Casal jovem e sem filhos. Foram colegas no curso de pós-graduação. Na época, ela tinha outro namorado. Ele não perdia a esperança. Tempos depois o rompimento. Era a oportunidade que ele esperava. Com a aproximação, a amizade transformou-se num sentimento mais sério. Namoraram.  Para morarem juntos não foi necessário cumprir rigorosamente as etapas habituais de outros tempos: namoro, noivado, casamento.

                  Apesar de morarem em um apartamento e ambos trabalharem resolveram adotar um cão. Não é difícil imaginar que logo o filhote virou o centro das atenções. Gracioso, inteligente, sapeca como todo filhote fazendo um estardalhaço à sua volta. Pequenas travessuras, alguns estragos. Nada que fosse novidade para quem já teve cão. Então, decidiram: Cachorro combina com casa. Procuraram até encontrar uma que coubesse no orçamento. Reformaram, investiram para ficar confortável e adequada para os três.

           Chegou o dia da mudança.

           A campainha tocou. O caminhão havia chegado.  Mudariam de um quarto andar para uma casa na praia com espaço e liberdade para o filhote, que de tão ansioso correu atrás de seu dono pelas escadas do edifício. Só que não parou na calçada. Atravessou a rua correndo sem que ninguém conseguisse detê-lo, só o veículo que passava.

            Gritos, choro. Ninguém se movia.

            Desolação geral.

            A mudança foi feita.

            O cãozinho repousa no jardim onde deveria crescer livre e feliz para alegria de seus donos.