29: Estúbal
Publicado em 14 de maio de 2008 por Hiago R. R. de Queirós
*29: Estúbal
I
Uma menina dócil e educadinha,
até que para sua idade;
loirinha, parece uma anjinha.
Aninha.
II
Com nove anos de idade
já está na quarta série
por inteligente que é;
tem um gatinho
chamado Estúbal;
e depois de um domingo
de churrasco e brincadeiras
entre os amigos,
ela agora se prepara
para dormir;
vai à caixinha de Estúbal,
um gatinho de dois meses
de idade,
malhado
e muito brincalhão.
III
Ela agora está no corredor
do andar de cima
de sua casa;
virando à direita,
em um quartinho
cheio de brinquedos,
está a caixinha de dormir
de seu fofinho;
ela nota que o gatinho
não está dormindo na caixa;
ela o chama com voz
mansa:
- Estúbal! Apareça!
Seu brincalho...
ande queridinho...
estou para dormir,
e vim te dar boa noite!
IV
Sem ter resposta,
Aninha já fica preocupada
com o gatinho;
ainda um bebezinho,
mal conhecia a casa;
então, ela revira tudo,
evocando-o
na mais miúda voz:
- Estúbal, vamos menininho,
tenho que dormir!
V
E nada.
Já altas horas da noite
e Aninha procurando
por toda a casa,
chamando seu amigo
inseparável.
VI
Quando ela estava lá
na cozinha procurando
nos armários,
o telhado bramia,
parecia vivo,
mas como chovia
muito naquela noite,
ela julgou ser a chuva
destelhando sua casa,
mas agora,
como ela tinha revirado,
toda a casa,
ela já subia pela escada
do teto.
VII
No corredor que leva
ao sótão, no escuro
ela sente o cheiro
de Estúbal,
e sem vê-lo avisa:
- Estúbal, apareça!
Já sei...
amanhã te daremos
um banho
não adianta se esconder,
todo o mundo
tem que tomar banho,
rapazinho,
vem aqui coma Aninha,
eu vou acender a luz,
espera aí!
VIII
Acendendo a luz,
Aninha enxerga Estúbal
com os olhos estalados
de susto;
os pêlos ensopados
de sangue;
com um rastelo
de limpar grama
cravado em suas costas,
que atravessou
todo o corpinho
do gato e foi pregar
no chão, como uma carne
presa pelo garfo no prato
estava Estúbal.
IX
Aninha, ao acender a luz,
com muita dificuldade,
pois não tinha interruptor
no sótão;
era só girar a lâmpada,
mas, às cinco horas
da manhã
Aninha já estava fatigada;
procurara Estúbal
pro todos os cantos da casa
durante a noite.
X
Ela bate os olhos no gatinho
e seu coraçãozinho dispara;
seus olhos jorram lágrimas;
ela corre para o gatinho;
olha-o por um momento,
fica sem reação,
depois ela pega
no cabo do rastelo
e o desprende do assoalho.
XI
Com o rastelo
ainda cravado
nas costas do gato
ela chora
dizendo o nome
de seu amiguinho
repetidas vezes,
como uma oração:
- Estúbal... Estúbal...
- Estúbal... Estúbal...
- Estúbal... Estúbal...
XII
Ela, ainda dizendo
o nome do gato
retira-o do rastelo
e o abraça fortemente
balançando-o
como se faz
uma criancinha dormir;
- seu coro continua - :
- Estúbal... Estúbal...
- Estúbal... Estúbal...
- Estú... bal...
XIII
Às sete horas da manhã,
- como de costume;
todos acordam
e dão pela falta de Aninha
em sua cama;
procuram por
toda a casa,
e por volta do meio-dia
seu pai
vai consertar o telhado
e encontra
Aninha,
em seu coro;
abraça à Estúbal;
toda ensangüentada;
mas não chora mais.
XIV
Uma semana mais tarde
sentiria o gosto
do mesmo rastelo
fincando ela mesma
nas suas costas...
até as cordas vocais
que diziam:
- Estúbal... Estúbal... Estú...
I
Uma menina dócil e educadinha,
até que para sua idade;
loirinha, parece uma anjinha.
Aninha.
II
Com nove anos de idade
já está na quarta série
por inteligente que é;
tem um gatinho
chamado Estúbal;
e depois de um domingo
de churrasco e brincadeiras
entre os amigos,
ela agora se prepara
para dormir;
vai à caixinha de Estúbal,
um gatinho de dois meses
de idade,
malhado
e muito brincalhão.
III
Ela agora está no corredor
do andar de cima
de sua casa;
virando à direita,
em um quartinho
cheio de brinquedos,
está a caixinha de dormir
de seu fofinho;
ela nota que o gatinho
não está dormindo na caixa;
ela o chama com voz
mansa:
- Estúbal! Apareça!
Seu brincalho...
ande queridinho...
estou para dormir,
e vim te dar boa noite!
IV
Sem ter resposta,
Aninha já fica preocupada
com o gatinho;
ainda um bebezinho,
mal conhecia a casa;
então, ela revira tudo,
evocando-o
na mais miúda voz:
- Estúbal, vamos menininho,
tenho que dormir!
V
E nada.
Já altas horas da noite
e Aninha procurando
por toda a casa,
chamando seu amigo
inseparável.
VI
Quando ela estava lá
na cozinha procurando
nos armários,
o telhado bramia,
parecia vivo,
mas como chovia
muito naquela noite,
ela julgou ser a chuva
destelhando sua casa,
mas agora,
como ela tinha revirado,
toda a casa,
ela já subia pela escada
do teto.
VII
No corredor que leva
ao sótão, no escuro
ela sente o cheiro
de Estúbal,
e sem vê-lo avisa:
- Estúbal, apareça!
Já sei...
amanhã te daremos
um banho
não adianta se esconder,
todo o mundo
tem que tomar banho,
rapazinho,
vem aqui coma Aninha,
eu vou acender a luz,
espera aí!
VIII
Acendendo a luz,
Aninha enxerga Estúbal
com os olhos estalados
de susto;
os pêlos ensopados
de sangue;
com um rastelo
de limpar grama
cravado em suas costas,
que atravessou
todo o corpinho
do gato e foi pregar
no chão, como uma carne
presa pelo garfo no prato
estava Estúbal.
IX
Aninha, ao acender a luz,
com muita dificuldade,
pois não tinha interruptor
no sótão;
era só girar a lâmpada,
mas, às cinco horas
da manhã
Aninha já estava fatigada;
procurara Estúbal
pro todos os cantos da casa
durante a noite.
X
Ela bate os olhos no gatinho
e seu coraçãozinho dispara;
seus olhos jorram lágrimas;
ela corre para o gatinho;
olha-o por um momento,
fica sem reação,
depois ela pega
no cabo do rastelo
e o desprende do assoalho.
XI
Com o rastelo
ainda cravado
nas costas do gato
ela chora
dizendo o nome
de seu amiguinho
repetidas vezes,
como uma oração:
- Estúbal... Estúbal...
- Estúbal... Estúbal...
- Estúbal... Estúbal...
XII
Ela, ainda dizendo
o nome do gato
retira-o do rastelo
e o abraça fortemente
balançando-o
como se faz
uma criancinha dormir;
- seu coro continua - :
- Estúbal... Estúbal...
- Estúbal... Estúbal...
- Estú... bal...
XIII
Às sete horas da manhã,
- como de costume;
todos acordam
e dão pela falta de Aninha
em sua cama;
procuram por
toda a casa,
e por volta do meio-dia
seu pai
vai consertar o telhado
e encontra
Aninha,
em seu coro;
abraça à Estúbal;
toda ensangüentada;
mas não chora mais.
XIV
Uma semana mais tarde
sentiria o gosto
do mesmo rastelo
fincando ela mesma
nas suas costas...
até as cordas vocais
que diziam:
- Estúbal... Estúbal... Estú...