Vinte e um anos



Eu não tenho 21 anos, tenho mais de mil milênios.
Minha alma é a continuação das inúmeras almas românticas e sensíveis às sutilezas
camufladas nas grandes estruturas.

Minha alma pode ter viajado nas naus perdidas nos oceanos,
nas viagens que não tiveram posteridade.

Penso ter habitado o coração dos músicos medievais
Desejando o fim das trevas e novas melodias.

Ou mesmo ter conhecido as pradarias da América
antes de terem sido descobertas.

Posso ter visto a revoada dos pássaros na noite,
os deuses alados que vieram no crepúsculo,
e o inferno das minas de ouro e prata, com caminhos escuros e instigantes.

Meu antepassado nas selvas matou serpentes e tigres
e acordou sem racionalidade, molhado do orvalho
Teria admitido que viver é inútil?
Talvez tenho terminado seus dias em labirintos,
em várias oportunidades de prazer e alegria,
Sem saber o rumo
Tragado pela voracidade do Tempo.

Mas a história se passa no presente
Com futuros brilhantes e frustrantes,
Com olhares furtivos e angustiantes

Ainda há muito para ser dito e ouvido
Há mil oportunidades de redenção.
Poderemos ainda basear nossas vidas na alegria e criatividade
Os melhores sabores demoram-se mais nas línguas
A última palavra será sempre a penúltima.



Ivan Henrique Roberto
15.04.1983