Segundo Neto (2018), para todo bem adquirido, seja pessoal ou dentro das corporações, se admite um ciclo de vida útil, tempo ao qual o produto não mais conseguirá desempenhar suas funções inicialmente esperadas, seja devido ao desgaste, alto custo ao longo do período para mantê-lo ou usá-lo, ou, como é mais comum nos dias atuais, principalmente com itens eletrônicos, por obsolescência tecnológica. Na maioria das vezes, as pessoas comuns não possuem o hábito de verificar tais custos baseando sua decisão de compra ou descarte ao seu livre-arbítrio. Para o caso de uma indústria, onde os ativos possuem alto valor agregado não é inteligente agir da mesma forma o que nos leva a uma necessidade de acompanharmos o seu ciclo de vida econômico. Para isso se utiliza o LCCA, ou a análise do custo de ciclo de vida.

Uma questão fundamental é saber em quais tipos de ativos são passíveis a aplicação do LCCA. Historicamente os equipamentos que sofrem desgastes eram sempre ressaltados para tal aplicação, o custo da manutenção de um ativo que se degrada aumenta com o tempo de modo que não valha mais à pena pagar por esse ativo, não se consegue mais recuperar sua curva de taxa de falhas aos patamares antes antigidos mesmo com muito investimento.

Porém, com o avanço da tecnologia, muitos dos equipamentos mecânicos foram sendo substituídos por eletrônicos. O perfil de desgaste começou a perder importância no âmbito industrial visto que a taxa de falhas de equipamentos elétricos e eletrônicos tendem a ser aleatórios ao longo do tempo. Para esses ativos, não se justificava uma estimativa de degradação dentro do LCCA.

Upgrades, aumento de memória, processadores mais rápidos, mais funcionalidades entre outros são fatores de decisão do consumidor atualmente. Com a Indústria 4.0 sendo implementada, isso começa a se refletir nas grandes indústrias também. Há decadas atrás, uma indústria só se preocupava em substituir um ativo (ciclo de vida) por fim de vida útil, hoje, como nos celulares, os equipamentos possuem uma eletrônica embarcada, acessibilidade, inteligência artifical, processadores, memórias, servidores etc. Todos esses itens possuem alta confiabilidade com taxa de falhas aleatórias, contudo sua defesagem tecnológica ocorre da mesma maneira de um smartphone, em que um indivíduo decide trocar por um outro mais moderno. Essa é a nova realidade industrial para o LCCA com a tendência da migração para a Indústria 4.0.

Msc Teófilo Cortizo M. Neto

Reliability Engineer CRP 16948
Salobo Metais S.A. | Copper Operations
Vale S.A.