Ninguém vive sozinho. Desde os tempos mais remotos o ser humano necessita da convivência com outras pessoas para se sentir melhor. O ser humano é considerado biologicamente cultural, necessita de outros para sobreviver e toda nossa existência é construída pelo afeto. A nossa felicidade está essencialmente envolvida em amor, atenção e nos laços que são construídos ao longo da nossa existência.

As crianças aprendem desde cedo o valor da amizade, pois desde pequenas iniciam a vida escolar. Elas brincam, brigam, conversam e competem, mas não dispensam a companhia do tão querido amigo.

É no ambiente escolar, mais precisamente na Educação Infantil, que costumam surgir os primeiros laços entre crianças, principalmente nos primeiros anos de vida, quando ela só é possível com a intervenção dos adultos. A criança depende do cuidado que os adultos prestam à ela tanto na escola quanto na família e de acordo com a maneira como ela é tratada nesses ambientes, o qual  pode influenciar na capacidade de ter amigos ou não. Sendo assim é no lar e na escola que atitudes de aceitação ou criticas influenciam a sociabilidade delas.

Ao observarmos crianças em idade até dois anos, percebemos que elas podem estar no mesmo espaço físico, porém cada uma com brinquedo diferente, sem muita interação, pois nesse período sua visão de mundo é egocêntrica, mas mesmo assim ele precisa da companhia do outro. A partir dos dois anos, a convivência com o outro se torna fundamental, todo aquele que aceita compartilhar uma brincadeira será visto como amigo e, nesta fase, não importará a idade ou sexo do companheiro.  Nesse momento as crianças já são bastante sociais e começam a se interessar umas pelas outras, brincando e interagindo entre si. Cultivar esse contato faz com que elas se sintam mais seguras e acolhidas.

Nesse contexto também que surgem as brigas, competições, discordâncias, porém, o adulto é o mediador, é ele que pode e precisa ensinar as crianças a serem complacentes consigo mesmas quando cometem faltas. Assim, elas aprenderão a serem compassivas para com as outras crianças também. Para Vygotsky, na ausência do outro, o homem não se faz homem “A consciência social é fundamental para transformar o homem de ser biológico a ser humano social, e a aprendizagem que brota nas relações sociais, ajuda a construir os conhecimentos que darão suporte ao desenvolvimento mental.” (Vygotsky, 1991)

Amigos são importantes para as crianças lidarem com seus próprios conflitos, pois compartilham a mesma realidade. Enquanto convivem, trocam experiências. O amigo é uma referência de comportamento e a relação criada acaba contribuindo para o desenvolvimento social, emocional e cognitivo da criança. Cabe então, aos pais e a escola oportunizarem a convivência das crianças desde pequenas para se tornarem no futuro, grandes amigos.

Diante de alguns estudos, já se comprova que as relações que se formam a partir dos seis meses de idade até a adolescência tem enorme influência na vida da qualquer ser humano, desenvolvendo sentimentos positivos e auxiliam para dar conta de problemas que surgirão mais adiante, como por exemplo, a rejeição. A amizade tem um papel muito importante na vida do ser humano o qual é um ser social e com isso pode prevenir sentimentos de solidão e até depressão.

Artigo escrito pelas professoras Andreia Ramos dos Reis, Karina Rech Herves e Lidiane Leonardelli da Escola Municipal de Educação Infantil Amor Perfeito.