Desde os tempos coloniais,o açucar é pioneiro, no Nordeste, em agricultura, indústria e comércio exportador.Durante a ocupação holandesa, a economia do açúcar alcançou níveis de eficiência internacional, elevando a importância de Recife, capital de Pernambuco,a província maior produtora. Contribuiram para isto, os incentivos da administração holandesa, as terras férteis e o clima da Zona do Litoral e Mata.
Dutante séculos, Pernambuco manteve a posição de liderança na produção e exportação do tradicional produto, o que também lhe assegurou uma posição econômica invejável, entre as demais unidades da Federação, de longe, a primeira entre as que formam o Nordeste atual. Somente em meados do Século XX, a produção açucareira de São Paulo ultrapassaria a fração nordestina, destronando a primazia pernanbucana. Enquanto isto, Alagoas iniciava, nos tabuleiros costeiros, a produção da famosa comoditie. E já no final dos anos 70 para início da década seguinte, a fração alagoana sucro-alcooleira transpõe a marca regional da produção pernambucana, que, no entanto, continua crescendo, mesmo sem eficiência alguma, à custa dos favores do Estado. Como esclaresceu um professor de Economia, em 1988: "Cabe considerar que,por um lado,a ascenção de Alagoas,como ocorreu com a de São Paulo no passado,indica que critérios de eficiência econômica exercem alguma influência no desempenho intra-setorial. Por outro lado, a sobrevivência e a expansão de Pernambuco mostram o efeito da política do IAA em retardar seu declinio relativo enquanto protege capitalistas menos eficientes".(LIMA)34
Estaria, aí, mais uma iniciativa, aparentemente interminável, da série histórica de ações da União, com vistas a soerguer a economia pernambucana? O objetivo não explícito dessa política, que vimos criticando ao longo deste trabalho, parece ser o de fazer voltar a opulência da economia de Pernambuco, ao nível da terceira maior do País, tal como era nos tempos do Império e Primeira República. Objetivo, este, tornado quase explícito, durante o Governo do Presidente Lula.
Nunca seríamos contrários à presença de uma economia forte, no Nordeste, representada por qualquer dos seus estados. Os protestos do autor têm fundamentos na evidência de que uma boa porção de recursos federais que têm sido direcionados à Bahia e Pernambuco, principalmente a este, resultam, quase sempre, do abandono a que são relegados problemas que afetam outros estados da Região, obstando a melhoria de vida de suas populações, sem dúvida mais carentes. Temos um exemplo escolhido ao acaso. Existe um programa de construção de cisternas com o propósito de oferecer água potável à população do semi-árido nordestino, das quais centenas de milhares já foram entregues àclientela. A pergunta é: quantas cisternas teriam sido construidas, a mais,se uma fração dos recursos com que foi construido o maior estaleiro naval do Hemisfério Sul, em Pernambuco, tivesse sido aplicado no Projeto Cisternas, de forma a retardar, por apenas um ano, a inauguração do referido estaleiro?
Dezenas de perguntas como esta poderiam ser formuladas, todas oferecendo respostas que conduziziriam à conclusão segundo a qual,da forma como tem sido feita, a promoção de Pernambuco, via União, fere os princípios da eqüidade e da moralidade administrativa.