“Terra Fria” (North Country)


(2 indicações ao Oscar).

Palavra que eu estava indo ao cinema assistir “Mulheres, Sexo Forte”. Mas daí uma coisa levou a outra, não necessariamente nessa ordem, e me vi com a caixinha do “Terra Fria” em mãos. Isso já lhe aconteceu?

(Melhor Atriz - Charlize Theron) .

Tentando outra analogia: você já se surpreendeu, na frente da geladeira, com o copo cheio de água, sem se lembrar que estava com sede? Não, comigo nunca.

(Melhor Atriz Coadjuvante - Frances McDormand).

Ocorreu, assim suponho, que ao ler “sexo forte”, uma espécie de efeito surtiu efeito, e se você quer saber o que é sexo forte, “Terra Fria” é o filme.

No mundo animal temos o passarinho, que vai até a florzinha, ali deixa uma sementinha, depois vai passarinhar noutras freguesias, a florzinha se torna um balãozinho, dentro dela tem um alienzinho, o que a deixa um tanto transtornada, e assim transformada ela ainda por cima faz faxina, toma 8 conduções, lava 3 tanques de roupa, e se à noitinha  não tomar uma surra porque o feijão não ficou no jeito, consegue descansar umas horinhas para que no outro dia tudo se repita. Enfim, só mesmo um débil mental para não sacar quem é o sexo forte na jogada, neste incrível planetinha.

“Terra Fria” é a história real da mineira Josey Aimes, ocorrida nos anos 70.
B.H. não é a capital dela. Uma mina de ferro em Minnesota , (USA), é de onde ela o tira o capital para sobreviver, e sustentar os dois filhos, e pode apostar que não era uma repartição oficiosa, com 15 minutos de folga a cada hora.
 
Cinema tudo em ordem. Roteiro tudo em ordem.

Charlize ficou devendo apenas para a Pêra (todas devem para a Pêra, Marilia), mas lhe deram um bom papel e ela fez jus. Mais uma vez.

Uma história que abriu precedentes, primeiro porque foi vivida (e sobrevivida), daí se transformou no primeiro processo bem sucedido de assédio sexual julgado nos EUA, daí virou livro (Class Action: The Story of Lois Jenson and the Landmark Case That Changed Sexual Harassment Law, de Clara Bingham e Laura Leedy Gansler), e então se tornou “North Country”, sendo que, para nós, “Terra Fria”.

Josey Aimes/ Charlize Theron enfrentou uma barra daquelas, onde injúria, preconceito e assédio vinham de brinde, 7 dias por semana,
no trabalho, dentro de casa, na vizinhança, no raio que a parta. Mas a moça é forte e o raio não partiu.


Sissy Spacek  faz a mãe da heroína. Quem tem a minha idade lembra dela no “Carrie, A Estranha”. Levou um Oscar em 80, e pode por na lista uns 30 filmes.

Frances McDormand é a melhor amiga da heroína. Quando a barra pesa, Deus manda um anjo da guarda à altura.  Foi, ou talvez ainda seja a atriz preferida dos Irmãos Coen (“Fargo”), que nem sempre acertam, mas quando acertam, acertam. Ela levou o Oscar em “Fargo”.

(Com esse trio, e nessa história, eu não me espantaria com o título “Mulheres, sexo forte”. Talvez tenha sido esse o gatilho que me levou para locadora. Precisava ver de novo).

Shaun Bean  é o terror (um dos) da heroína.  Ator conhecido para papéis que representam  aquele que o mocinho tem que enfrentar.

Woodrow Harrelson  você também conhece, às vezes como protagonista, às vezes como coadjuvante, não raro em bons filmes.


Enquanto a turma acima começou a trabalhar nos 80, (Sissy é a exceção, pois estreou em 1970), e reúnem extenso currículo, Charlize estréia no meio dos 90, no ótimo “The Wonders - O sonho não acabou ”, e de lá pra cá fez tanto quanto, só coisa boa.


Acho que a grande revelação fica para a já revelada diretora Niki Caro (Encantadora de Baleias ). Breve currículo  no cinema e ótima pontaria.

Trouxe o encanto cinematográfico que dinamiza uma história dura, triste, mas, segundo ouvi dizer, só carrega a cruz quem pode.