A APRENDIZAGEM E OS SEUS DESAFIOS
ANDRÉIA FÉLIX AZARIAS
INTRODUÇÃO
Hoje o panorama educacional brasileiro tem sido marcado por avanços teóricos em relação ensino X aprendizagem que se dá principalmente na escola e de superar os problemas dessa natureza.
Nesses avanços teóricos o seu ponto chave é a criança. E se a criança é a nossa preocupação maior, temos que analisar como está se dando esse desenvolvimento e aprendizagem na escola.
A criança de hoje vive cercada por um universo de mídias, informações e estímulos. Então, partimos apara os quatro pilares da educação, segundo Delors(1998), os quais apresentam separadamente, constituem-se em apenas um, como teia, haja vista o seu interrelacionamento e o seu mútuo comprometimento: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.
Descobrir o mundo, adentrá-lo, percebê-lo e transformá-lo são algumas das muitas pertinências dessas crianças de hoje. O acesso a múltiplas formas de linguagens e as condições neurológicas e motoras de lidar com essas múltiplas linguagens fazem de cada um de nós, profissionais da educação, eternos aprendizes dessa nova criança que aí está e que precisa de uma escola com outra cara e de outras formas.
Por isso da importância de se olhar para a criança da escola de hoje com outros olhos. Muitos professores olham para essa criança como se ela fosse sobrevivente do século passado, não a vêem com o conceito da modernidade, de tempos de mídias interativas, de tecnologias e de agilidade. Está criança que aí está tem condições sociais muito diferentes das condições as crianças tinham há tempos atrás.
Está criança de hoje, que vive e se educa em um mundo de transformações muito rápidas, não perde uma oportunidade sequer de interagir com o meio. É esta característica que as crianças naturalmente têm, porque está aí para descobrir e reinventar, que faz com que elas possam se disponibilizar ao novo e aquilo que surge diante dos seus olhos.
Cabe a nós professores, buscarmos esta aproximação da criança e compreender que olhar é este, o que está acontecendo com essa criança, o que se passa na sua vida e como ajudá-la a continuar se desenvolvendo. E para que isso aconteça precisamos ter uma proposta pedagógica muito clara em nossa prática e metodologias e mais que isso, precisamos estar qualificados, preparados para toda e qualquer criança, afinal, é essa a diferença com a qual iremos lidar por muito tempo na escolarização brasileira.
DESENVOLVIMENTO
2.1 Comportamento apresentado
O aluno E. P. de M. tem 9 anos frequenta o 3º ano do Ensino Fundamental numa escola pública e num, relato da professora está apresentando muita dificuldade para prestar atenção na aula, distrai-se facilmente e fica com a mente vagando pelo "mundo da lua" quando ela está falando. Tem pouca paciência para estudar e fazer os deveres, é agitado, inquieto e apresenta uma capacidade incrível para fazer milhões de coisas ao mesmo tempo. E quase nenhuma delas associada à aula. Seu desempenho acadêmico em leitura, escrita e cálculo está sendo prejudicado por estes sintomas e ninguém esta sabendo como trabalhar com ele. Qualquer movimento é capaz de desviar sua atenção. Só consegue permanecer mais tranquilo, quando ele se dedica a fazer algo estimulante ou do seu interesse, se movimenta o tempo todo, não dá a mínima para o que está sendo ensinado e ainda fica incomodando os coleguinhas. "Ele tem dificuldades para manter atenção em atividades muito longas, repetitivas ou que não lhes sejam interessantes. Distrai-se com os estímulos do ambiente externo, mas também se distrai com pensamentos "internos", isto é, vive "voando". Nas provas, são visíveis os erros por distração (erra sinais, vírgulas, acentos, etc.). Como a atenção é imprescindível para o bom funcionamento da memória, ele é visto como esquecido: esquece recados ou material escolar, aquilo que estuda na véspera da prova, entre outras coisas".
2.2 Hipóteses Diagnósticas possíveis
Após analise desse contexto, devemos ter muito cuidado ao avaliarmos uma criança, pois é simples perceber que tem alguns sintomas de hiperatividade mesmo porque esse termo está "em moda". Todas as crianças agitadas são chamadas hiperativas, o que na maioria das vezes não é verdade. A falta de limites e da presença dos pais e professores educadores e disciplinadores pode vir a confundir e a rotular, inadequadamente, crianças que de fato não precisam de medicamentos, mas da presença de adultos comprometidos com sua formação e desenvolvimento.
Precisamos chamar a família fazer uma anamnese, para podermos conhecer um pouco do histórico dessa criança e como se deu seu desenvolvimento cognitivo e social e fazemos uma conjunto de observações tanto biológico, social e acadêmico. Essa avaliação feita com a família também deverá ser feita no seu contexto educacional com uma reunião com todos os profissionais que atuam com essa criança, onde a escola se abra para um multidiálogo e que seja analisado como se dá a metodologia adotada pelos professores, o tipo de atividades propostas, como trabalham os conteúdos, o tempo destinado a cada aula como lidam com a indisciplina e o tipo de avaliação de desempenho escolar, como a criança está em cada uma das áreas principalmente em Educação Física e Artes . Tudo isso visa reorganizar a vida escolar e doméstica dessa criança com o objetivo de localizar necessidades e se comprometer com a sua superação.
O encaminhamento para uma avaliação neuropediatra deve ser feito com um relatório detalhado de tudo que se pode observar da criança, pois é imprescindível, pois o diagnóstico de TDAH é fundamentalmente clínico, realizado por profissional que conheça profundamente o assunto, que necessariamente deve descartar outras doenças e transtornos, para então indicar o melhor tratamento. O termo hiperatividade tem sido popularizado e muitas crianças rotuladas erroneamente. É preciso cuidado ao se caracterizar uma criança como portadora de TDAH. Somente um médico neuropediatra, psicólogo especializado ou psiquiatra podem confirmar a suspeita de outros profissionais de áreas afins, como fonoaudiólogos, educadores ou psicopedagogos, que devem encaminhar a criança para o devido diagnóstico.
Colocado desta forma, precisamos traçar um plano de ação, de apoio que se estenda à família, em modificar comportamentos e hábitos. À escola e aos outros profissionais que podem estar envolvidos no processo onde será traçado possibilidades concretas de se realizar o que se propõe.
Alicia Fernandes (2001,pg29) afirma que:

Entre o ensinante e o aprendente abre-se um campo de diferenças onde se situa o prazer de aprender. O ensinante entrega algo, mas para poder apropriar-se daquilo o aprendente necessita inventá-lo de novo. É uma experiência de alegria, que facilita ou perturba, conforme se posiciona o ensinante. Ensinantes são os pais, os irmãos, os tios, os avós e demais integrantes da família, como também os professores e os companheiros na escola.

2.3 Estratégias de intervenção para a família
? Devem procurar uma avaliação médica (neuropediatra /psiquiatra ou psicólogo especializado) para ter um diagnóstico;
? A escola e família devem estar em constante diálogo para se ter um atendimento que a criança necessita;
? Ver se há necessidade de uso de medicamento e outros atendiementos médicos;
? Aprender a reagir aos limites do seu filho de maneira positiva e ativa;
? Punir adequadamente.
2.4 Estratégias de intervenção para a escola
? Os professores devem procurar informações sobre o transtorno para conseguir entender como funciona a cabeça dessa criança;
? Alternar métodos de ensino, evitar aulas repetitivas e ter paciência, jogo de cintura e bastante flexibilidade para ajudar o aluno a contornar o problema;
? Usar sempre uma rotina diária, onde o aluno possa saber o que será dado no dia. Fazendo com que sua ansiedade seja amenizada;
? O professor deve manter a disciplina em sala de aula e cobrar que sejam cumpridas as regras e limites da sala, mas ter estratégias para isso, não bater de frente;
? Dar uma função de responsabilidade como ajudante da sala;
? Usar jogos e desafios para motivá-lo
? A escolha de tarefas deve ser feita no sentido de possibilitar que ela seja bem sucedida. Deve ser tarefas curtas ou intercaladas para que possam ser concluídas antes de se dispersar
? Elogiar sempre os resultados obtidos tanto tarefas como comportamentais e sociais.
? Fazer com que conserte seu erro, seja atividade, comportamental ou social;
? Após explicar o que deve fazer, o aluno deverá repetir o comando para o professor verificar se ele compreendeu;
? Colocar em um lugar na sala perto do professor ou em grupos pequenos, evitar com alunos que o provoquem;
? Nas aulas de Educação Física, deverá ser trabalhado com movimentação da criança, com atividades de psicomotricidade, onde possa trabalhar melhor o controle de seus movimentos prevenindo e corrigindo as dificuldades apresentadas;
? Exercícios psicomotor deve ser acompanhado por especialistas;
? Recomenda-se desenvolver atividades físicas que exigem gastos de energia como: brincadeiras de corrida e jogo de bola.


O trabalho coletivo entre família/escola /médicos permitirá à criança incluir-se ma uma rotina estruturada em seu cotidiano, criando assim possibilidades de desenvolverem uma vida normal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para compreender o processo de desenvolvimento das crianças no que diz respeito à aprendizagem, é preciso buscar recursos que possam auxiliar contribuir no nosso trabalho.

E é por meio desta busca de subsídios às necessidades diárias de sala de aula que ao conhecermos esse processo de desenvolvimento na criança, em alguns aspectos físicos, sociais, mentais e comportamentais, pode ser utilizada pelo professor para compreensão desse aluno e para um melhor relacionamento com ele e que traz benefícios ao desenvolvimento e à aprendizagem.

Ensinar crianças não é uma tarefa fácil, requer do professor uma investigação minuciosa de como cada criança aprende. O professor deve estar a par das habilidades e dificuldades de cada criança em todos os aspectos, como: leitura, escrita, percepção, audição, visão e memória. Uma vez entendido como cada criança aprende, as suas fases de desenvolvimento, todos os tipos de atividades podem ser desenvolvidos de forma a ajudar a criança que possui dificuldades de aprendizagem, síndromes ou transtornos.

Dessa maneira, o presente trabalho justifica-se por fazer-se necessário a realização de uma prática pedagógica pautada na elaboração de atividades pedagógicas que valorizem o estudante integralmente como parte fundamental no que se refere ao processo de ensino e aprendizagem.

REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

ALMEIDA, Geraldo Peçanha de. Desenvolvimento da escrita: 100 propostas práticas para o trabalho com crianças de seis anos. 2 ed.Rio de Janeiro: Wak Ed., 2009.

FERNANDEZ, Alicia. O saber em jogo: a psicopedagogia proporcionando autorias de pensamento. Porto Alegre:Artmed,2001.

MARINHO, Herminia Regina Bugeste.Pedagogia do Movimento: universo lúdico e psicomotricidade. 2 ed. Curitiba: Ibepex, 2007

RELVAS, Marta Pires. Fundamentos Biológicos da Educação: despertando inteligências e afetividade no processo de aprendizagem. 3 ed. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2008

SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2. ed. 3. reimpr. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. 128 p.

___. Novas Práticas de Leitura e Escrita: Letramento na Cibercultura. In: Educação e Sociedade: Revista de Ciência da Educação. 81- Volume 23 ? Dezembro 2002. Dossiê "Letramento". Campinas: CEDES.