Mês de abril passou e eu fiz 19 anos. Chegou o mês de maio, onde se comemora o dia das mães, o meu aniversário de casamento, e comemoramos também a compra do nosso carro novo.

Estava tudo perfeito para a chegada de um bebê.
Expectativa a mil. Será que atrasa? Será que dessa vez vai?

3 dias antes do atraso... faz um teste de farmácia. Fez? E aí? NEGATIVO!
Ah, mas nem atrasou ainda, vai que está cedo.

Dia 26/04, dia da menstruação chegar. Chegou? Não? Faz outro teste.
Fez? E aí? NEGATIVO.
Ah, mas vai que está cedo ainda! Espera 1 semana.

Esperanças lá no alto. Vontade de contar para alguém. Conta pra mãe (que sempre te desanima e diz que você não está grávida). SURPRESA! Ela fica feliz e também acha que você está!

COMEMORA! COMEMORA!

Sintomas? Pressão baixa, peitos inchados (enormes!) e doloridos, fisgadas no pé da barriga. Enjoos, não-frequentes, mas estavam lá.

Dias de atraso? 8!

Sábado fazer exame de sangue!!

Enquanto isso... as auréolas dos meus seios ficaram mais escuras. Há algo diferente no bico dos meus seios.
Fui acometida por uma tontura imensa! De quase cair no chão. Relacionei a tontura a pressão baixa que eu estava tendo.

ESPERANÇA! EXPECTATIVA! CERTEZA!

A certeza tinha invadido nossos corações. Já eram 9 dias de atraso. 9 dias de atraso para uma menstruação que sempre foi muito regulada.

Meu esposo estava num cuidado exagerado extremo comigo. Eu não podia correr, não podia fazer esforço, não podia nem rir histericamente  (o que faço com frequência).

Sábado chegou, e com ele os 10 dias de atraso. Fiz outro teste farmácia. E aí? NEGATIVO!
Pensei: "nossa! Não dá pra se confiar nestes testes baratos! Só o de sangue é confiável!"

O laboratório fecharia as 12hs. Ainda estávamos sem carro, então, iríamos de ônibus.

Perdemos a hora. Saímos de casa 10hs e pouco,  pegamos o ônibus uns 20min depois.

Chegamos lá 11hs e descobrimos que (ridiculamente) não se fazia mais exame de gravidez sem pedido médico. Mesmo sendo particular.

Vamos nós para a fila do Clínico Geral. Dr. Arthur, um amor de médico.
Descemos a escada e... FILA IMENSA!

Esperamos, esperamos, fomos atendidos, e... LABORATÓRIO FECHOU.

Pensei: "ah, vai que é um aviso de Deus. E se for cedo pra se fazer exame? Tem gente que faz só depois de uns 15 dias de atraso. Semana que vem eu faço outro exame."

Cheguei em casa, passei meu dia bem... e de noite, ao me enxugar após o banho, eu vejo um sujinho na toalha.
Não parecia sangue, era amarelado. Parecia nidação.

Pensei na hora: "caramba! Por isso tem dado negativo! O positivo só vem depois da nidação!".

Acordei no outro dia. Fui no banheiro, fiz xixi e... sangue. Sangue vivo.

Vontade de chorar. "Calma, Débora" - eu pensei - "pode ser só sangramento de escape".

Tomei café da manhã e depois fui ao banheiro dar uma conferida.
SANGUE. MUITO SANGUE.

Havia MUITO sangue. Senti uma vontade imensa de chorar. Mas não consegui.

Fiquei calada o dia inteiro. Até que a noite, meu marido pergunta. Contei. Vi a decepção nos olhos dele (e é isso que mais me dói).

Disse que ia tomar banho. Foi só uma desculpa pra me esconder. Chorei. Primeiro só 1 lágrima. Depois, estava caindo mais água dos meus olhos do que do chuveiro.

Contei pra minha mãe. Ela ficou triste comigo. Descobri que meu pai ficou triste também, pois queria um netinho. Chorei, chorei, chorei.

Entrei em uma mini-depressão.

3 dias sem sair da cama (levantando só às 18hs para dar comida para a minha cachorra). Praticamente 24hs por dia sem comer. Só tomava banho e voltava pra cama.

Minha casa ficou uma bagunça. Eu fazia o básico de comida (e as vezes nem fazia). Não conversava. Não namorava. Não pensava. Só dormia, como se para esquecer.

Chegou o dia que levantei da cama pra lavar a louça (que já não cabia a pia). Vomitei 3 vezes (diz a minha mãe que pode ter sido estresse).

Meu marido chegou. Brigou comigo. Uma briga para o meu bem. Disse que eu precisava ir no médico. Que eu precisava conversar com alguém.

Fui tomar banho (fui chorar no chuveiro).

Quando saí, meu marido estava me esperando. Disse que não queria me ver assim. Me pediu desculpa por ter gritado. Disse que isso afetava a ele, e que ele nem conseguia se concentrar no trabalho. Que doía me deixar sozinha todos os dias pela manhã.
Ele me queria de volta. Disse que sentia falta de chegar em casa, e ter cheirinho de pão no forno.
Vi lágrimas nos olhos dele, e chorei também.

Eu disse que a culpa não era minha. Eu simplesmente não tinha vontade pra nada.

Prometi a ele que iria melhorar.
No dia seguinte, faxinei a casa. Lavei os cobertores. Fiz pão caseiro, tomei banho e esperei ele chegar em casa com café prontinho.

E assim tenho levado os meus dias. Fingindo estar tudo bem.


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