O pensador francês René Descartes (1596-1.650), publicou a obra Princípios de Filosofia (1.644). Ela inicia-se com a seguinte sentença:

1. Para examinar a verdade é necessário, pelo menos uma vez na vida, por todas as coisas em dúvida, tanto quanto se puder.

"Porque fomos crianças antes de sermos homens, e porque julgámos ora bem ora mal as coisas que se nos apresentaram aos sentidos quando ainda não tínhamos completo uso da razão, há vários juízos precipitados que nos impedem agora de alcançar o conhecimento da verdade; [e de tal maneira nos tornam confiantes que] só conseguimos libertar-nos deles se tomarmos a iniciativa de duvidar, pelo menos uma vez na vida, de todas as coisas em que encontramos a mínima suspeita de incerteza."

O exame, isto é, a investigação, a pesquisa, a inquirição, o pôr em questão, o perguntar, o interrogar, o questionar é sempre com vistas a algum coisa, mas na filosofia, este ter em vistas visa sempre à verdade. E quando a verdade é examinada, segundo Descartes, é necessário, é uma condictio sine qua non, portanto não pode ser de outro modo senão este. Ou seja, ao investigar-se a verdade, embora ele ainda não tenha definido a verdade nesta obra, passa-se pelo menos uma vez na vida, por esta necessidade ou deveria-se passar; o indivíduo possui 'quase' um dever moral em questionar a verdade. O que é a verdade? E ao questioná-la põem todas as coisas em dúvida. Pôr em dúvida é o ato mesmo de questionar, de interrogar, de examinar. É o cumprimento moral da epistimelogia ou da teoria do conhecimento, significa perguntar e perguntar pelo que é. Conduto, esta atitude não é para ser uma experiência única na vida. Pôr em dúvida ao ser uma atitude constante na vida do sujeito, ela apresenta-se como um modo de ser do sujeito. O pôr em dúvida pode ser interpretado como imperativo categórico, pois deve-se pôr em dúvida tanto quanto se puder. Ou seja, sempre que for possível, realizável, a atitude questionadora deve ser realizada.