alfabetização

RESUMO

Acredita-se que essa pesquisa tem um papel relevante, pois se trata de um tema atual e presente em todas as reflexões desenvolvidas em torno da alfabetização e no processo de ensino/aprendizagem, o que implica da parte docente uma prática pedagógica que tenha  em sua finalidade a formação cidadã plena. No decorrer do desenvolvimento desta pesquisa busca-se compreender como ou de que forma pode-se alfabetizar letrando. A metodologia utilizada para desenvolvimento dessa pesquisa foi a descritivo-bibliográfica, a qual se fundamenta em teorias de diversos autores, os quais são mencionados por suas relevantes contribuições. Dentre estes citam-se:  SOARES (2006); CAGLIARI (1993); FERREIRO (2001); MARTINS (1990);  PCN – Língua Portuguesa, entre outros igualmente pertinentes que são citados durante a referida pesquisa. Nessa perspectiva, portanto, a pesquisa constitui-se em apenas um ensaio, para posteriores reflexões que em sua essência visa sanar e/ou minimizar as inquietações e inseguranças de muitos professores em sua prática educativa em relação ao processo de aquisição da escrita.

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como ponto de partida realizar uma abordagem teórica sobre a Alfabetização e Letramento no processo de Aprendizagem da leitura  em especial, na aquisição da escrita. Para sua realização são apresentadas algumas concepções que fundamentam esta proposta de estudo no sentido de refletir com mais clareza e precisão o processo de aquisição da escrita da criança nos anos iniciais do ensino fundamental de nove anos e nesta perspectiva tentar compreender melhor o uso da língua em diferentes contextos sociais e a prática pedagógica no processo de alfabetização e letramento.

Nessa perspectiva a justificativa desse trabalho paira sobre a alfabetização e letramento como processo de apropriação da escrita e de inserção e participação do sujeito na cultura escrita, ou seja, alfabetizar letrando, cujo desafio consiste em buscar através da coleta de dados informações que consideram esses dois processos como condição essencial para o inicio do processo de alfabetização, a qual contempla uma ação pedagógica adequada e produtiva no processo de ensinar e aprender no âmbito educativo.

Partindo desse pressuposto o objetivo geral deste estudo consiste em analisar e refletir sobre a psicogênese da escrita versando sobre  suas hipóteses no processo de aquisição, tendo como suporte algumas concepções teóricas importantes que referenciam a alfabetização e o letramento no processo de formação da criança. E a partir desse objetivo o delineamento dos objetivos específicos, a saber:

a)  Estudar as hipóteses de aquisição da escrita como processo de construção do conhecimento levando em conta dos aspectos cognitivos e/ou construtivista, meios pelos quais a criança figura-se como sujeito ativo da sua própria aprendizagem;

b)  Conhecer e refletir sobre as contribuições da psicogênese da escrita para a criação de contextos de alfabetização e letramento no sentido de  entender que o domínio da língua escrita e o seu uso nas práticas sociais é uma condição vital para a vida do sujeito na sociedade letrada;

c)  Buscar compreender formas mais ricas e adequadas para uma ação pedagógica eficaz e que seja capaz de articular a alfabetização e letramento para a aquisição e o uso  da escrita no contexto escolar e social.

                   Primeiro foi feita a escolha do tema, em seguida pesquisas em livros e autores que pudessem fazer parte do corpus deste trabalho. E refletindo sob esse prisma acredita-se ser este estudo de grande importância, pois trará contribuições significativas para a prática pedagógica do professor alfabetizador, bem como da real compreensão das possíveis causas e mesmo dificuldades apresentadas pela criança na aquisição da escrita durante seu processo de  aprendizagem.

Tendo em vista alcançar esses objetivos o trabalho monográfico foi organizado em três relevantes partes.

Na primeira parte - aborda algumas concepções que referenciam a alfabetização e letramento no processo de aquisição da escrita.

Na segunda parte - trata da alfabetização e letramento, cujo enfoque paira sobre a alfabetização como processo de construção do conhecimento numa perspectiva  construtivista em que a criança é o sujeito da própria aprendizagem.

Na terceira parte - as contribuições da Psicogênese da Escrita para a criação de contextos de alfabetização e letramento, Em sequência as considerações finais e as referências bibliográficas que constituíram o corpus desta pesquisa. 

 I  - CONCEPÇÕES SOBRE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

A alfabetização e letramento são palavras chave para o mundo social, pois é por meio da alfabetização e do letramento que o sujeito passa a participar diretamente do mundo no exercício de suas funções sociais, buscando tornar-se um cidadão consciente, com domínio do código convencional da leitura e da escrita em suas práticas sociais.

Soares (1990) em sua concepção de alfabetização, envolvendo ideias construtivistas a respeito da realidade da criança e/ou adulto, seu desenvolvimento pessoal e crescimento como cidadão sintetiza que:

Alfabetizar é propiciar condições para que o indivíduo-criança ou adulto tenham acesso ao mundo da escrita, tornando-se capaz não só de ler e escrever, enquanto habilidade de decodificação e codificação do sistema de escrita, mas, sobretudo, de fazer uso real e adequado da escrita em todas as funções em que ela tem em nossa sociedade, também como instrumento de luta pela conquista da cidadania (SOARES, 1990, p.17).

Com ênfase no papel do sujeito na sociedade e em relação ao contexto social do mundo contemporâneo Magda Soares (2004) apresenta o seguinte posicionamento:

Letramento é usar a escrita para se orientar no mundo (o atlas), nas ruas (os sinais de transito) para receber instruções (para encontrar um tesouro... para consertar um aparelho... para tomar um remédio), enfim, é usar a escrita para não ficar perdido (SOARES, 2004, p. 43). 

Dessa perspectiva emerge uma decisão pedagógica fundamental. A de aumentar as experiências da criança de modo que ela possa ler e produzir diferentes textos com autonomia. E isso implica da parte da escola uma preocupação mais afinada com o desenvolvimento dos conhecimentos relacionados à aprendizagem da escrita alfabética. Desde modo torna-se relevante buscar a contribuição teórica de Magda Soares (1998) entre alfabetização e letramento. Em sua concepção o termo Alfabetização corresponde o processo pelo qual o sujeito adquire uma tecnologia - a escrita alfabética e as habilidades de utilizá-la para ler e escrever. Já o termo Letramento relaciona-se ao exercício efetivo e competente da escrita alfabética nas situações em que o sujeito precisa ler e escrever e produzir textos reais.

Ainda segundo Soares (1998): 

Alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao contrário, o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja, ensinar a ler e a escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita (SOARES, 1998, p. 47). 

Nesse entendimento, MORAIS e ALBUQUERQUE (2004) afirmam que para alfabetizar letrando faz-se necessário democratizar a vivencia de práticas de uso da leitura e escrita e ajudar a criança a ativamente reconstruir essa invenção social que é a escrita alfabética. Esses autores reportam–se para a escola em sua ação pedagógica no sentido de refletir de modo mais profundo sobre os aspectos constitutivos de uma prática de alfabetização na perspectiva do letramento.

Emilia Ferreiro (2001) em sua concepção de alfabetização se opõe  a Magda Soares quando enfatiza que o processo de alfabetização é restrito, refere-se apenas ao aprender/ensinar a ler e escrever, a codificar e decodificar os signos linguísticos. Na sua visão como alfabetizadora o processo de alfabetização e letramento são conceitos que embora distintos constituem-se em elementos complementares.

Para Emilia o termo letramento está intrínseco no processo de alfabetização, uma vez que considera o sujeito social no processo de construção do seu conhecimento. Segundo sua teoria a alfabetização caracteriza-se pela sucessão de etapas cognitivas  que, sem a instrução direta vinda dos adultos, elaboradas pelas crianças em processo de construção do conhecimento a partir da interação com o meio social e escolar.

                     Para Soares ((2004), p.47) a diferença entre letramento e alfabetização pode ser assim explicada:

ü  Alfabetização: ação de ensinar/aprender a ler e a escrever;

ü  Letramento: o estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita.

Segundo Soares (2004) o processo de alfabetização focado meramente no sistema da escrita alfabética não assegura a criança a apropriação dos usos e funções da língua escrita. Nessa concepção o processo de alfabetização  tem apenas relação com a apropriação da escrita. Mas o letramento é mais completo porque estabelece com o processo de alfabetização práticas de leitura e escrita pelo sujeito em seu contexto social, cuja fundamentação teórica metodológica   pauta-se na concepção sociointeracionista, em que o processo de ensino-aprendizagem se efetiva por meio  das práticas sociais de leitura e escrita.

 Soares (2003) sintetiza dizendo que:

 Alfabetização e letramento são conceitos frequentemente confundidos ou sobrepostos, e que torna-se relevante a distinção entre eles, ao mesmo tempo que é importante também aproximá-los: a distinção se faz necessária porque a introdução, no campo da educação, do conceito de letramento tem ameaçado perigosamente a especificidade do  processo de alfabetização; por outro lado, a aproximação é necessária porque não só o processo de alfabetização, embora distinto e específico, altera-se e reconfigura-se no quadro do conceito de letramento, como também este é dependente daquele (SOARES, 2003, p. 90 apud COLELLO, 2004). 

Nessa concepção alfabetizar letrando significa orientar a criança em seu processo de aquisição do seu ato de ler e de escrever de forma a conduzi-la a uma  convivência de práticas reais de leitura e de escrita utilizando os mais diversos gêneros textuais possíveis  (livros, revistas, jornais, bulas de remédios, embalagens, etc.), pois estes são  materiais de leitura  e escrita, bem como levá-la a refletir  sobre esses materiais  escritos que circulam socialmente e que, se bem trabalhados podem criar um ambiente rico em aprendizagem.

1.1 Alfabetização e Letramento no Processo de Aquisição da Escrita 

Tomando os apontamentos dos Parâmetros Curriculares Nacionais, - Língua Portuguesa:

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