O 4 de fevereiro de 1961: Dia da Luta Armada de Libertação de Angola.

É resultado das ações clandestinas que desde a década 50 vinham a ser empreendidas por um grupo de nacionalistas angolanos insatisfeitos com o domínio colonial português, referindo-me obviamente ao pouco conhecido processo dos 50.

Um processo que dá ênfase ao nacionalismo angolano que viria atingir o seu apogeu exatamente na madrugada do dia 4 de fevereiro de 1961 com os ataques não só a cadeia de São Paulo (Luanda) como em outras instituições que simbolizavam o poder colonial naquela altura.

Portanto, o processo dos 50, foi o fator crucial para as lutas de libertação nacional.

Qual é a dimensão histórica do 4 de fevereiro?

Relativamente a grandeza desta data, importa salientar que toda uma revolução altera profundamente o paradigma sociopolítico das sociedades e em 1961, não foi diferente.

A grande revolução na madrugada de 1961, provocou o enfraquecimento do regime fascista português liderado por António Oliveira Salazar e posteriormente a sua derrocada após as ocorrências de 25 de abril de 1974, vendo-se forçado a abrir mão e negociar as independências.

Qual é o significado do 4 de fevereiro?

Foi graças as lutas de libertação nacional e particularmente as ações do 4 de fevereiro que Angola viria a conhecer a sua independência, isto em novembro de 1975.

Agora, não basta dizer que Angola é hoje um país independente e que os angolanos estão verdadeiramente livres.

É preciso trabalhar no sentido de se evitar que haja num único seio, angolanos oprimidos e angolanos opressores.

Dito de outro modo:
As ações perpetradas e as situações anteriormente vivenciadas na Colónia de Angola, não devem ser repetidas actualmente na República de Angola.

Para que tal não aconteça, é preciso acelerar o processo de unidade e reconciliação nacional, consolidar a democracia e sobretudo promover o respeito pelas diferenças e dignidade da pessoa humana.

Qual é o legado do 4 de fevereiro?

O 4 de fevereiro legou-nos a valorização do interesse nacional.

É de facto interessante olhar para história política de Angola no período colonial e constatar que em 1961 o interesse nacional sobrepunha-se a todos outros interesses.

E fazendo uma comparação com a sociedade atual, é quase que inconcebível a maneira como a militância tem vindo a ofuscar o exercício da cidadania.

Por quê que sempre que alguém se destaca nalguma coisa boa ou má, temos que necessariamente associá-lo a um partido?

De facto foi feliz a eminente professora Anabela Cunha quando questionada sobre o fraco conhecimento e manipulação dos factos históricos esta respondera de forma categórica:
“Os jovens de hoje estão mais politizados em relação aos jovens de há duas ou três décadas.”

Aposto que se Cristo vivesse nessa época, diriam que é do MPLA ou da UNITA.

Se em 1961, o interesse nacional primava pelos ideais de liberdade, hoje o mesmo deve primar pelos ideais de desenvolvimento. Tal como sempre defendi, não se pode falar em desenvolvimento baseando-se tão-somente no betão.

O desenvolvimento que se pretende, deve consistir na melhoria dos serviços de saúde, num investimento sério no sistema de educação e sobretudo na satisfação das necessidades primárias (alimentação, água, luz e habitação) das populações.

Bem-haja 4 de fevereiro de 1961!
Bem-haja Angola!

Professor Fio