A arte contemporânea trouxe em si o mesmo turbilhão de transformações do período que representa e como semelhança, traços únicos do mesmo. Quando se fala em arte na atualidade, logo sua essência remete-se aos anos 1950, surgindo aí na arquitetura e depois firmando bases em todo o conteúdo onde a arte atua.

   O que hoje é conhecido como arte, aparece em um curto espaço de tempo com relação à última representação artística que se tinha conhecimento – As vanguardas.

   Em um panorama breve, o modernismo foi um movimento acontecido no fervor da Primeira Guerra Mundial, sua lógica estruturava-se em movimentos separados, no entanto, com o mesmo ideal de libertação do que até então era visto como arte: a representação realista do mundo e do sujeito presentes na arte Moderna.

   As vanguardas artísticas transpõem em formas assimétricas, rudes e chocantes um mundo e um sujeito perplexo e perdido em meio ao caos de uma guerra. O Dadaísmo, o Futurismo, o Expressionismo, o Surrealismo e o Cubismo, são vanguardas artísticas com conceitos diferentes, porém ligadas pelo mesmo desejo de que a arte passe a interpretar e não representar o sujeito e o mundo como a estética Moderna o tinha feito até então. 

   O espaço para uma arte diferente não cessou no século XX com o Modernismo de vanguarda. As novas mudanças coletivas e individuais no mundo e no sujeito deram uma nova face fragmentada experimentando assim outro tipo de arte. Contra o Moderno e o Moderno vanguardista, a arte contemporânea é um movimento sem o hermetismo e o subjetivismo de outrora.

   O movimento aparece com um ideal inovador: simplificado e para o público. Com características singulares ele fará parte também do desenvolvimento da Era informacional do Capital.

   A nova arte traz o cotidiano expresso da maneira que é vivido. A sociedade de consumo atrai a arte e quem a produz. A investida artística quer assegurar que a vida seja embebida de arte e vice-versa, por isso desloca-se do museu para a rua, ao alcance de todos com a participação de todos. A arte vive um momento figurativo, uma desestetização e até uma desvalorização para muitos críticos.

   O nome parece fazer jus ao sentido de arte que invade o cotidiano – antiarte. Público e artista interferem, apresentam e desfazem a distância que havia entre si. A banalização se impõe e tudo se transforma em arte. Objetos de consumo presentes no cotidiano carregam em sua essência mercantil a arte como os rótulos, anúncios, gibis, revistas.

   O novo modelo de expressão artística passa a refletir a vida nos objetos de consumo, na publicidade e no design e são por eles injetados na cultura.

   A fusão Kitsch, no sentido de misturar “elite” e “massa”, gerou um dos conceitos artísticos mais conhecidos na arte da atualidade – A Pop art.

   Assim como o Modernismo de vanguarda, a arte contemporânea criou grupos com formas artísticas diferentes, porém com o mesmo espírito de mudança. De vários grupos de artistas como o Minimalismo, a Arte Povera, Street Art, Art conceptual, Expressionismo abstrato, dentre outros, será dado, apenas, um panorama do que foi o Movimento Pop Art, visto como o mais representativo.

   Com dois expoentes principais, Andy Warhol e Roy Litchtenstein. A Pop art divulga uma aceitação da crise que a arte vivia e encara a situação atual declarando a massificação da arte, a influência da cultura capitalista sobre ela e a busca da Cultura Pop.

   O movimento Pop art expressa a necessidade de que vida e arte caminhem juntas, a separação não cabe neste cerne artístico. O movimento autêntico também fazia crítica ao consumo exagerado norteado pelo capitalismo o qual usou a arte para atrair consumidores com o que é chamado de transformação da realidade em hiper-realidade.

   Resumidamente, o hiper-real é uma prática perceptível em propagandas com formas avantajadas, cores vibrantes e atratividade que se fixa nos consumidores. Exemplos da hiper-realidade bombardeiam a atualidade e são produzidos para todos os tipos de consumidores. Desde banners, outdoors, revistas e propagandas, o objeto desejado impresso, tem cor, brilho, forma e tamanho que diferem muito do objeto real, seja ele um jeans, um carro ou um simples sanduíche. A técnica inebria o espectador.

   É nesse aspecto de aceitação da crise, porém com atitude crítica que a Pop Art envereda sua antiarte. Seu principal artista, Andy Warhol, ironizava a prática capitalista nos objetos e pessoas. Quadros de grandes personalidades como: Mao Tsé-tung, Marilyn Monroe, Elvis Presley, entre outros, foram serigrafados em cores fortes em um trabalho em série, mecânico.

   Com os quadros Andy Warhol buscava demonstrar a superficialidade e o vazio que essas personalidades representavam. Entre os objetos, a sopa Campbell's foi ironizada demonstrando o quanto era impessoal, produzida em massa e com um único fim concebível: o consumo. 

   Declarada como pouco crítica, a antiarte contemporânea é a arte do objeto, do passageiro, das massas, do pastiche. Ela representa uma desvinculação total para com os projetos de arte anteriores e sem tentativa alguma interior de superação.

   Ela acontece à medida que o consumo acontece e que a sociedade busca simplificação do cotidiano demasiado complexo, a vida momentânea sem muita elevação espiritual, interpretação ou virtude. A antiarte contemporânea é a expressão máxima do cotidiano - a arte imita e é a própria vida.