa forma, à diferença na forma de se orientar entre o homem e a mulher. Por meio de vários estudos neurológicos é sugerido que a mulher se orienta por pontos de referências enquanto que o homem orienta-se estimando distância e espaço em relação a sua posição. (RAMALHO, 2011).

É conhecido um estudo feito na Alemanha, por Claudia Wolf uma neurocientista da Universidade de Ruhr em Bochum. Este estudo mostra que o homem tem a tendência a assumir mais riscos do que a mulher ao se tratar de volante e tem melhor coordenação e visão espacial. O estudo se deu através da observação da manobra de um veículo para estacionar com o objetivo de obter melhor alinhamento e a distância da calçada.

Para diversos outros estudos, admite-se a melhoria da atuação feminina no trânsito com um bom treinamento no que diz respeito a percepção espacial, mesmo considerando que existam outras acentuadas diferenças entre os gêneros, e considerando que muitas mulheres já superam os homens nesses aspectos, considerando as arquitetas e designers que desenvolvem muito bem a visão espacial. (RAMALHO, 2011).

Este mesmo autor aponta outra pesquisa realizada na Grã-Bretanha onde afirma que o gênero feminino mesmo demorando mais para estacionar o veículo consegue alinhar melhor e deixar bem estacionado. Apresenta a pesquisa, que a causa por essas diferenças estariam na impaciência masculina que terminam perdendo as melhores vagas, estes passariam muito rápido pelos estacionamentos e quando vão centralizar o carro, perdem para as mulheres que apresentam uma diferença de 53% de sucesso contra 25% para os homens. (RAMALHO, 2011).

1.3.1   As Diferenças da Mulher nas Transgressões no Trânsito

Para medir a atuação e consequências da mulher no trânsito, apresenta-se um parâmetro vindo das seguradoras de veículos, onde mostram uma estatística de que as mulheres geralmente se envolvem em pequenas colisões e com baixa gravidade o que faz estas seguradoras terem um plano de seguro bem específico para figura feminina. (DETRAN-RS, 2011).

Na mesma fonte encontra-se que para o registro de infrações a mulher também mostra ser mais prudentes onde aponta que os homens condutores de veículos apresentam oito vezes mais infrações do que as mulheres em média.

Essa estatística está em todos os Estados, por exemplo, o Detran do Paraná mostra que a maioria das multas registradas no Estado, são para infrações cometidas pelo gênero masculino. Como ainda que as mulheres se envolvem menos, em acidentes fatais, dados observados de 2001 a 2010. (DETRAN-PR, 2012).

Tem-se registros que em 2011 no que se trata da atuação na condução de veículos, o gênero feminino foi mais atento às regras de circulação também no Estado de Pernambuco, estando responsáveis por 22,86% para o total de infrações. Inclusive, no mesmo Estado, também as mulheres são menos penalizadas com suspensão do direito de dirigir, com 11,07% do total de representação de 3.999 motoristas penalizados. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO.COM, 2012, p.1).

[...]