Auto-exposição

Houve um tempo em que as pessoas se preocupavam em manter a discrição sobre suas vidas e ao direito de guardar segredos. Ninguém sabia o que você fazia, onde você estava, o que estava comendo. Ninguém sabia sequer, a hora que você dormia.

Quando as pessoas estavam doentes procuravam médicos, quando  estavam tristes procuravam o acalento dos amigos pessoalmente, e assim por diante. As pessoas viviam somente as suas vidas...

Hoje, é só abrir as redes sociais que você sabe tudo que uma pessoa faz: seus horários, hábitos, gostos. Sem falar da famosa exposição de sentimentos.

As pessoas passaram inclusive, a soltar "indiretas", declarações de amor eternas (que acabam durando uma semana) e até mesmo usando as redes sociais para brigar publicamente. 

Fico me perguntando qual o objetivo disto tudo! 

Confesso que sou um adepto das redes sociais (facebook), para disseminar ideias, informações e conhecimento. Mas é certo de que seu uso deturpado acaba desviando o verdadeiro intuito de participarmos destas redes. 

Ao meu ver, elas devem ser utilizadas para propagar ideias, notícias, campanhas sérias e servir também para reencontro de pessoas, para partilhar boas (ou más) experiências, reflexões interessantes. Acredito ainda ser possível usar as redes para recados rápidos, que não puderam ser passados por ligação ou mensagem. 

O que encontramos, porém, é praticamente uma agenda, com tudo o que as pessoas fazem ou irão fazer.

Em minha opinião pessoal, se formos ver um pouco mais a fundo, acredito que dentro desta necessidade de auto-exposição existe uma carência e uma necessidade de chamar atenção.

As pessoas querem de alguma maneira que as outras pessoas gostem delas ou tenham, pelo menos, uma ideia do que elas próprias acham que são. 

Parece que querem gritar o que existe dentro delas e óbvio que isto é saudável, mas no lugar certo, com pessoas corretas e não com o mundo inteiro, porque ao se expor, as pessoas se permitem ao julgamento e pior, julgamento destrutivo.

É salutar mostrar quem realmente somos, sem máscaras, mas não precisamos fazer de nossa vida uma grande novela, pois quem abre sua intimidade não pode reclamar de "que se meteram na sua vida", na maioria dos casos gerando dor, mágoas e desentendimentos. 

Cada um faz o que quer de sua vida e de sua página pessoal, e repito: o que eu expus aqui foi apenas a minha opinião. Mas eu prefiro ficar com o pensamento de São Francisco de Assis: 

"O homem vale o que é diante de Deus e nada mais".