2010: DILMA OU MARINA? EIS A QUESTÃO!
Por Antônio Márcio Melo | 11/02/2010 | Sociedade2010: DILMA OU MARINA? EIS A QUESTÃO!
OU O MINISTÉRIO DA ATITUDE ADVERTE: MEDIOCRIDADE FAZ MAL À SAÚDE
“Elite estúpida e senil/ Que empresta amparo legal pra todo mal do Brasil/ Verme do toma-lá-dá-cá/Que vende o voto de vetar a violência e a miséria.”
(Zé Geraldo, compositor e cantor))
O meu primeiro texto dessa série – “Por que não votar
Olha, se vivêssemos num País realmente sério, acredito que nesse ano elegeríamos uma mulher para presidente, como já fizeram o Chile e a Argentina (só para ficarmos aqui embaixo mesmo). Para ser ainda mais claro, cito as palavras da escritora Marilene Felinto (Caros Amigos nº 149, de agosto/2009, página 7): “Se a mulherada tivesse vergonha na cara e um mínimo de autoestima, adquirida após quase um século de batalha feminista pelo reconhecimento da mulher como indivíduo capaz e, em vários aspectos, melhor do que o macho, vai eleger uma fêmea para presidente do Brasil na próxima eleição.
Seria extraordinário eleger uma mulher para próximo governante do Brasil, seria bom para a democracia brasileira, e homenagem (ainda que tardia) às grandes mulheres que se forjaram aqui na militância de esquerda contra a ditadura militar (tantas Dilmas), às grandes mulheres que venderam sua força de trabalho nas fábricas de tecido de Pernambuco (tantas Irenes), nos canaviais do interior paulista como bóias-frias (tantas Marias), nos seringais do Acre (tantas Marinas) ou nas cozinhas-igrejas dos interiores de Minas escrevendo poemas (tantas Adélias)...”
Em relação a Marina Silva, assim como aconteceu com a Heloísa Helena em 2006, acho que ela não terá grandes chances de se eleger, pois, como disse no primeiro texto, as eleições são ganhas por quem tem grana e mídia. Então, pela lógica e pelo andar da carruagem, o que irá acontecer? Serra vem com a grana das multinacionais e com boa parte da grande mídia elitista do Sudeste, como aconteceu com FHC nas duas eleições e com Geraldo Alckmin. Já Dilma virá forte, apoiada pelo carisma e popularidade de Lula, além da máquina do governo... É complicadíssimo esse nosso País!
O que sei é que, para o Brasil, um bom ano novo seria aproveitarmos o período eleitoral para debatermos os rumos que corrigirão os problemas que persistem. Mas quem está realmente interessado em fazer isso? Veja o que escreveu o ex-reitor da UnB e atual senador da República pelo PDT Cristovam Buarque, em recente artigo publicado no site www.geracaoeditorial.com.br: “Graças à capacidade de comunicação e de aglutinação do presidente – aliada ao seu senso de responsabilidade na economia e seu sentimento de solidariedade social -, ocorreu um retrocesso nos debates sobre os rumos para o Brasil. A oposição ficou sem bandeiras, apenas denúncias, o povo se sente atendido pelo pouco que recebe, a economia continuou sua marcha, atendendo classes médias e empresários. Os intelectuais se calaram. Os estudantes foram acomodados; os sindicatos, descaracterizados e desmoralizados. Além de que o prestígio internacional do Lula, interno e externo, criou uma unanimidade reverencial, pela admiração ou pela bajulação.”
Quanto à tão sonhada mudança: se Lula, que veio de baixo e aprendeu, a duras penas, como é para um nordestino, ex-operário, semi-analfabeto, como alguns insistem em dizer, gordo e feio chegar à presidência (assista ao filme!) não conseguiu fazer, acho difícil alguém conseguir. Temos muitos burros no poder. Em termos de política é daqui para pior. E tome mensalão e mensalinho! Todos acabam se adequando ao modus operandi - quer seja vereador ou presidente - é como um vício, uma cocaína, ou um vírus que vai contaminando a alma da pessoa... E como afirmou o escritor Luciano Pires no seu livro “Brasileiros pocotó: Reflexões sobre a mediocridade que assola o Brasil”, página 41: “Está na hora de crescer um pouco, de perder a preguiça e procurar entender por que acontece o que acontece, antes de sair colocando a culpa em A ou B. e não interessa quem seja A ou B. Se o alvo ontem era FHC, hoje é o Lula, amanhã...(?) e nada, NADA vai mudar. A culpa vai continuar sendo do presidente.” Acesse o site dele: www.lucianopires.com.br e confira.
E, assim como a leitora do início do texto, também continuo acreditando que a mudança desse País vai continuar sendo feita por quem veio de baixo, pelo cidadão comum, que aprende aos trancos e barrancos como é difícil estudar, trabalhar e crescer. Esperar que as mudanças aconteçam sempre de cima para baixo, é ter muita paciência! Não há justiça social neste País. Justiça social é quando todos os cidadãos participam da divisão justa do bolo. E isso NUNCA aconteceu por aqui, por comodismo ou por sei lá o que mais. É como disse o pacifista norte-americano Martin Luther King: “Nossa geração não lamenta tanto os crimes dos perversos quanto o estarrecedor silêncio dos bondosos.”
Além do comodismo e do silêncio, temos também um APAGÃO CULTURAL nesse País. E temos muitos artistas por aí contribuindo com ele. Apagão cultural é quando o governo dá vinte vezes mais dinheiro para a cultura do que jamais foi dado... E apesar disso, não conseguimos citar um grande artista como Glauber Rocha, Raul Seixas, Dodô & Osmar etc. Você é capaz de citar um?
Era PT. Precisamos da era pós-isso.
No primeiro texto, encerrei indicando um texto; agora, encerro indicando uma música de 1976, de Raul Seixas: “Eu Também Vou Reclamar”. Um trecho dela: “Mas é que se agora, pra fazer sucesso, pra vender disco de protesto, todo mundo tem que reclamar...” A letra completa você encontra aqui: www.vagalume.com.br.
Vamos lá! Bola pra frente! Fé na vida, fé no homem (e na mulher), fé no que virá...
Aguarde o terceiro texto dessa série, que será sobre direitos humanos (ou a falta deles).
(Márcio Melo, professor de História, Filosofia e Sociologia; estudante de Direito; aprendiz de historiador e de filósofo)