Ilza Aparecida dos Santos Maciel

“Todo estudante, educador e investigador deve ter como principal preocupação definir as noções de base e estabelecer o vocabulário que as exprime”(Paul juif, Fernand dovero).

Na medida que se propõe a discussão das questões didáticas se faz necessário aclarar o significado da palavra didática, sua própria definição situa se como “a arte e a ciência do ensino”, considerar assim ao mesmo tempo, como ciência e arte não denota uma incoerência implícita? Se o conhecimento didático compõe se de um corpo de afirmações que pretendem ser verdadeiras em função das evidencias disponíveis como pode, ao mesmo tempo identificar-se com a arte? Se identificamos a arte com um processo intuitivo de captação da natureza, ou seja, uma forma de simbolização que, necessariamente não possui nenhum compromisso com a verdade, a didática se reduziria a um “fazer” intuitivo, único a particular de cada professor.

Assim, portanto estão envolvidas questões acerca da própria natureza da didática que se julga deve ser examinada, na medida em que esta analise poderá inclusive, esclarecer o uso na ação docente.

A analise estará calçada no exame dos termos utilizados, iniciando-se pelo termo ensino, preocupação essencial da didática, passando concomitantemente pelo conceito de aprendizagem posteriormente examinando as possibilidades do ensino enquanto arte ou ciência.

“...o ensino é um sistema de ações que tem o propósito de favorecer a aprendizagem”(1971, pág99). ( Othanel Smith).

É importante perceber com clareza a distinção entre os conceitos ensinar e aprender que, inclusive, na literatura educacional aparecem ligados sob a forma de expressão “processo ensino-aprendizagem” dando idéia de um relacionamento necessário entre ambos.

A crença de que o ensino implica necessariamente aprendizagem esta muito generalizada. Freqüentemente encontramos autores da área educacional que afirmam que se o individuo não aprendeu determinado objetivo pretendido foi porque o professor não lhe ensinou. Entretanto, uma analise mais cuidadosa destas idéias pode demonstrar a fragilidade deste tipo de colocação.

O ensino sempre envolve alguma forma de interação pois só é possível quando temos alguém a quem ensinar. O ensinar implica intercambio entre, no mínimo, dois indivíduos que se encontram de forma deliberada promovendo o ajuste de ambas as partes e do qual se espera algum tipo de resultado. O aprender, por sua vez, caracteriza-se como um processo interno que ocorre nos indivíduos provocando mudanças de comportamento que não sejam produto de maturação. Duas condições logicamente necessárias ao aprendizado. A primeira refere-se ao fato de que o aprendizado sempre tem um objetivo, ou seja, o aprendizado do aluno. A segunda é que, como um processo interno, implica algum domínio do professor ou seja, envolve o alcance de algum padrão de realização ou êxito, assim, o aprendizado implica sempre alguma forma de experiência interna que ocorre no aprendiz, de forma consciente ou não, considerada necessária a realização ou padrão de êxito esperado.

Portanto a interação de natureza educativa envolve:o docente, o aluno, a ação de ensinar (relativa ao professor) e a ação de aprender (relativa ao estudante). Ensinar e aprender constituem-se em atividades diversas e podem ser melhor evidenciada a partir do exame do próprio significado ensinar significa indicar, instruir e ensino significa um conjunto de métodos usados para ensinar alguém.

Ainda que do ponto de vista da prática educacional a palavra ensino admita um uso de êxito no sentido de que ensinar envolveria mais do que a simples execução de uma atividade, o resultado bem sucedido desta tarefa, a analise aqui desenvolvida, de natureza mais conceitual, esta preocupada, neste primeiro momento, em enfatizar o ensino enquanto uma ação externa desenvolvida pelo professor, a qual poderá ou não resultar num produto interno no aluno – o seu aprendizado.

A arte de ensinar consiste em definir uma atitude educativa e escolher   “ com acerto” as técnicas de ensino que correspondem aos objetivos que nos propomos realizar, entretanto, esta arte do ensino não deve ser comparada apenas á arte do artesão, mas a uma outra espécie de arte como, por exemplo a arte da medicina que, como no ensino, envolve tanto a inspiração como conhecimentos teóricos e diversos e o manejo de varias técnicas de ação. Não podendo, portanto escapar de desenvolver esforços no sentido de tomar o seu trabalho como um caráter cada vez mais cientifico.

Considerar o ensino como a arte e ciência do ensino não lhe retira o caráter cientifico supõe entendê-la como um campo de estudos dinâmicos que envolvem, ao mesmo tempo, a busca de um conjunto ordenado e coerente dos conhecimentos sobre o ensino e a utilização adequada destes conhecimentos a nível de pratica docente envolvendo a analise da maneira artística com que o professor desempenha a sua ação na sala de aula.

Referencias bibliográficas

ALVITE, M.M.C.Didatica e psicologia:critica do psicologismo na educação. São Paulo, Loyola, 1981.

LIBÂNEO,J.C.Saber, saber ser, saber fazer, o contrudo do fazer pedagógico. Revista da ANDE. Ano 1,nº4,1982.

SALGADO,M.U.C. O papel da didática na formaççao do professor. Revista da ANDE. Ano 1,nº4,1982.