Existem várias concepções para o termo discurso, bem como existe várias análises de discurso. Podemos fazer distinção entre duas grandes correntes: ACD e AD. Podemos dizer que discurso é a língua em curso, língua em uso. A análise de discurso de linha francesa AD, tem origem da necessidade de estender o estudo da língua aos textos expressa pelos pressupostos.

A análise do discurso AD é uma teoria que se situa entre a linguística e a ciências sociais, sendo que isso se deve ao fato de que considera a língua em relação à história e à ideologia (Orlandi, 2005). O seu quadro teórico é composto por: a linguística, o materialismo histórico e a teoria do discurso proposta por Pêcheux (1988). Assim podemos concluir que a AD é uma teoria interdisciplinar, mas ela não o é. Para Orlandi, a AD é uma “teoria de entremeio”, pois visa colocar questões para a linguística e para as ciências sociais.

Para a AD, com base no materialismo histórico a ideologia não é abstrata, mas material. Ela só pode se dar no discurso. Quando nascemos, já estamos “assujeitados” à ideologia. Muitos não aceitam muito bem a teoria do assujeitamento ideológico do sujeito devido ao fato de essa tese dizer que os sujeitos não são donos de suas práticas, mas filiados a uma dada rede de saberes que determina o que esse sujeito pode fazer e dizer. O indivíduo torna-se sujeito pela ação da ideologia e é dentro dela e, consequentemente, do discurso que pode fazer suas escolhas, as quais são feitas sempre obedecendo a determinados parâmetros sociais.

 A ideologia produz evidências: evidência de que os sentidos são transparentes e de que os sujeitos são a origem dos sentidos que veiculam. O conceito de condições de produção engloba as circunstâncias imediatas em que um discurso é produzido e a sua relação com o sujeito que o veicula. Não é somente isso que está em jogo. As condições de produção abarcam também o percurso histórico dos sentidos em relação às formações sociais e à ideologia.

 O interdiscurso é aquilo que existe antes de nós, em outro lugar e independentemente de nossa intervenção, é a memória do dizer, é tudo aquilo que foi histórica e ideologicamente produzido e que ainda significa nas nossas palavras. Nas palavras de Orlandi (2005): “O interdiscurso disponibiliza dizeres que afetam o modo como o sujeito significa em uma situação discursiva dada.”  Formações discursivas (FD) recortam o interdiscurso segundo posições ideológicas diferentes às quais nos filiamos, essa filiação a uma FD de que falamos não é consciente. Desde que nos tornamos sujeitos pela ação da ideologia, nossas palavras fazem sentido segundo posições dadas às quais nos filiamos inconscientemente.

 O intradiscurso é a sequência linear do discurso, a forma como articulamos as palavras a fim de produzir sentidos. Na análise do discurso, o interdiscurso é o eixo vertical em que se produzem os sentidos e o intradiscurso é o eixo horizontal em que esses sentidos se materializam.

Para finalizar o discurso é, mais do que a língua em ato, um processo de constituição e circulação de sentidos em relação à história, à ideologia e ao sujeito.

 

Texto da aluna Marta Cristina Kmiecik

Acadêmica do curso Licenciatura em Letras de Espanhol

UFPel, polo UAB Três Passos