A AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ENSINO/APRENDIZAGEM
Por Keila Pereira de Assis Goes | 11/04/2022 | EducaçãoGOES, Keila Pereira de Assis. A afetividade no processo de ensino/aprendizagem. 2018. Número total de folhas. Projeto de Ensino (Graduação em Pedagogia) – Centro de Ciências Exatas e Tecnologia. Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), Cuiabá, 2018.
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar a relevância da afetividade no processo de ensino/aprendizagem entre professor/aluno e também nas relações pedagógicas. Pontuando para o fato de que a afetividade pode determinar o sucesso de uma criança tanto na escola como em sua vida futura. Este trabalho traz uma reflexão na questão sobre afetividade, ou seja, quando o professor se torna o principal mediador dessa afetividade em sala de aula propiciando a aprendizagem, podendo melhorar o convívio do aluno com o professor, permitindo um relacionamento de amizade e respeito. Desenvolvendo de certa forma o seu próprio progresso físico, psíquico, espiritual e moral. Para realização de trabalho utilizamos a pesquisa bibliográfica, fundamentada na reflexão de leitura de livros, artigos, revistas e sites bem como pesquisa de grandes autores, onde a fundamentação teórica se argumenta nos autores Wallon, Cunha, Saltini, Vygotsky, Cury. São autores que mostram que a afetividade além de mediar o aprendizado torna possível melhorar as relações interpessoais, fortificando laços de amizade, permitindo existir o respeito, solidariedade, generosidade, confiança e amor.
Palavras-chave: Afetividade. Ensino. Desenvolvimento. Professor/Aluno.
INTRODUÇÃO
A afetividade há alguns anos vem sendo alvo de estudos e defendida por teóricos educacionais, psicopedagogos, psicólogos, e profissionais da educação em geral. Muitas vezes a importância da afetividade na educação infantil é ignorada, não levando em conta que é na Educação Infantil que a criança adquire suas primeiras experiências sócias cultural, que levarão pra sua vida futura.
A afetividade age como um mecanismo que facilita o processo ensino aprendizagem em que a relação professor/aluno gera empatia. Isso incita o professor ser estimulado a desenvolver uma prática pedagógica mais focada no aluno vendo-o como um ser carente e necessitado de afeto e que isso pode sim afetar seu desenvolvimento escolar.
A escolha desse tema abrange como linha de pesquisa: Docência na Educação Infantil ou Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Vivenciando uma rotina de vida dos alunos durante o período de Estágio numa escola pública em um bairro desprovido de assistência, foi percebido que os conflitos familiares, morais, influenciam de forma inflexível na construção de valores desses alunos. Observando esse comportamento como estagiário, vê-se que é possível que o professor possa detectar claramente que esses conflitos têm interferência no processo cognitivo do aluno. Esses conflitos causam desânimos nos estudos. Nota-se certa agressividade diferenciada ao período de desenvolvimento em que a criança se encontra, traumas sentimentais que comprometem de maneira significante a aprendizagem. De acordo com Wallon (1968), a pessoa recebe os estímulos necessários para sua atividade a partir do meio, de tal modo pertencendo a um grupo social, no qual interage com outras pessoas, levando-a, assim, a mudanças em seu desenvolvimento.
Diante disso, surge a necessidade do professor se posicionar diante dessa situação compreendendo a necessidade de oferecer afeto, entendendo que o afetivo exerce influência no cognitivo. A afetividade expressas por meio da emoção, funções bastante definidas que permitem o desenvolvimento do indivíduo.
Um dos desafios do Professor na área de Educação Infantil é transformar a sala de aula em um ambiente harmonioso e acolhedor, pois é nesse ambiente de novas experiências de relações sociais que o indivíduo começa a construir atitudes, valores e conceitos. A partir dessa visão e disposição em aceitar esse desafio, que surgiu o desejo de trabalhar com essa temática.
Este trabalho tem como objetivo promover conscientização do educador sobre o papel de mediador nesse processo de construção da afetividade no ambiente escolar, principalmente na Educação Infantil. Onde serão abordados conteúdos que visam ressaltar a importância dessa afetividade no processo de ensino aprendizagem. Através de pesquisas bibliográficas minuciosas a respeito do tema pudemos demarcar argumentos teóricos a fim de compreendermos a necessidade de um olhar mais critico diante da realidade que ainda encontramos, quando se trata de ambientes não tão agradáveis tanto para o aluno como para o professor.
Delimitamos nosso projeto de ensino, em pesquisas bibliográficas, e esperamos que através dela, utilizando teorias de autores que valorizam a afetividade aliada a educação, como prática pedagógica, conscientizar a sociedade e principalmente educadores e profissionais da área, para o melhor aprendizado do individuo tornando-o cidadão de bem.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O docente sendo um mediador da aprendizagem deve buscar mecanismos que ajude seu aluno a se desenvolver, além de dar suporte para que o mesmo supere suas expectativas de aprendizagem. A afetividade é uma ferramenta que facilitará no processo de ensino aprendizagem.
Os estudos no campo da educação de Henri Wallon, onde atuou intensamente, contribuiu significativamente para as áreas do ensino aprendizagem. Sua teoria se tornou um instrumento capaz de ampliar nossa compreensão sobre o desenvolvimento infantil, onde nos fornece uma visão de elementos essenciais para a reflexão sobre o processo de ensino aprendizagem no desenvolvimento da criança (SILVA, 2018, p.3). Outros teóricos como Jean Piaget (1896-1980) e Lev Vygotsky (1896-1934), já atribuíam a importância da afetividade para o processo evolutivo, entretanto foi o educador Henri Wallon, quem mais se aprofundou ao estudar a criança e perceber que a inteligência não é o principal fator para o desenvolvimento e sim que existem três dimensões que coexistem atuando de forma integrada – motora, afetiva e cognitiva.
É contra a natureza tratar a criança fragmentariamente. Em cada idade, ela constitui um conjunto indissociável e original. Na sucessão de suas idades, ela é um único e mesmo ser em curso de metamorfoses. Feita de contrastes e de conflitos, a sua unidade será por isso ainda mais susceptível de desenvolvimento e de novidade. (WALLON, 2007, p. 198)
Nessa perspectiva, a criança deve ser vista como um todo, elas não estão nas Instituições apenas para adquirir conhecimento, portanto nossa tarefa implica compreendê-la por completo, isso nos ajuda a entender como a afetividade interfere na aprendizagem, se tornando um fator preponderante para o desenvolvimento infantil.
Para Wallon (1995), afetividade e a cognição também são intrínsecas, ainda que tenham funções bem definidas, uma vez que permitem que as crianças alcancem coeficientes de desenvolvimento cada vez mais elevados.
Antes de qualquer separação entre a afetividade e a inteligência, existe uma integração que as permite conviver concomitantemente, mesmo quando o período é propício para a preponderância de apenas uma delas. A afetividade, assim como a inteligência, não aparece pronta nem imutável. Ambas evoluem ao longo do desenvolvimento: são construídas e se modificam de um período a outro, pois, à medida que o indivíduo se desenvolve, as necessidades afetivas se tornam cognitivas (ALMEIDA, 1999, p. 50).
A escola precisa lidar adequadamente com as emoções dos alunos, não intensificando situações de frustação e ansiedade, pois isso poderia interferir no funcionamento intelectual da criança, em seu processo de aprendizagem. O professor precisa estar ciente, também de suas próprias reações emocionais perante o aluno, compreendendo que o desenvolvimento da pessoa atravessa momentos conflituosos, de grande expressão emocional (CHIARATTI, 2014, p. 61).
Percebe-se então que o papel do educador nos anos iniciais pode desencadear frustrações desastrosas se não souber lidar com as emoções, visto que a afetividade se expressa por emoções bastante definidas, as quais permitem o desenvolvimento do indivíduo. [...]