*34: Enterro da Nação.


Suor no rosto,

e na alma;

o sangue corre,

por veias,

e por vias;

por guias;

alguém que morre,

nas ruas de teia,

devagar, com calma,

devagar e direito,

vagando no encosto,

do fio da morte,

tirada sem razão,

por simples vontade,

que bela sorte,

que bela explicação,

para essa maldade,

que estraçalha no fio,

fazendo um doloroso rio,

de sangue jorrar,

de lágrimas derramar,

para poucos saciar.


Dona morte o aguarde!

na navalha ele arde;

soa-à-frio sendo operado,

salvado, e costurado,

para a senhora não o conhecer,

para no céu não amanhecer,

dessa noite molhada,

de chuva gelada e chorada,

de tristeza sem fim,

pois o fim está chegando,

e no céu vai entrando,

o meu amado Brasil.


Eras tão varonil

agora és um assassinado,

cabo-à-rabo rasgado,

pela simples ambição,

do político ladrão,

que é mais o novo,

Judas, o traidor do povo.

Vai com Deus meu amado,

escravizado,

aproveitado,

enganado,

roubado,

rasgado,

assassinado,

morto e enterrado,

e nunca lembrado,

Brasil!


Sou com você até a morte,

estou levando seu caixão,

cantando sua dolorosa sorte,

e molhando o meu coração.